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Voo perdido, confusão e apuros; veja saga de pontepretanos na Argentina

11 dez 2013 - 08h56
(atualizado às 15h19)
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<p>Pelas quartas de final, Ponte Preta venceu Vélez na Argentina pela semifinal da Copa Sul-Americana. Na ocasião, diversos torcedores compareceram a Buenos Aires para apoiar o time brasileiro, e dois deles ficaram "perdidos" na cidade após a histórica classificação pontepretana</p>
Pelas quartas de final, Ponte Preta venceu Vélez na Argentina pela semifinal da Copa Sul-Americana. Na ocasião, diversos torcedores compareceram a Buenos Aires para apoiar o time brasileiro, e dois deles ficaram "perdidos" na cidade após a histórica classificação pontepretana
Foto: AP

A Ponte Preta jogava sua primeira competição internacional na história e havia alcançado logo as quartas de final. Pela frente, o forte Vélez Sársfield, um dos favoritos ao título da Copa Sul-Americana. Como não viajar a Buenos Aires para acompanhar o time do coração? Foi o que fizeram centenas de pontepretanos de Campinas. Entre eles estava o músico Paulo Archimedes, 23 anos, que só não contava com a perda do voo de volta e um dia de apuros em terras argentinas, após o histórico triunfo por 2 a 0 que levou os brasileiros à semi.

O músico, em companhia de outro torcedor que ficou para trás, deu azar de perder o ônibus que levaria os pontepretanos ao aeroporto e ficou também sem conseguir entrar no avião que o traria para casa. A partir daí, Paulo e Renan, este com 18 anos, passaram mais de 24 horas extras na Argentina tentando voltar ao Brasil. Nesta quarta-feira, curiosamente, a Ponte volta ao país vizinho para tentar buscar o primeiro título de grande relevância de seus 113 anos de vida, quando encara o Lanús, às 21h50, por uma vitória. 

"Foi depois do jogo contra o Vélez, eu estava esperando o ônibus no ponto e fui buscar cerveja. Mas, quando voltei, todos já tinham ido para o aeroporto, e eu e o outro rapaz ficamos esperando. Pegamos outro ônibus e quase chegamos em tempo, mas os outros torcedores levaram a bolsa do Renan onde estava seu carimbo para sair do país. Tivemos que fazer um boletim de ocorrência e não conseguimos mais pegar o voo", explicou Paulo, em conversa com o Terra.

<p>À direita, de gorro, Paulo se diverte em Buenos Aires antes do jogo; mal sabia que passaria quase dois dias a mais na cidade argentina</p>
À direita, de gorro, Paulo se diverte em Buenos Aires antes do jogo; mal sabia que passaria quase dois dias a mais na cidade argentina
Foto: Arquivo Pessoal de Paulo Archimedes / Divulgação
Pontepretanos em Buenos Aires gerou comoção no Facebook

A reportagem descobriu a saga dos torcedores em solo argentino após verificar postagens nas redes sociais na ocasião. A aventura dos brasileiros gerou comoção entre os pontepretanos, que tentaram até fazer arrecadações via Facebook para ajudar os amigos. Com o voo perdido - o avião decolaria na sexta, dia seguinte ao jogo -, Paulo contou que procurou o consulado brasileiro em Buenos Aires e foi encaminhado a um hotel.

"Depois que perdemos o avião ficamos sem ter muito o que fazer. Ficamos preocupados, juntamos uns pesos (dinheiro argentino) e nao dava para ficar mais um dia, teríamos que dormir no aeroporto. Aí liguei para consulado, que me levou para um hotel e de lá entrei na internet para tentar remarcar a passagem, mas isso só poderia ser feito em São Paulo, e eu estava na Argentina!", contou o músico. 

"Eu queria chegar em tempo para ver o jogo de domingo (Ponte 0 x 3 Vitória), mas só que o consulado queria mandar a gente embora de ônibus. Iríamos até Uruguaiana e de lá teríamos que procurar a assistência social, algum deputado ou alguém que pudesse mandar a gente para casa. Só que queríamos ir de avião para chegar e ir direto para o jogo. Aí o presidente da Serponte (torcida uniformizada) foi lá para nós e pagou uma nova passagem", acrescentou.

Passagem garantida acaba com "confusão" na delegacia

Tranquilos após garantirem passagem para retornar na noite seguinte, Paulo e Renan decidiram curtir Buenos Aires com o pouco tempo que tinham. Andaram de táxi, viram o Rio da Prata, passaram em frente ao estádio do River Plate, gastaram o dinheiro final em comida e bebida e voltaram ao aeroporto no sábado, às 14h, com o voo marcado somente para as 23h. Entretanto, na hora de voltarem, outra confusão.

