PUBLICIDADE

Copa do Mundo

Abatida e às lágrimas, Seleção aguarda hora de deixar África do Sul

2 jul 2010 - 23h10
(atualizado em 3/7/2010 às 08h13)
Compartilhar
Allen Chahad
Direto de Port Elizabeth

Ao apito final do árbitro japonês Yuichi Nishimura, os brasileiros desmoronaram. Era o fim do sonho do hexa. O fim de uma longa jornada de trabalho, que fracassou na obcecada busca pelo título da Copa do Mundo. Ainda no gramado do estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, os jogadores caíram no choro.

Lágrimas persistirão reunidas até os jogadores e comissão técnica dispersarem em solo brasileiro, na madrugada de domingo. O voo fretado da Seleção chegará no Rio de Janeiro às 2h40, seguindo depois para a última parada em São Paulo, às 4h20.

Até lá, todos deverão ficar confinados no Protea Hotel Marine. De onde a delegação sairá para o aeroporto no meio da tarde deste sábado. A decolagem será às 17h (horário local, 12h do Brasil) com destino a Johannesburgo, onde é feita apenas a troca de aeronave para levantar voo de vez da África do Sul às 21h (16h do Brasil).

Será a continuação de um longo um calvário de abatimento. Após o jogo, o técnico Dunga foi um dos primeiros a sair para o vestiário. Reapareceu pouco depois na sala de entrevista. Abatido. E já contou o que tinha acabado de ver. "Se você entrasse no vestiário agora e visse a fisionomia do jogador, poderia entender melhor".

O clima nas quatro paredes fechadas da Seleção era, óbvio, dos piores. O primeiro jogador a sair foi Júlio César. De olhos inchados e cabisbaixo. Respondeu pacientemente todas as perguntas no caminho obrigatório entre os jornalistas até o ônibus. Perguntado se era um dos dias mais amargos de sua carreira, afirmou categoricamente que era "o mais".

Os demais jogadores demoraram aparecer. Ainda derramavam lágrimas no vestiário. O segundo membro da deleção a aparecer foi o diretor de comunicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rodrigo Paiva. Avisou que os jogadores estavam por vir.

Passaram em seguida todos juntos. Foram unânimes em lamentar o segundo tempo horroroso da Seleção Brasileira. O time vencia por 1 a 0 e parecia caminhar tranquilamente rumo à classificação. Mas levou um gol bizarro de empate e terminou derrotada de virada por 2 a 1. Com um ingrediente trágico, apesar de previsível. A expulsão do explosivo Felipe Melo.

O volante foi o mais procurado na área de entrevistas aos o jogo. Não mudou o tom de voz e não fugiu de nenhuma pergunta. Foi um dos últimos a entrar no ônibus. "Queria até pedir desculpas ao torcedor brasileiro porque realmente o objetivo era ser campeão mundial", disse.

Ninguém mais lembrava da assistência espetacular que Felipe Melo deu para Robinho abrir o placar para o Brasil no segundo tempo. O volante nem sabia explicar o seu gol contra. Numa bola levantada na área por Sneijder, ele trombou com Júlio César e resvalou a cabeça na bola. Sem nenhum jogador holandês por perto. "O primeiro gol... É até difícil explicar o primeiro gol deles", lamentou.

Disse que tentou acertar a bola quando pisou em Robben e levou cartão vermelho. "A expulsão... Na verdade eu vi a bola, a bola estava em cima dele, eu acabei pisando. Como homem eu assumo minha responsabilidade e minha parcela de culpa dentro do grupo".

Todos foram fiéis ao discurso único, marca da era Dunga, também na hora de comentar a expulsão de Felipe Melo. Disseram que a derrota era de todos.Um dos mais abalado, senão o mais, era Kaká. Chegou para falar com a imprensa com o semblante transfigurado. Faltaram palavras. A voz embargou. Precisou segurar o choro. "Não sei nem o que falar", foi a frase que marcou o início do discurso do meia.

Robinho foi mais sucinto. Passou com pressa. Falou poucas palavras. Queria ir logo embora. "Está todo mundo arrasado. Não pudemos dar alegria ao torcedor brasileiro. Infelizmente, é um dia muito triste", disse antes de sumir.

O capitão Lúcio, mesmo com os olhos marejados, manteve a postura de líder da equipe. "Trabalhamos bastante desde que chegamos aqui e amanhã a gente já retorna a sonhar. Temos que olhar para frente", discursou.

Após as primeiras palavras de decepção, a Seleção Brasileira partiu de volta para seu hotel em Port Elizabeth. Enquanto o ônibus estacionava, torcedores hostilizaram Dunga. Chamaram o técnico de "burro" e gritaram alguns outros xingamentos impublicáveis.

Dentro do hotel, ganharam uma salva de palmas triste dos funcionários. Depois, fizeram um jantar triste e silencioso. Dunga chegou um pouco depois e ganhou um discurso elogioso do goleiro Júlio César. Seguido de aplausos. Retribuiu também com palavras de carinho aos jogadores. E o dia terminou num demorado abraço coletivo.

Copa 2010 no celular

Notícias, fotos, classificação, tabelas, artilheiros, estatísticas e curiosidades também estão no celular.
Acompanhe o minuto a minuto de todos os jogos do Mundial e escolha os melhores em campo.
Acesse: m.terra.com.br/copa
Baixe o aplicativo: m.terra.com.br/appcopa

Holanda 2 x 1 Brasil: Veja animação dos gols em 3D:
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade