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Terra na Copa

Em versão "light", Felipão troca caretas por piadas e dribla rouquidão

5 fev 2013 - 21h34
(atualizado em 6/2/2013 às 03h28)
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Com a experiência de já ter comandado a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, Felipão concedeu a última entrevista antes da reestreia no comando com a naturalidade de já ter vivenciado situações parecidas na carreira. Em 50 minutos de encontro em Wembley, mesmo estádio da partida contra a Inglaterra, às 17h30 (de Brasília) nesta quarta-feira, o treinador mostrou bom humor para driblar a rouquidão, ensaiou algumas falas em inglês e não fez uma vez sequer a careta seguida de um respiro característica quando não gosta do que ouviu.

Treinador brasileiro tinha dificuldades na fala e brincou sobre a voz rouca com pedidos de ajuda
Treinador brasileiro tinha dificuldades na fala e brincou sobre a voz rouca com pedidos de ajuda
Foto: Mowa Press / Divulgação

"O Murtosa vai gritar na beira do campo", disse, brincando que a voz enrouquecida pelo frio em Londres o obrigará a passar instruções no pé do ouvido do auxiliar. Antes, ele chamou em tom de brincadeira o coordenador da Seleção, Carlos Alberto Parreira, para o substituir na bancada diante da dificuldade ao começo de cada fala. Até uma balinha ele abriu para amenizar o poblema.

Relembrando a passagem por Londres, quando dirigiu o Chelsea, arriscou algumas poucas frases em inglês, sempre de brincadeira. Falou sobre a passagem pelo clube londrino, comparou a atual Seleção com a de 2002 e respondeu diretamente a cada pergunta. Só perdeu o bom humor quando um jornalista inglês questionou se um convite para dirigir a Seleção depois das passagens sem sucesso por Palmeiras e Chelsea o surpreendeu. Pelo menos antes da pressão natural que sofrerá em uma caminhada árdua até 2014, Felipão apresentou uma versão mais "light".  

Veja abaixo as frases de Felipão:

Primeiros passos

"Assumimos em 29 de novembro, depois foram dois dias até o sorteio. Daí começamos o nosso trabalho de observação e planejamento do que faríamos até o Mundial. O estudo foi feito em dezembro e em janeiro começamos a nos planejar para esse primeiro jogo. Ontem, nós fizemos a primeira reunião. Apresentamos nosso grupo aos atletas, excelente ambiente entre os atletas. Ficamos maravilhados com aquilo que vimos e falamos um pouquinho sobre a parte técnica. Vamos fazer hoje um trabalho tático e pouco de bola parada. Mas, em março, teremos sete ou dez dias juntos. Depois mais um amistoso e todo esse trabalho para que cheguemos à Copa das Confederações já bem decididos com aquilo que imaginamos para o Mundial"

Estreia dura

"Esse é um jogo muito forte contra uma Seleção que está em pleno vigor físico. Temos seis substituições e provavelmente vamos fazê-las"

Paciência, mas nem tanto

"É justo que os brasileiros tenham alguma paciência. Mas não é preciso ter muita não, porque esse grupo era o que vinha sendo convocado. Para iniciar o jogo teremos 80% daquele grupo que vinha jogando. De uma certa forma é o meu prisma de ver como deve jogar a Seleção. Mas é uma continuidade do que vinha sendo feito. Eu quero e gostaria de receber criticas pela forma de jogar baseado também em tudo que já vinha acontecendo"

Neymar

"O papel do técnico da Seleção Brasileira nesse momento é ter muito contato com o Muricy. Porque o grande técnico do Neymar hoje é o Muricy. Esse ano e meio que o Muricy está no Santos a gente já nota a diferença no posicionamento técnico e tático do Neymar. O que vejo é que o Muricy tem trabalhando bastante a parte tática e o Neymar tem crescido bastante. Então o meu papel é passar ao Neymar o que tenho observado do crescimento dele taticamente e dar a minha palavra de agradecimento ao Muricy pelo que ele tem feito com o Neymar e também com os outros jogadores dele"

Plano para estrelas

"Eu não sei o que vai acontecer até a Copa das Confederações. Não posso exemplificar o que eu quero que mude porque conheci esse grupo ontem. Não sei ainda. Tenho filosofia e ideia de trabalho, mas vamos esperar. O Ronaldinho tem 32 anos, mas no ano passado fez um campeonato espetacular pelo Atlético-MG e foi o líder do grupo. Tem capacidade e liderança e vai me mostrar se estou certo ou errado a medida que for jogando. Não é porque tem 32 anos que seja diferenciado. O Neymar, que hoje faz 21, é diferente no que vou cobrar do Ronaldo. O que espero é que o grupo todo trabalhe corretamente"

Felipão vai escalar em sua estreia time com base parecida com a deixada por Mano(Foto: Reuters)

Equipe para o amistoso

"Tanto na parte defensiva, como na ofensiva, no momento da convocação analisamos quem iríamos convocar e quem iríamos colocar em campo como substituição. Em principio, vamos montar uma equipe que podia ser diferente da montagem da equipe que imagino se os campeonatos estivessem nivelados. Se as partes físicas e técnicas tivessem equiparadas. Nós não podemos perder o ritmo. Vamos montar uma equipe para os primeiros 45 minutos e para os outros 45. Vamos montar uma equipe com a perspectiva de que alguns podem jogar um pouco mais e outros um pouco menos"

2001 x 2013

"Naquela oportunidade iriamos jogar contra o Uruguai. Era um jogo de classificação para o Mundial. Hoje não podemos mais enfrentar um adversário como amistoso. Temos que encarar o jogo como preparação para o Mundial"

Grupo amigo

"O ambiente que encontrei agora é muito mais ameno e muito mais leve do que aquela oportunidade. E noto isso no comportamento que vejo entre eles quando estamos à mesa. Com muita conversa entre todos, que é algo fora do comum no futebol"

Torcida pela Inglaterra

As grandes seleções sempre serão grandes. Mas elas passam por períodos de renovação. E nesse momento ela também passa por uma renovação de valores e vai se classificar para o Mundial, espero eu. Porque um Mundial sem Inglaterra e Portugal não é um Mundial que nós queremos

Passado em Londres

"As minhas lembranças são as melhores. Adorei viver em Londres. O Chelsea foi espetacular em relação aos torcedores. Não tenho dificuldades em falar bem. Mas não posso falar do Chelsea nesse momento porque não estou inserido no contexto do Chelsea. Quem está lá pode falar, mas eu não"

Não à seleção inglesa

"Dói, porque gostaria de treinar uma seleção como a Inglaterra. Teria feito um bom trabalho aqui, mas era o momento de não aceitar. Mas desejo e quero que os jogadores e o técnico da Inglaterra façam uma renovação de trabalho porque tenho um sentimento por ter trabalhado aqui. E quem sabe um dia não volte a trabalhar na Inglaterra ou na seleção da Inglaterra. O mundo dá tantas voltas

Manipulação de resultados

"O futebol mundial deve observar bem o que esta acontecendo e acabar com tudo isso. O que a gente mais deseja é que o futebol seja transparente e que todos acreditem no futebol. Acredito que o Brasil não deve ser atingido por nada disso. E que se averigue bem e que se punam as pessoas"

Fonte: Terra
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