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Terra na Copa

Seleção reestreia Felipão em busca de química perdida com torcida

6 fev 2013 - 07h36
(atualizado às 10h37)
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<p>Luiz Felipe Scolari é tentativa da CBF de reaproximar a Seleção do torcedor</p>
Luiz Felipe Scolari é tentativa da CBF de reaproximar a Seleção do torcedor
Foto: Mowa Press / Divulgação

A troca de Mano Menezes por Luiz Felipe Scolari do comando da Seleção envolveu inúmeros fatores já amplamente discutidos: a falta de resultados convincentes em competições e amistosos contra grandes, a instabilidade do futebol apresentado, a vontade de José Maria Marin de desvincular sua imagem de seu antecessor Ricardo Teixeira e a pressão de pessoas próximas ao poder na CBF que sempre tiveram o técnico pentacampeão como preferido pelo cargo. Porém, o maior impacto esperado com a volta de Felipão está na tentativa de mobilizar os torcedores brasileiros para a Copa do Mundo de 2014. É este desafio que o carismático técnico terá a partir do amistoso desta quarta-feira contra a Inglaterra, às 17h30 (de Brasília), em Wembley.

Existia na cúpula da CBF a preocupação de que a manutenção de Mano Menezes como treinador afastasse o público e complicasse ainda mais o caminho brasileiro no Mundial. Por mais que o técnico, no final de seu ciclo, apresentasse sinais de que enfim tinha achado um norte na montagem do time, pesava contra ele a personalidade fria no contato com o público e a grande resistência de torcedores que ainda ligavam a sua imagem a de um time rival. Sem o facilitador de grandes vitórias e com pouco apelo junto ao torcedor, Mano falhou nos dois anos e quatro meses que teve para transpor o local e criar uma identidade nacional. O discurso poderia até ser correto, sobrava autocontrole, mas faltava emoção.

 

Como qualquer outro treinador que assumisse a Seleção, Felipão também tem seus críticos. Os trabalhos contestáveis no Palmeiras e no Chelsea abrem espaço para questionamentos sobre a meritocracia na escolha da CBF. Se o presente do treinador não contribui, seu passado emula um período vencedor da Seleção. E, mais do que isso, traz uma imagem forte para a linha de frente. Para o bem ou para mal, Felipão é direto, tem uma linguagem mais próxima da popular e já conseguiu mobilizar o Brasil na conquista de uma Copa. Em um Mundial disputado em território nacional, com um público volátil e uma geração longe de estar no ponto, a aposta será no que já deu certo, e não no que teoricamente poderia dar. Felipão só tem um objetivo: ganhar a Copa do Mundo, assim como em 2001 pegou uma Seleção sem rumo e desacreditada, e foi campeão.

Não à toa, o coordenador da Seleção, Carlos Alberto Parreira, contou em sua chegada a Londres um episódio que remete à capacidade de mobilização de Felipão. “Fizemos uma palestra de 700 pessoas outro dia em uma empresa. Tudo bem que era um pequeno universo, mas quando falamos em ganhar uma Copa era uma vibração, todo mundo levantava, batia e cantava. Imagina esse universo multiplicado por um milhão. Não tem jeito, tem que acontecer essa vibração. Nós temos que motivar o torcedor neste ano para que apoiem a Seleção e confiem na gente”, disse.

Obviamente, a reação do público dependerá muito do que será apresentado dentro de campo. De nada adiantará o carisma de Felipão se o futebol continuar pobre. Nos apenas seis jogos em que dirigiu a Seleção em casa, Mano saiu vaiado e hostilizado em três. Só neste primeiro semestre, o novo técnico pode jogar até oito partidas em território nacional caso avance até a final da Copa das Confederações. A química com a torcida precisará ser imediata, e para isso o time terá que render nos três amistosos que terá na Europa antes de seu primeiro reencontro com a arquibancada verde e amarela.