"Quando estávamos finalmente indo embora, fui fazer o check in e o boletim de ocorrência que fizemos de perda de documento do Renan não valia, pois não era de roubo. Então fui na empresa aérea, que me mandou ir na polícia e mentir para eles dizendo que o documento foi roubado, não perdido, pois só assim eles aceitariam o embarque imediato do Renan", explicou Paulo, que teve de ficar de responsável pelo colega de 18 anos por este ser considerado menor de idade na Argentina.

<p>Paulo (ao fundo) com outros torcedores da Ponte que deixaram Campinas para ver equipe eliminar Vélez na Argentina</p>
Paulo (ao fundo) com outros torcedores da Ponte que deixaram Campinas para ver equipe eliminar Vélez na Argentina
Foto: Arquivo Pessoal de Paulo Archimedes / Divulgação

"Voltamos na delegacia e tentamos mentir. Só que o cara não nos entendia, queria um tradutor, disse que estávamos mentindo. Aí ficamos preocupados, pois até então só ficamos bebendo, nos divertindo, tranquilos", disse o pontepretano. "Os policiais queriam que a gente ficasse até o outro voo, perguntaram se não estávamos mentindo. Fiquei preocupado, pois se vissem que estávamos mentindo era capaz de ficarmos por lá mesmo", adicionou.

Multa na imigração gera correria e quase vira pedidos por dinheiro

Após a polícia liberar com muito custo o boletim de ocorrência exigido, parecia que a saga dos pontepretanos teria um final feliz. Conseguiriam voltar com quase dois dias de atraso e em tempo de ver a Ponte na luta do rebaixamento contra o Vitória. Mas tinha que ter um empecilho final... "Aí na hora chegou na imigração, queriam 100 reais de multa. Não tínhamos mais dinheiro! Aí começou a correria", detalha o músico.

<p>Paulo (direita) contou ao Terra sobre aventura em Buenos Aires ao lado de Renan; foto foi tirada logo após os dois conseguirem, enfim, embarcar rumo ao Brasil</p>
Paulo (direita) contou ao Terra sobre aventura em Buenos Aires ao lado de Renan; foto foi tirada logo após os dois conseguirem, enfim, embarcar rumo ao Brasil
Foto: Arquivo Pessoal de Paulo Archimedes / Divulgação

"Teríamos que pagar R$ 100, não tínhamos mais, ia faltar, pois gastamos tudo o que sobrou achando que estava certo para irmos embora. Virei para o cara da imigração e disse: 'não tenho dinheiro, não tenho como conseguir e preciso embora. Ou moro na rua aqui, viro ladrão, ou você me dá uma casa'. Aí ele falou que o único jeito seria pedir para outros brasileiros. Falei 'não conheço ninguém, me empresta você', mas ele disse que não podia", continua o torcedor. 

Quase resignado a ficar em Buenos Aires até arrumar uma solução, entretanto, o pontepretano se lembrou de uma carta na manga: "lembrei do telefone da mulher do consulado. Puxei o cartão dela da carteira, dei para o rapaz da imigração e disse que qualquer coisa o consulado iria pagar. Aí ele olhou bem, pensou um pouco, devolveu os documentos e nos deixou passar", finalizou, aliviado.

Volta à Argentina para final?

De volta ao Brasil, Paulo Archimedes conseguiu ver a triunfal classificação diante do São Paulo nas semifinais, quando esteve nos jogos em Mogi Mirim e no Morumbi. Depois, viajou até a partida de ida da final contra o Lanús, no Pacaembu, para ver o empate por 1 a 1. Após tantas viagens e jogos, entretanto, o torcedor não vai ver a decisão desta quarta-feira, quando seu time do coração precisa apenas de um empate para conquistar o troféu mais importante de sua existência. 

Seria, justamente, a volta do torcedor à Argentina depois da aventura vivida depois das quartas de final. Mas só que, desta vez, o pontepretano vai ver a decisão em Campinas. "Vou ver por um telão aqui (no Moisés Lucarelli), mesmo. Moro ao lado", contou, aos risos. Sem riscos de perder outro voo e, quem sabe, podendo ver seu time campeão internacional pela primeira vez na vida. Pertinho de casa.

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Fonte: Terra
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