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Desabafo de espanhol deixa Fifa em encruzilhada; veja análise

2 dez 2010 - 10h50
(atualizado às 11h30)
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Fábio de Mello Castanho
Direto de Zurique (Suíça)

Seja qual for a decisão da Fifa para a sede da Copa do Mundo de 2018, haverá polêmica. As apresentações exibidas nesta quinta-feira, especialmente no discurso do chefe do comitê Espanha/Portugal, Angel Maria Villa Llona, acirraram os ânimos e criaram um clima que deixa os membros do comitê executivo da entidade em uma encruzilhada, na qual os aspectos técnicos serão encobertos pelos políticos.

Se a opção for pelos países ibéricos, os ingleses serão os primeiros a acusar marmelada. Tudo por conta das polêmicas que acompanharam a candidatura rival, inocentada pela comissão de ética após a acusação de que negociava com dois dirigentes com direito a voto. A escolha ainda reforçará suspeitas sobre os bastidores do processo.

Caso a decisão seja pela Inglaterra, a candidatura Espanha/Portugal também não deverá conter as palavras e acusar os rivais de conspiração. Prova disso veio no discurso do chefe do comitê, no qual fez uma defesa entusiasta da entidade após seguidas denúncias de corrupção iniciadas sobretudo pela imprensa inglesa.

À espreita da briga entre os rivais, Rússia e Bélgica/Holanda correm por fora da disputa e são opções para membros do comitê executivo castigarem os países envolvidos em polêmicas. Porém, a escolha certamente irá gerar protestos por parte das demais candidaturas.

Os russos, sobretudo, também já ensaiam reclamação. O primeiro-ministro do país, Vladimir Putin, não viajou a Zurique como era previsto e acusou a escolha de ser um jogo de cartas marcadas. Só não especificou qual seria o vencedor.

Até o momento, apenas três membros dos 22 que decidirão as sedes de 2018 e 2022 já manifestaram seu voto. Justamente os da América do Sul, entre eles o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. E quem saiu na frente foi a candidatura Espanha/Portugal.

O anúncio da sede de 2018 será realizado às 13h (de Brasília), assim como o local da Copa de 2022. Desde às 11h (de Brasília), os membros com direito a voto estão reunidos para tomar a decisão. Será o vencedor aquele que obtiver 50% mais um dos votos entre os presentes.

Histórico

A polêmica começou com uma reportagem do jornal inglês Sunday Times, em outubro, na qual uma gravação mostrava dois membros executivos da entidade, o nigeriano Amos Adamu e o taitiano Reynald Temarii, negociando votos para a escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.

A candidatura ibérica foi acusada de intermediar a negociação, mas acabou inocentada pela comissão de ética da Fifa. Porém, os dois dirigentes foram afastados e impedidos de votar na eleição que define nesta quinta-feira as sedes.

Posteriormente, os três membros sul-americanos do comitê manifestaram apoio à candidatura Espanha/Portugal. Entre eles, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que nas últimas semanas foi acusado pela emissora inglesa BBC de estar envolvido em um esquema secreto de pagamentos da agência de marketing ISMM/ISL.

A virulência da imprensa britânica com a Fifa é interpretada por espanhóis e portugueses como uma tentativa de colocar dúvidas sobre uma eventual vitória da candidatura. Por outro lado, o comitê inglês se esforça para se dissociar da imprensa do país e não perder votos. Mas uma vitória da rival pode mudar o discurso.

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Foto: Reuters
Fonte: Terra
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