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Copa do Mundo

Relembre os dois momentos mais eletrizantes do Mundial

12 jul 2010 - 03h41
(atualizado às 04h46)
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Celso Paiva
Direto de Johannesburgo

A Copa 2010 se encerrou neste domingo com 64 jogos, muitos gols, decepções e alegria nas arquibancadas dos dez estádios que receberam o primeiro Mundial da Fifa no continente africano.

O Terra selecionou os dois momentos mais eletrizantes do torneio: os duelos Paraguai x Espanha e Uruguai x Gana, ambos pelas quartas de final, quando em um intervalo de poucos os torcedores das quatro seleções viveram em uma verdadeira "montanha russa".

Paraguai x Espanha

Era o jogo das quartas de final apontado por muitos como o mais tranquilo. Mesmo depois de uma campanha que começou com um tropeço na primeira rodada contra a Suíça, a Espanha vinha crescendo na competição, com vitórias importantes sobre Chile e Portugal, e era apontada como vencedora fácil no duelo contra o Paraguai. Até mesmo os paraguaios se diziam tremendos "azarões", mesmo tendo saído como líder do grupo da campeã de 2006, Itália.

No gramado do Ellis Park, o duelo, porém, se mostrou diferente. Depois de um primeiro tempo sem grandes emoções de ambos os lados, os paraguaios estavam preparados para surpreender e conseguiram quando Cardozo sofreu puxão de Piqué, dentro da área e o árbitro anotou a marca do pênalti. Nas tribunas do Ellis Park, sorrisos de jornalistas estrangeiros se abriram com o feito da "zebra". Em contraste, a raiva dos torcedores espanhóis nas arquibancadas.

O próprio Cardozo pegou a bola e assumiu a responsabilidade de executar a cobrança. De herói por sofrer a penalidade, virou vilão em poucos instantes ao parar na mão de Casillas. O lance ligou a Espanha e deu a adrenalina que a partida tanto precisava na noite fria de Johannesburgo. Menos de dois minutos depois, o artilheiro Villa arrancou, entrou na área e caiu em disputa com Alcaraz.

Era a reviravolta espanhola. Os jornalistas espanhóis foram à forra com os estrangeiros. Quase quebraram a tribuna de imprensa tamanha euforia. Depois de perder contra Honduras, Villa deixou para Xabi Alonso efetuar a cobrança da penalidade. O meia foi para bola e venceu o arqueiro Villar. Porém, as emoções estavam longe do fim.

O árbitro guatemalteco Carlos Batres mandou voltar, alegando invasão de Xavi na área. Lá foi novamente Alonso para a repetição da cobrança. Só que dessa vez bateu mal e o goleiro Villar espalmou, fazendo os paraguaios vibrarem muito. No rebote, Villar derrubou Fàbregas, mas o novo pênalti não foi marcado.

A emoção estava a toda, os espanhóis se revoltavam com o árbitro nas arquibancadas e a partida fervia dentro do gramado. Mesmo longe de uma boa atuação, os espanhóis contaram com um momento brilhante de Iniesta para abrir o placar em um lance dramático. O meia do Barcelona arrancou pelo meio em grande jogada individual e serviu Pedro na direita, que bateu na trave. No rebote, a bola voltou para Villa, sozinho. O atacante chutou errado, a bola bateu nas duas traves antes de entrar.

A partida que antes parecia fácil foi cheia de sufoco para os espanhóis, que acabaram conquistando sua primeira classificação para uma semifinal da Copa do Mundo na história. Do outro lado, a decepção do Paraguai era expressa na face de Cardozo. O jogador chorava incessantemente após o apito final do árbitro. De herói virou vilão em cinco minutos dos mais emocionantes do Mundial da África do Sul.

Uruguai x Gana

Com certeza, um dos jogos mais emocionantes da Copa do Mundo de 2010. Último representante que restou da África, Gana teve o apoio maciço da maioria dos 84 mil torcedores pagantes no Estádio Soccer City. Do outro lado, os "raçudos" uruguaios tentavam voltar a uma semifinal de Copa do Mundo depois de 40 anos. Com um empate por 1 a 1 nos 90 minutos iniciais, a partida se arrastava na prorrogação.

As duas equipes estavam extenuadas, afinal Gana vinha de outra prorrogação contra os Estados Unidos, nas oitavas de final, e o Uruguai sentia a ausência do seu capitão Lugano, que saiu machucado, além de terem corrido muito para igualar o marcador que virou o intervalo do primeiro tempo regulamentar com 1 a 0 para os ganenses.

Com um vigor físico privilegiado, os africanos tentaram as cartadas finais antes da disputa por pênaltis. Aproveitando o cansaço uruguaio, eles martelaram até chegar aos 15min do segundo tempo da prorrogação, último minuto da partida. Bola na área do Uruguai, Fucile salva chute de Appiah dentro da linha do gol, mas no rebote Gyan cabeceia e Suárez evita o gol com as mãos, em um dos lances mais inusitados deste Mundial. O juiz não pensa duas vezes: marca pênalti e dá cartão vermelho ao uruguaio por impedir o gol ganense.

As arquibancadas viraram uma festa no Soccer City, afinal seria o primeiro africano a passar para uma semifinal de Copa. Alguns jogadores de Gana corriam para perto das arquibancadas já festejando, batiam a mão no peito, pediam o grito da torcida. O banco de reservas praticamente comemorava como um título. Do outro lado, os uruguaios se desesperavam. Suárez saiu de campo chorando copiosamente com a camisa no rosto e se encaminha ao vestiário.

Gyan, que na noite anterior da partida tinha dito que o que diferia Gana das outras equipes africanas do passado era a confiança, pegou a bola. Artilheiro e grande estrela do time, ele resolveu assumir a responsabilidade. Correu em direção à marca da cal, chutou e acertou o travessão. Silêncio no Soccer City, nem vuvuzelas se escutaram. Apenas a euforia dos uruguaios em campo e a minoria nas arquibancadas. O juiz apitou o final do jogo. O goleiro uruguaio Muslera beijou o travessão em agradecimento. Suárez, há pouco chorando, festejou como criança.

A disputa de pênaltis começou com acertos para os dois lados, incluindo o ganense Gyan, que perdeu no minuto final da prorrogação mas dessa vez marcou. Apenas na sexta cobrança, Mensah parou na mão de Muslera. Festa dos uruguaios. Porém, em seguida Maxi Pereira bateu a la Baggio em1994 e colocou novamente Gana na disputa. O ganês Adiyiah poderia deixa o placar igual, mas novamente mais um africano parou na mão de Muslera. 3 a 2 na disputa. O atacante Loco Abreu ficou com a responsabilidade de bater o último pênalti uruguaio. Mostrando frieza, ele deu uma cavadinha na bola, que entrou mansamente no fundo das redes.

Delírio uruguaio no gramado e desespero ganense do lado e nas arquibancadas. Forlán, Suárez, Abreu e companhia foram vibrar com a torcida, enquanto Gyan era consolado e saía carregado de campo sem condições emocionais para se manter em pé. O sonho africano acabou e a raça uruguaia, que estava sumida nos últimos anos, ressurgiu das cinzas com o excelente time de Oscar Tabárez.

Uruguaio Suarez evita com a mão o gol de Gana; na cobrança de pênalti, Gyan acerta o travessão
Uruguaio Suarez evita com a mão o gol de Gana; na cobrança de pênalti, Gyan acerta o travessão
Foto: AFP
Fonte: Terra
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