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Copa Sul-Americana

Ídolo, técnico supera drama e se eterniza no River; conheça

11 dez 2014 - 11h59
(atualizado em 6/8/2015 às 07h12)
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Dezessete anos. 204 meses. 6205 dias. 1404920 horas. 8935200 minutos. 536112000 segundos. A forma, neste caso, importa muito menos que o conteúdo. O River Plate ficou muito, mas muito tempo sem conquistar um título internacional. Quase duas décadas. Nesta quarta-feira, após vitória por 2 a 0 sobre o Nacional de Medellín, em Buenos Aires, porém, foi campeão da Copa Sul-Americana. Voltou a faturar um título fora de âmbito nacional. Isto não ocorria desde o longínquo 17 de dezembro de 1997, que presenciou a vitória dos millonários por 2 a 1 sobre o São Paulo na já extinta Supercopa Sul-Americana. O elo entre as conquistas separadas por 17 anos de jejum tem nome. E sobrenome: Marcelo Gallardo.

Ele era o principal meia-atacante do brilhante River Plate que dominou a Argentina na metade da década de 90 e que também chegou ao topo da América em 1996. Extremamente habilidoso com a bola nos pés e preciso nas finalizações, o baixinho de 1,65m e apenas 70kg (que, por seu porte físico, ganhou o apelido de “El Muñeco”, ou “A Boneca”, em português), representava um dos pilares do time que encantou o continente e foi campeão da Copa Libertadores da América (1996) e da Supercopa Sul-americana (1997).

<p>Gallardo foi campeão da Libertadores com o River em 1996</p>
Gallardo foi campeão da Libertadores com o River em 1996
Foto: Gabriel Rossi/STF / Getty Images

Hoje, já aposentado dos gramados e com 38 anos, Gallardo só vê a sua idolatria aumentar no River Plate. E olha que ele já jogou por Monaco, Paris Saint-Germain e Nacional-URU antes de encerrar a sua carreira em 2011, no Uruguai. Mas qual seria o motivo para a admiração dos millonários por Gallardo só aumentar? Simples. Ele é o atual treinador da equipe (que, sob o seu comando, voltou a ser vencedora) e, além de ter sido o primeiro homem dos 113 anos da história do clube a ter conquistado títulos internacionais como técnico e jogador no River, possui, também, uma recente história de superação. Esta combinação é perfeita para alçar Marcelo Gallardo, ou simplesmente “El Muñeco”, ao posto de “imortal” em uma das agremiações mais tradicionais do futebol mundial.

O argentino iniciou sua carreira como treinador há apenas três anos, no Nacional, do Uruguai. Uma temporada depois de pendurar as chuteiras no mesmo clube, o argentino se sentou no banco de reservas da equipe de Montevidéu e só saiu de lá depois de faturar dois campeonatos nacionais em dois anos. Quer um começo melhor do que este? Pois bem... Em 2014, após ficar duas temporadas sem clube, Gallardo assumiu o então campeão argentino River Plate (que havia sido rebaixado à segunda divisão em 2011) e manteve o alto nível do time. O excelente trabalho de 18 vitórias e apenas duas derrotas em 31 jogos desde a sua chegada foi coroado nesta quarta-feira. O título da Copa Sul-Americana tirou o River de um jejum de 17 anos sem taças internacionais e serviu para consolar Gallardo.

Sim... O ídolo milionário vive momento delicado em sua vida pessoal. No dia 25 de novembro (ou seja, há apenas 16 dias), a sua mãe não resistiu a um câncer terminal e morreu aos 55 anos. A doença havia sido descoberta em outubro. O treinador pôde ter um pouco de alegria nesta quarta-feira ao comemorar cada um dos dois gols do River na decisão diante do Nacional de Medellín abraçando o seu filho Nahuel, que trabalhou como gandula no Monumental de Núñez. Os carinhos no ainda jovem ser humano que pôs no mundo certamente amenizaram a dor de Gallardo. Mas não diminuíram a sua emoção e nem a saudade que sente de sua “velha”, como gosta de dizer.

Isto ficou bem claro assim que o árbitro uruguaio Darío Ubriaco apontou o centro de campo e decretou o River Plate campeão da Copa Sul-Americana de 2014. "Aconteceram muitas coisas nos últimos dois meses. É muito difícil falar", emocionou-se Gallardo. "Consegui me reerguer graças a estes jogadores, porque eles interpretaram como era preciso jogar, fizeram grande esforço e foram muito solidários. Apoiaram-me ao máximo, e o reconhecimento das pessoas foi muito grande. Viver esta alegria é imensa. Só quero dedicá-la à minha velha...", decretou, antes de se entregar às lágrimas e cair nos ombros do jornalista Tití Fernandez, que viveu drama parecido recentemente: ele perdeu a filha Soledad em um acidente automobilístico no interior de Minas Gerais, durante a Copa do Mundo deste ano no Brasil. A dor, às vezes, precede a alegria.

Marcelo Gallardo comemorou gols do River com o seu filho Nahuel, que trabalhou como gandula na final da Sul-Americana (Juan Mabromata/AFP)

Campeão como jogador e técnico, Marcelo Gallardo entrou para a galeria dos "mitos" do River Plate (Gabriel Rossi/Getty Images)

Fonte: Terra
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