 

Amistosos só em 2015

Uma das marcas negativas do ciclo de Mano Menezes na Seleção pode ser quebrada logo nos primeiros desafios de Felipão na Seleção. Se o seu antecessor se despediu sem vencer uma partida sequer para um campeão mundial (perdeu para França, Alemanha e Argentina por duas vezes com o time principal), seu substit uto vai encarar antes da Copa das Confederações França, Itália e Inglaterra por duas vezes. Se por um lado terá a oportunidade de largar com grande força no cargo, os jogos já vão colocar à prova o novo trabalho.

A sequência de fortes desafios foi aprovada por Felipão. “Hoje não podemos mais enfrentar um adversário como amistoso. Temos que encarar o jogo como preparação para o Mundial", avisou. Após a Copa das Confederações, a agenda brasileira prevê mais sete jogos com a Seleção principal em 2013 e apenas mais um em 2014 antes da lista final para a Copa do Mundo.

Neste cenário, Felipão optou pela volta de veteranos à Seleção Brasileira. Em relação ao trabalho que vinha sendo desenvolvido por Mano Menezes, a principal mudança nesta primeira lista está no envelhecimento do time com as convocações do goleiro Júlio César, do meio-campista Ronaldinho e do atacante Luís Fabiano. Todos os três estão confirmados como titulares nesta quarta-feira.

No restante da equipe, a base de Mano Menezes foi mantida. Daniel Alves e David Luiz seguem na linha defensiva e ganham a companhia do estreante Dante e de Adriano nos lugares dos contundidos Thiago Silva e Marcelo. Ramires e Paulinho permanecem como volantes, dando suporte a um quarteto ofensivo que agora terá Ronaldinho no lugar antes ocupado por Kaká e Luís Fabiano como referência. Hulk deixa o time.

Ronaldinho gostaria de ver Neymar ao lado de Messi:

Ronaldinho completará 100 jogos pela Seleção e ó único remanescente do pentacampeonato que Felipão irá reencontrar. Curiosamente, aquela campanha ficou marcada por um dos melhores jogos do meia com a Seleção justamente contra a Inglaterra. Com um passe e um gol de falta, Ronaldinho conduziu os brasileiros na vantagem por 2 a 1 nas quartas de final da Copa de 2012.

Traumas

A Seleção Brasileira voltará ao lugar de seu maior fracasso em 2012: o Estádio Wembley, casa da final olímpica contra o México. Da equipe presente naquele duelo, estão concentrados para o jogo apenas Oscar, Hulk, Lucas e Neymar.

Hospedado de frente para o estádio desde segunda-feira, o ex-são-paulino diz ser impossível não lembrar do ocorrido. “É uma final que entrou na historia da minha vida. Tivemos a chance, mas perdemos. É uma experiência muito boa na minha vida”, disse Lucas, que chorou muito após a derrota naquele jogo.

Nesta quarta, os jogadores serão diferentes e o adversário vai oferece outro tipo de desafio. A Inglaterra não vive boa fase, está na segunda colocação de deu grupo nas Eliminatórias da Copa do Mundo e terá os desfalques de Sturridge, Defoe e Carrick. Mesmo em má fase, os ingleses estão em sexto no ranking da Fifa. O Brasil é apenas o 18º.

FICHA TÉCNICA

INGLATERRA X BRASIL

Local

: Estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra)

Data: 6 de fevereiro de 2013, quarta-feira

Horário: 17h30 (de Brasília)

Árbitro: Pedro Proença (auxiliado por Bertino Miranda e Tiago Trigo)

INGLATERRA: Joe Hart; Glen Johnson, Gary Cahill, Phil Jagielka e Ashley Cole; Steven Gerrard, Tom Cleverley, James Milner e Jack Wilshere; Theo Walcott e Wayne Rooney. Técnico: Roy Hodgson

BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Dante, David Luiz e Adriano; Paulinho, Ramires, Oscar e Ronaldinho; Neymar e Luís Fabiano Técnico: Luiz Felipe Scolari

Fonte: Terra
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