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Copa São Paulo

Haitiano reencontra "irmão" no Brasil 5 anos após terremoto

4 jan 2016 - 08h31
(atualizado às 09h37)
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Foto: Ale ViannaAgência /Eleven / Gazeta Press

A estreia da equipe haitiana Pérolas Negras na Copa São Paulo de Juniores, no domingo, foi especial para o meio-campista Bebeto Muraille, de 19 anos. O jogador viveu seu primeiro momento de glória no futebol ao anotar o gol dos estrangeiros na derrota por 2 a 1 para o Juventus da Mooca, na tradicional Rua Javari. Após a partida, o atleta se emocionou ao reencontrar um amigo de infância que não via há cinco anos. Marc-Elie Jean-Charles, que é carinhosamente chamado por Bebeto de "irmão", disse que resolveu fazer uma surpresa ao saber da vinda dos haitianos ao Brasil.

Marc-Elie, de 25 anos, perdeu contato com Bebeto após o terremoto que devastou o Haiti em 2010. A pior tragédia da história do país deixou 250 mil mortos e milhares de desabrigados. À época, o haitiano também tentava a sorte como jogador de futebol profissional, mas foi recusado em testes e decidiu mudar de carreira. Tradutor profissional, ele foi contratado por uma empresa norte-americana e, em 2013, se mudou para o Brasil a trabalho.

Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press

"Infelizmente ficamos cinco anos sem conversar. Sempre perguntava para outras pessoas sobre como ele estava e o que vinha fazendo. Tinha certeza que um dia nos reencontraríamos", contou Marc-Elie. "O Bebeto não sabia que eu vinha para cá. Antes do jogo começar, estava com a minha bandeira do Haiti e comentei com outros torcedores que era muito amigo dele. Foi só gritar que ele me viu na arquibancada. Ele me reconheceu e ficou surpreso".

O amigo do camisa 05 dos Pérolas Negras disse que não aguentou a emoção de ver a equipe de haitianos ser tão bem recebida pela torcida brasileira. "Eu perdi a voz, fiquei muito emocionado. Um monte de brasileiros torceu por nós. Eles não sabiam o que estávamos falando, mas mesmo assim ficaram gritando", afirmou o haitiano, sem se importar com o tropeço na primeira rodada da Copinha. "Foi muito legal. Mesmo com a derrota, sei que todos continuarão trabalhando para conquistar os pontos nos próximos jogos".

Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press

Precavido, Marc-Elie já adicionou Bebeto nas redes sociais Whatsapp e Facebook. O atleta do Pérolas Negras, que não fala português, planeja ficar pelo menos um ano no Brasil para tentar a sorte no futebol. A missão do amigo será ajudá-lo no período de adaptação. "Ele não conhece nada por aqui, então vou visitá-lo e conversar com ele. Quero que ele aprenda a língua daqui e saiba que está em casa. Se ficamos presos ao nosso mundo, nós não aprendemos nada", disse.

Após o término da Copinha, o Pérolas Negras encaminhará alguns de seus jogadores para uma filial que disputará a terceira divisão do Estadual do Rio de Janeiro. Bebeto, cujo nome foi uma homenagem do pai ao atacante brasileiro campeão mundial em 1994, não sabe se seguirá com o grupo. Mas o atleta promete se doar ao máximo para chamar a atenção de olheiros do país. "O que vocês viram hoje não foi nada. Tem muito mais por vir", garantiu o jovem, que balançou as redes do Juventus com um pênalti aos 16 minutos do segundo tempo. Ele volta a campo com a equipe na terça-feira, contra o América-MG, na Rua Javari.

Foto: Sergio Barzaghi / Gazeta Press
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