Hodgson relembra Euro 96 para minimizar pressão sobre Felipão
Técnico da Inglaterra relembra campanha da seleção inglesa na competição em que chegou às semifinais mesmo desacreditada
Duas semelhanças marcam as trajetórias recentes de Roy Hodgson e Luiz Felipe Scolari à frente das seleções de Inglaterra e Brasil, respectivamente, antes do amistoso do próximo domingo, no Maracanã: a necessidade de renovação da equipe com novos valores, e a pressão da crítica por um futebol mais vistoso.
Se Felipão ainda sente a necessidade de uma vitória contundente sobre um rival de peso, como a própria Inglaterra, Hodgson, por sua vez, dirige uma seleção atrás de Montenegro no Grupo H das Eliminatórias Européias para a Copa do Mundo de 2014 e que, neste momento, disputaria a repescagem.
Na entrevista para os jornalistas ingleses e brasileiros no hotel onde a delegação britânica está hospedada em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, o comandante, descontraído, usou a experiência inglesa como sede da Eurocopa de 1996 para aconselhar Felipão a não dar ouvidos aos críticos e prosseguir firme com o trabalho.
"Sempre tem 200 milhões de pessoas que acham que têm ideias melhores, e sabem o que fazer melhor do que você", declarou, francamente, o treinador inglês. "Se ele estiver interessado em algum conselho, quando estávamos nos preparando para a Euro de 1996 (quando a Inglaterra chegou às semifinais, derrotada, nos pênaltis, pela Alemanha), eu não via uma boa palavra sobre nossa equipe na mídia. Era muita pressão, pode ser algo como consolo", completou.
Na ocasião no torneio, vencido pela Alemanha em final contra a República Checa, a equipe comandada pelo então treinador Terry Venables chegou à semifinal desacreditada e por pouco não alcançou a decisão - no melhor resultado em torneios de seleção desde a final da Copa de 1966.
Há um ano no cargo, por mais que só tenha sofrido uma derrota em 16 partidas (para a Suécia, por 4 a 2), Hodgson está longe de ser unanimidade: após o empate por 1 a 1 contra a Irlanda, na última quarta, por exemplo, o ex-astro inglês Gary Lineker criticou veementemente o estilo de jogo inglês, na base do 4-4-2, classificando-o como da "Idade Média".
"Se você ficar escutando o que as pessoas dizem, que você jogou bem ou mal, você não vai a lugar nenhum. Eu estou certo do caminho que quero seguir com este time, com todos os desafios que ainda vão surgir", explicou, firme, o treinador inglês.