PUBLICIDADE

Copa do Mundo

Dunga fala em pátria, comprometimento e que "vamos sangrar"

11 mai 2010 - 17h01
(atualizado às 17h58)
Compartilhar

A convocação dos 23 jogadores da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da África do Sul apresentou surpresas no comportamento de Dunga, Jorginho e até mesmo do assessor de imprensa Rodrigo Paiva.

Depois de 15 minutos do anúncio da lista, Dunga aproveitou a extensa coletiva para dar longas respostas e evocar os pilares no qual, diz, montou o grupo que irá tentar hexacampeonato daqui a um mês: patriotismo, coerência, comprometimento e amor à Seleção. Tudo em uma aparente tranquilidade refletida até mesmo na cor verde que escolheu para falar sobre os seus escolhidos.

"Peço que o torcedor nos apoie. Se não gosta de mim ou da minha escolha, que goste do nosso País. Vamos nos doar da melhor maneira possível", pediu Dunga, para mais tarde tentar dar esperança para os torcedores: "o que eu peço é que acreditem em nós, torçam para nós, e aí até vou pedir desculpa para o torcedor porque talvez eles não terão tantas informações sobre a Seleção porque vamos querer um pouco de privacidade agora para poder fazer um bom trabalho", afirmou.

Em suas muitas justificativas para explicar porque Ronaldinho, Adriano, Ganso e Neymar ficaram ausentes da lista principal, Dunga mostrou bom humor. Se preocupou a todo momento em não justificar a imagem de que é turrão quando contrariado e de que ouve outras opiniões. Utilizou até da história para justificar por que Júlio Batista, reserva na Roma, estava na lista final.

"Torcedor pode ter confiança nas nossas decisões. Você deve se lembrar que quando convocamos Júlio Batista ele era reserva. Tem um jogador chamado Totti que é o maior ídolo do futebol romano. Só não é maior do que Nero. E o Júlio joga lá. Outro jogador que vocês estão falando eu vou repetir a palavra comprometimento para explicar. Doni teve atrito no clube por decidir jogar com a Seleção contra a Inglaterra no fim do ano passado. Ele era titular e quando voltou foi para reserva. Ai eu pergunto: se eu, comandante da Seleção, coloquei desde início que precisava de comprometimento, convicção, paixão, atitude ,prazer de jogar, quando o jogador toma essa decisão e só porque o clube penaliza eu não o convoco mais? O problema não é tirar o Doni e sim como fica meu comando com o grupo. Outros podem pensar: 'se ele fez isso com Doni pode fazer o mesmo comigo'. Aí tem de tomar decisão", disse Dunga, que fez questão de ressaltar que o lobby por outros jogadores não o incomodava.

"Esse lobby que se faz é um bom sinal. Mostra que a Seleção voltou a ter interesse. Agora só uma vírgula. Este interesse tem de existir nos três anos e meio e não nos últimos 20 dias", afirmou Dunga em um dos momentos que aproveitou para dar uma cutucada na imprensa.

Mas quando foi confrontado com uma pergunta mais pesada, Dunga mostrou que não está tão light quanto tentou parecer. Questionado se houve interferência do presidente Ricardo Teixeira no corte de Adriano e se, com ele no comando e seguindo sua linha de raciocínio, seria um indicativo de que Pelé ficaria fora da Copa de 1958, Dunga se segurou na resposta, mas não deixou a ironia de lado para explicar por que deixou Neymar e Ganso fora da lista. Sobre Ronaldinho, respondeu que foi uma decisão conjunta com Ricardo Teixeira e reafirmou que há liberdade total para chamar ou não quem quiser.

"Estão falando simplesmente do Pelé, um jogador normal, né? O melhor do do século, um jogador fantástico. Se encontrarem um Pelé, pode me trazer que vai comigo. Será capitão, dono do time e com a perna engessada. O Pelé, antes da Copa de 58 já tinha jogado partidas pela Seleção principal e torneios pela Seleção Brasileira. Quero que torcedor entenda que esse rapaz chamado Pelé não pode ser comparado com ninguém. Mito a gente não compara com ninguém. O que ele fala, nós fazemos referência, aplaude e nada mais", disse Dunga, antes de ser interrompido por um desabafo de Jorginho que surpreendeu a todos, não só nas palavras como na maneira exaltada em que defendeu a escolha da comissão técnica por não levar a dupla santista.

No momento mais tenso da coletiva, o assessor de imprensa Rodrigo Paiva, que já havia tentado evitar a pergunta sobre Pelé, pediu para que a coletiva transcorresse em paz. Minutos depois, Paiva fez questão de lembrar que a coletiva já atingia quase duas horas de duração.

Dunga também se preocupou em corrigir a imagem de que se coloca sempre como vítima das situações. Indo bem longe, usou exemplo de uma novela vespertina para dizer que não liga tanto para críticas.

"Vamos sangrar, mas somos descendentes de escravos. Estava vendo aquela novela dos escravos em que um deles está no pau, recebendo castigo e ele imaginado as coisas bonitas que viveu e o que ele queria para vida dele. Eu faço o mesmo. Quanto mais me batem eu não fico preocupado com o sangue. Apenas imagino onde quero chegar".

Dunga divulga lista de convocados para Copa:
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade