Sufoco contra grandes escancara desafios de Felipão na Seleção; veja
Com a ressalva de que a maioria do time brasileiro está em início de temporada e Felipão teve apenas um dia para treinar a equipe para a sua reestreia, a derrota por 2 a 1 para a Inglaterra na última quarta-feira mostrou que a Seleção ainda tem um largo e árduo caminho para percorrer até 2014. Neste atual ciclo de preparação para a Copa, o time canarinho ainda não venceu um campeão mundial em confrontos com as seleções principais.
Ainda com Mano Menezes, derrotas para França, Alemanha e Argentina (duas vezes). Nesta quarta, Felipão não conseguiu reverter a sina e perdeu a Inglaterra. Cinco jogos, por mais ressalvas que se possa fazer em cada um deles, já configura um indicativo muito claro que ainda há muitos desafios a serem superados no time para 2014. Até a Copa das Confederações, o Brasil ainda vai ser colocado à prova contra Itália, França e Inglaterra de novo.
Felipão aprova a chance de mais observações e mantém o otimismo. “À medida que vamos jogando com equipes boas e organizadas como Inglaterra, Itália e França, nós vamos desenvolvendo a nossa capacidade para ver até onde vamos chegar. O jogo de hoje foi bom para traçarmos alguma coisa para a nossa parte. E teremos condições sim de ganhar de grandes adversários e conquistar as competições que temos que ganhar”, argumentou.
Os motivos apontados para tamanha dificuldade são frequentemente discutidos. A entressafra é a principal justificativa e decorre dela duas análises subsequentes: os veteranos não são confiáveis e os jovens não são maduros. Esta incongruência foi agravada pela falta de sequência de um time-base nos mais de dois anos Mano Menezes, seja por lesões ou por testes do treinador.
Diante deste quadro, Felipão terá 16 meses para de sua forma tentar pavimentar um caminho que leve a Seleção ao menos a brigar pelos títulos da Copa das Confederações e Copa do Mundo. Contra a Inglaterra, a equipe ainda teve muito do que era com Mano Menezes. Nas próximas partidas, isso deve mudar.
Veja quais são estes desafios e quais soluções devem vir de Felipão:
Avenida na lateral
Os melhores laterais brasileiros têm vocação ofensiva e mostram deficiência na marcação. Principalmente na esquerda, onde Marcelo já deu muitas dores de cabeça a Mano e onde Adriano falhou no primeiro gol inglês. Para amenizar o problema, Felipão pode repetir seu antecessor que, diante de uma necessidade, escalou um zagueiro na lateral esquerda para reforçar a marcação. Ou ter um volante com facilidade na cobertura do setor.
Meio-de-campo sem pegada e sem criatividade
Felipão já sinalizou em sua entrevista pós-jogo que vai seguir as suas convicções para o setor. “Vamos ver de que forma vamos compor para ficar mais forte no setor de marcação. Não só na saída, mas quando perdermos a bola termos uma marcação mais forte", disse o técnico, que admitiu que um sistema com dois volantes leves e ofensivos é “diferente de sua filosofia . Aposta de Mano, a dupla Ramires e Paulinho, em seu 1º jogo contra um grande, mostrou pouca pegada e pouca criatividade. Sobram fôlego, vontade e velocidade para se infiltrar no ataque. Faltam cadência e qualidade para fazer a bola girar de forma inteligente.
Quem vai decidir?
Grandes jogos são decididos em um lance de inspiração, por um jogador que vai chamar a responsabilidade para levar um time ao título. Quem hoje na Seleção pode fazer isso? Ronaldinho mais uma vez desapareceu e definitivamente não se sente à vontade no papel de líder. Neymar desequilibra, mas ainda é jovem e não fez pela Seleção aquilo que cansa de fazer no Santos: vencer clássicos sozinhos e decidir títulos? Quem mais pode ser este jogador? Neste caso, Felipão tem pode de interferência diminuído.
Retroceder, jamais
Parte final do primeiro tempo. Placar mostra Inglaterra 1 x 0 Brasil. Os ingleses trocam passes e evoluem no campo brasileiro. Luís Fabiano, Ronaldinho e Neymar andam e observam de longe o trabalho dos defensores. Para um quarteto ofensivo funcionar em um time, é preciso esforço de marcação de todos. Justiça seja feita a Neymar, ele cumpriu a função na maioria do tempo. Mas assim ficou muito longe da meta adversária. Para solucionar o problema, Felipão deve ou apostar em marcação por pressão, como no início do segundo tempo, ou em um meio-campo mais compacto.
Erro zero
O acúmulo de erros primários dos brasileiros nos grandes clássicos e decisões têm pesado no retrospecto aterrorizante nestes jogos. Contra a Inglaterra, Ronaldinho desperdiçou pênalti e Arouca perdeu uma bola fatal na entrada da área. Na era Mano, Hernanes foi expulso contra a França e desequilibrou uma partida parelha. Já Messi só guarda boas recordações brasileiras: teve liberdade para fazer nos acréscimos o gol da vitória em amistoso em 2010 e, dois anos depois, iniciou sua jornada de três gols em uma entregada de Sandro. Isso sem falar nos quatro pênaltis perdidos nas quartas de final da Copa América e do gol inacreditável desperdiçado por Oscar na final olímpica. Nenhuma seleção que quer chegar ao título mundial pode errar tanto. Felipão vai ficar sem voz a cada entregada.