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Futebol Internacional

Convocado pela Holanda, brasileiro relata apoio e mantém "sambinha"

26 out 2012 - 10h20
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Allan Farina

A seleção da Holanda pode ter um jogador com coração dividido na Copa do Mundo de 2014. Caso consiga a classificação por meio das Eliminatórias, a atual equipe vice-campeã mundial pode trazer ao Brasil um jogado nascido no País sede. O zagueiro Douglas, ex-Joinville, recentemente recebeu sua primeira convocação para vestir a camisa laranja, já que é naturalizado holandês.

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Nascido em Florianópolis, o defensor de 24 anos atuou pelo Joinville antes de seguir para a Europa. No hemisfério norte, ele atua pelo Twente desde 2007, clube pelo qual conquistou o Campeonato Holandês da temporada 2009/10, a primeira da equipe de Enschede em sua história.

Agora, entretanto, Douglas crê que é hora de avançar na carreira. Em entrevista ao Terra, o zagueiro falou sobre seus planos futuros e a primeira experiência com a seleção da Holanda. Convocado para partidas contra Andorra e Romênia pelas Eliminatórias da Europa, ele não chegou a fazer sua estreia, e por enquanto aguarda para atuar ao lado de nomes como Wesley Sneijder, Arjen Robben e Dirk Kuyt.

Sua presença na seleção até mesmo vai contra um recente estigma sobre o técnico Louis van Gaal: o de não gostar de trabalhar com jogadores brasileiros, fama adquirida quando comandou Barcelona e Bayern de Munique. Douglas, contudo, vê a solução para isso. Agora é um holandês. Confira a seguir a entrevista com o zagueiro catarinense e que se tornou atleta da Holanda:

Douglas espera atuar em uma liga mais competitiva (Foto: Getty Images)

Douglas foi convocado para atuar com a seleção da Holanda
Douglas foi convocado para atuar com a seleção da Holanda
Foto: Getty Images

Terra - Como você recebeu a notícia da sua convocação para a Holanda?

Douglas -

Foi na lista. Eles fazem a pré-lista uma semana antes e meu nome estava lá, mas ainda não estava definido. Fiquei sabendo depois na segunda-feira da outra semana que eu tinha sido convocado. Eu estava em casa, era um dia de folga, o telefone tocou e eram deles me dando os parabéns e falando que eu tinha sido convocado.

Terra - Hoje você se sente mais holandês ou brasileiro?

Douglas -

Não tem como esquecer a cultura do Brasil, está no sangue, está dentro de mim. Não tem como mudar. No vestiário quando escuto uma música, não tem como esquecer meu pagode, meu sambinha. Não tem como, isso vem com você, isso não se esquece. Vou ser sempre brasileiro, mas tenho uma família holandesa hoje. Faço de tudo pela seleção holandesa. Penso que depois do futebol eu siga morando por aqui. Quero viver aqui com a minha família.

Terra - Como é sua vida na Holanda? Já está bem adaptado, fala o idioma fluentemente?

Douglas -

Já falo bastante. Até porque tenho uma esposa holandesa que me ajuda bastante. No clube também não tem brasileiro, então estou sempre conversando com os caras em holandês. Quanto mais fala, mais você aprende, isso ajuda demais.

Terra - Como é trocar o sonho de jogar pela Seleção Brasileira pelo objetivo de jogar na Holanda?

Douglas -

Eu tinha o sonho, claro, todos os jogadores tem esse sonho. Sonhava demais com isso. Aí depois que comecei a jogar aqui na Holanda, montei uma família holandesa, entendia por não era convocado. Falavam que realmente os jogadores que estava na seleção eram superiores a mim, e por isso eu não tinha espaço ainda. Com todo o respeito ao holandês, o campeonato não é top. Tem muitos campeonatos melhores, como Espanha e Inglaterra, era com razão que eu não estava na Seleção. Comecei a aceitar isso há uns três anos. Foi quando comecei a me adaptar, falando holandês fácil, e me perguntaram se eu jogaria pela Holanda. Falei que seria interessante, que pensaria, conversei com a minha família e decidi por jogar na seleção holandesa. A Holanda sempre teve importância, sempre foi bem falada. Não tive a emoção de jogar pela Seleção Brasileira e optei pela holandesa.

Terra - Você chegou a ter alguma conversa com o Louis van Gaal antes da convocação? Como foi o encontro na seleção?

Douglas -

Antes disso nunca tive conversa com ele, quem conversou comigo foi o Bert van Marwijk (técnico anterior da Holanda). Ele disse que gostaria de contar comigo, mas perdeu o cargo e entrou o Van Gaal. Tive uma conversa com ele a partir do momento que fui convocado. Falamos por telefone, meu deu os parabéns, disse que me aguardava junto com o grupo. Cheguei lá, tivemos uma conversa boa, foi uma semana bem legal. Foi bem produtiva.

Terra - Como foi a recepção no grupo da seleção?

Douglas -

Foi boa. Eu estava bem ansioso, porque tinham poucos jogadores no Campeonato Holandês, então eu não conhecia muita gente. Só conhecia alguns que venho enfrentando, mas fui bem recebido.

Terra - Quando treinou Barcelona e Bayern, o Van Gaal ganhou fama de não gostar de trabalhar com brasileiros. Essa convocação mostra que isso não é verdade? Como acha que vai ser sua relação com ele?

Douglas -

Escutei bastante isso. Não posso confirmar nada, mas já escutei falar disso. Não posso falar isso porque não conheço nada da verdade. Pode ser só uma fama. Mesmo assim agora sou holandês, então não tem mais problema. Ele me chamou como holandês, não como brasileiro.

Terra - Você falou sobre como quer viver na Holanda após deixar o futebol. Entretanto, pensa em deixar o país para jogar em outras ligas?

Douglas -

Penso, claro. Estou pronto para dar um passo a frente. Isso é o que mais quero no momento. Quero fazer um bom campeonato nesse ano, mas lógico que penso em dar um passo para a frente na próxima temporada. Acho que estou pronto para isso.

Terra - Você é o único jogador do Twente na seleção atualmente. Como foi a repercussão com o grupo?

Douglas -

Apoiaram-me bastante, ficaram felizes, me parabenizaram bastante. Antes disso já falavam que estavam torcendo muito para que eu fosse convocado, que eu tinha condições de jogar lá. Quando veio a convocação e me deram os parabéns. Foi bem produtivo. Senti que todos ficaram felizes por mim.

Fonte: Terra
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