PUBLICIDADE

Copa do Mundo

Eto'o comanda fiasco de Camarões com futebol e estrelismo

19 jun 2010 - 18h34
(atualizado às 19h48)
Compartilhar
Fábio de Mello Castanho
Direto de Pretória

A bandeira camaronesa possui uma estrela solitária em seu centro. Na seleção do país, ela é representada pelo atacante Samuel Eto'o, com toda a conotação positiva e negativa que a palavra pode ter.

Depois de uma derrota na estreia contra o Japão, Camarões iniciou o jogo contra a Dinamarca neste sábado precisando que a sua estrela aparecesse. E Eto'o correspondeu com gol e a criação das principais jogadas de sua seleção. Insuficiente para evitar a derrota por 2 a 1 e a eliminação precoce na Copa do Mundo da África do Sul.

Desde o início, não pode ser tirado o mérito de Eto'o em buscar o jogo. Em cinco minutos, conquistou a torcida sul-africana com uma jogada individual no meio-de-campo e um chute perigoso. Conquistou também por ter se auto-intitulado Embaixador da África e ter feito elogios a Nelson Mandela e ao país-sede da Copa.

Aos 10 min, o atacante da Inter de Milão marcou após falha da zaga dinamarquesa. Comemorou com certa dose de raiva, como se desabafasse pelas críticas que recebeu depois do jogo contra Japão.

Figura polêmica durante a preparação, Eto'o se indispôs com o ídolo do país Roger Milla, que cobrou mais futebol do atacante. Ameaçou até não ir à Copa da África do Sul, o que foi visto como estrelismo por parte dos torcedores. E eles têm uma certa dose razão ao enxergarem tal característica no atacante.

Como capitão da equipe, mais reclama do que orienta e incentiva seus companheiros em campo. O camisa 10 Emana, jogador mais habilidoso ao seu lado, é o que mais sofre com Eto'o. A cada erro, o capitão gesticula, questiona a opção de jogada e pede a bola.

No gol de empate dinamarquês, levanta os braços e desaprova a desatenção da defesa. Seu egocentrismo faz com que Emana, mesmo cara a cara com o goleiro, procure Eto'o para finalizar. O atacante chuta na trave e ainda abre as mãos por ninguém pegar o rebote.

No segundo tempo, recua, busca mais o jogo e se desespera com as chances perdidas por Camarões. Fica sem reação na hora do segundo gol dinamarquês, mas não deixa o abatimento interferir em seu rendimento.

As melhores jogadas continuam saindo do pé do atacante. Ele chama o jogo, não se esconde e sabe que um fiasco camaronês na África será lembrado como fracasso de Eto'o, um jogador que reivindicava ser o melhor do mundo na época de Barcelona. No apito final, nada de abraços nos companheiros. Sai cabisbaixo. Sozinho.

Não adianta. Ser a estrela solitária, mesmo que cercado de bons jogadores, tem as suas desvantagens. Eto'o pode ter jogado bem e ter feito gol, mas será lembrado como símbolo da eliminação camaronesa, assim como seu desafeto Milla seguirá intocável na condição de ídolo maior do futebol do país por ter levado Camarões às quartas de final da Copa de 1990.

Camarões 1 x 0 Dinamarca: Veja gol de Eto'o em 3D:
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade