Segredos e relatórios: saiba tudo sobre o espião da "Família Scolari"
Em entrevista exclusiva, Alexandre Gallo conta ao Terra sobre o trabalho de observar os rivais da Seleção Brasileira e abastecer Felipão de informações
Trilha sonora de James Bond. Chapéu, óculos escuros e uma segunda identidade. Quem sabe, até um bigode postiço? Não, não precisa de nada disso. Função que normalmente é batizada de espião, a de Alexandre Gallo na Seleção Brasileira é de apenas observador técnico. Assiste a jogos da Copa das Confederações nos estádios, monta relatórios e ajuda na edição de vídeos. Mas ainda assim é cercado de um certo mistério. Tem seus segredos, é verdade.
Confira todos os vídeos da Copa das Confederações
“Gallo, quais os pontos fracos do Uruguai que o Brasil pode atacar na quarta-feira?”, pergunta a reportagem. “Isso só podemos falar entre a gente (risos). Mas já passamos para a comissão técnica e vocês poderão ver na semifinal”, explica o espião de Luiz Felipe Scolari, mas pupilo mesmo é de Carlos Alberto Parreira, em entrevista exclusiva ao Terra.
O que Gallo observa |
Comportamento defensivo |
Posicionamento tático |
Lances individuais |
Características dos atletas |
Pontos fracos de atletas |
Lado da saída de bola |
Lado mais vulnerável |
Quem inicia as jogadas |
Quem faz a transição |
Movimentação do ataque |
Foi em 2002, com Parreira no Corinthians, que Gallo integrou uma comissão técnica pela primeira vez. Já dois anos depois, no Santos, foi auxiliar de Vanderlei Luxemburgo. Ambas as equipes, por sinal, conquistaram títulos importantes, como Copa do Brasil e Brasileiro. Este último, com Gallo destacado para “espionar”. “Eu tinha a função de olhar jogos importantes, fazer relatórios, e desenvolvi isso”.
Terra – Qual a diferença entre a observação do treinador e a observação do “espião”?
Alexandre Gallo - Não tem muita diferença. É importante fazer as análises, ver os jogos quando é treinador. Eu gosto de fazer isso como treinador. A diferença maior é que você precisa fazer um relatório que o treinador vá entender.
Por ora, Gallo acompanhou a quatro jogos no estádio. Itália x México, Itália x Japão, Uruguai x Nigéria e Espanha x Nigéria. Falou de maneira empolgada sobre espanhóis, eventuais adversários em caso de passagem à final, e sobre os uruguaios, rivais desta quarta em Belo Horizonte. Os relatórios sobre a Espanha, inclusive, já estão bem encaminhados. Por isso, o observador sequer deve ir a Fortaleza para acompanhar a outra semifinal.
Terra – E como funciona a montagem dos relatórios. Há uma equipe que te ajuda?
Gallo - Quem ajuda nessa edição é o Thiago (Largh, analista de desempenho). Eu escolho alguns lances, tiro fotografias da parte tática e ele faz a edição. Montamos tudo juntos, fazemos reuniões técnicas com o Felipão, Murtosa e Parreira e por enquanto tem dado certo.
Recentemente, o presidente da CBF, José Maria Marin, afirmou que Gallo, que comanda as seleções de base, deverá treinar o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016. É verdade, porém, que o mandato de Marin se encerra no próximo ano. E o treinador, desde que assumiu a Sub-20 e também a Sub-17, tem se desdobrado. A agenda está mais cheia que no Náutico, trabalho que projetou sua ida à Seleção.
Do fim de março ao fim de abril, conduziu a Seleção ao terceiro lugar do Sul-Americano Sub-17. Duas semanas depois, já estava com o time Sub-20 no Espírito Santo. E depois na França e na Suíça, foi campeão. Chegou de viagem e, na mesma semana, já estava com a Copa das Confederações. Em oito dias, foi a quatro cidades para ver quatro jogos. Passada a Copa das Confederações, irá aos Estados Unidos com a Sub-17.
Terra – Durante a Copa das Confederações, o trabalho de base ficou de lado? Você parece sobrecarregado.
Gallo - Fizemos o trabalho na Suíça, convocamos para a Copa 2 de Julho, para o torneio de verão em Miami. Está tudo tranquilo, continuamos com a base. No Recife, visitei Sport e Náutico para acompanhar o trabalho de base. São 14 clubes que já visitei de um total de 16 que pretendo visitar. Uso o tempo todo que tenho, sem esquecer a base.
No tempo de Gallo nas últimas duas semanas, o Uruguai foi a seleção mais bem avaliada, assim como a Espanha. O trio formado por Forlán, Suárez e Cavani é apontado pelo treinador/espião como o ponto forte da equipe. Até mesmo Diego Lugano, que teve atuação ruim na estreia frente aos espanhóis, é elogiado.
Terra – Quais as equipes que você destaca da competição?
Gallo - Além da Espanha, o Uruguai foi o que mais me chamou a atenção. É um time organizado taticamente, com um ataque poderoso, uma boa posse de bola, muita velocidade e com recomposição boa. Tem se entregado muito na parte defensiva e joga de forma muito compacta. Claro que a gente tem certeza que dá para o Brasil passar.
Terra – E jogadores?
Gallo - Não foge muito do trivial. Cavani, Suárez e Forlán no Uruguai. O Lugano está em bom momento. Na Itália, o Pirlo, o Giovinco e o Giaccherini. Na Nigéria o Mikel, camisa 10, é muito bom segundo volante. A linha de frente do México com o Giovani dos Santos, o Chicharito, o Aquino e o Guardado também é muito boa.