PUBLICIDADE
Logo do Bahia

Bahia

Favoritar Time

Ba-Vi, revolta e pedalinhos; conheça arredores da Fonte Nova

23 mai 2013 - 11h57
(atualizado às 11h59)
Compartilhar
Exibir comentários

Tarde de alegria no ensolarado céu da Bahia. A Fonte Nova reabriu num domingo de futebol, no dia 7 de abril de 2013, justamente com o maior e mais colorido clássico do nordeste brasileiro: Bahia x Vitória, com goleada para a equipe rubro-negra por 5 a 1. Mas quais são as peculiaridades do novo estádio, palco baiano da próxima Copa do Mundo, a de 2014, em uma das mais culturais cidades do Brasil?

O Terra esteve lá para conferir cada canto dos arredores da Arena Fonte Nova, no mesmo fim de semana em que o complexo esportivo foi reaberto e viu o lado rubro-negro de Salvador comemorar goleada em cima do arquirrival, dono da parte tricolor da capital baiana. Entre revolta de ambulantes, desigualdade social, pedalinhos e rivalidade, a reportagem constatou as peculiaridades do local.

<p>Paisagem do Dique é um dos cartões postais de Salvador</p>
Paisagem do Dique é um dos cartões postais de Salvador
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pedalinhos e paisagem natural no Dique

Localizado na Ladeira Fonte das Pedras, em Nazaré, o primeiro ponto notável em frente à Fonte Nova é obviamente o Dique do Tororó. Único manancial natural da cidade, é para a lagoa que fica a abertura do anel da nova arena, assim como era no projeto inicial, demolido há seis anos. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o cenário segue como cartão postal de Salvador e amado pelo povo baiano.

"Essa lagoa sempre será amada pelo baiano. Com o novo estádio, agora, ficou ainda mais bonito", disse Ângela, moradora da região. A infraestrutura do lugar conta com pedalinho, parque infantil, pista de cooper, restaurante, além de ser ponto de encontro das torcidas em dias de jogos. Mesmo no clássico Ba-Vi inaugural, por exemplo, o clima de paz reinava debaixo do sol que reluzia nas águas do Dique.

<p>Desigualdade social é uma das marcas do arredor da Arena</p>
Desigualdade social é uma das marcas do arredor da Arena
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Desigualdade entre habitação e Fonte Nova

Mas, nos arredores do Dique do Tororó, o complexo habitacional que ocupa toda a fachada da lagoa e da Arena Fonte Nova contrasta com a riqueza do novo empreendimento, o que gerou reclamações de diversos habitantes. "Um absurdo gastarem meio bilhão aí, e o povo aqui ainda viver em condições irrisórias", conta o baiano Valdeír, pensamento compartilhado por dezenas de outros baianos que conversaram com o Terra.

É mesmo notável o contraste que o monstruoso projeto faz com o conjunto habitacional popular localizado ao lado. Enquanto amontoados de casas simples de madeira ou tijolos estão a 10 metros de distância, separados apenas por uma das vias que cortam o bairro de Nazaré, uma construção de  aproximadamente R$ 592 milhões foi erguida para a disputa da Copa do Mundo. E, obviamente, isso não agradou a todos. "Absurdo" foi a palavra dita por 18 pessoas moradoras locais ouvidas pela reportagem.

<p>Sorveteiro ganha a vida ao redor da Fonte Nova</p>
Sorveteiro ganha a vida ao redor da Fonte Nova
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Revolta dos ambulantes e até do acarajé

Além da proibição da venda do acarajé na Fonte Nova, o que gerou protestos das cozinheiras do alimento, outras reclamações também assolaram a população local. Os vendedores ambulantes que trabalham na região se indignaram especialmente pelo tratamento destinado a eles, que sempre viveram do comércio nos arredores do estádio. "Vendo sorvete aqui há 28 anos, e agora a polícia me chuta", diz o comerciante Pedro.

<p>Vendedores ambulantes não gostaram de tratamento da PM</p>
Vendedores ambulantes não gostaram de tratamento da PM
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O sorveteiro é um dos muitos casos polêmicos que dizem respeito aos vendedores locais. O comerciante, por exemplo, tem seis filhos e vive com renda de cerca de R$ 400 mensais da venda de sorvetes para cuidar de toda a sua família, mas foi privado de trabalhar nos arredores da Fonte Nova. "Quando chega o dia do jogo, nos tiram daqui", diz dona Célia, que comercializa salgados e doces ao lado da arena.

<p>Dono de bar é fanático pelo Bahia, mas recebe rubro-negros</p>
Dono de bar é fanático pelo Bahia, mas recebe rubro-negros
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Ba-Vi recheia arredores do estádio baiano

Mesmo com as insatisfações, a Arena Fonte Nova foi aprovada por grande parte do povo de Salvador. Como clássico inaugural entre Bahia e Vitória, quando na véspera centenas de camisas e bandeiras dos dois clubes locais eram vistas nas janelas, casas, carros e até no comércio. "Aqui a rivalidade não é como nos grandes centros do Brasil. Queremos mostrar ao mundo que os times da Bahia são lindos", disse uma rubro-negra ao Terra.

E, de fato, foi o que se viu em toda a goleada do Vitória por 5 a 1. Mesmo irritada com a derrota, a torcida do Bahia deixou a Fonte Nova de forma pacífica. O fez novamente quando sucumbiu no segundo clássico no estádio, em revés por 2 a 1, onde o único protesto foi a "chuva de caxirolas" atirada ao gramado. "O que o povo de Salvador quer é passar aos turistas que vierem para a Copa a nossa alegria", resumiu outra torcedora, esta do Bahia. Que assim seja.

<p>Rivalidade do clássico Ba-Vi é outra característica local</p>
Rivalidade do clássico Ba-Vi é outra característica local
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Saiba mais sobre a Itaipava Arena Fonte Nova

O novo complexo esportivo possui capacidade para 50 mil pessoas, todas em assentos cobertos. Ainda serão colocados mais cinco mil lugares móveis para a Copa das Confederações 2013 e para a Copa do Mudo de 2014. São 10 níveis e três aneis de arquibancadas, além de 70 camarotes, 2,5 mil vagas de estacionamento, sala de imprensa, 10 elevadores, 40 restaurantes e 94 banheiros. O custo total gira em torno de R$ 592 milhões.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade