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Terra na Copa

Espanhóis dizem que Brasil "baixou bola" da Fifa; veja jornais

6 mar 2012 - 08h40
(atualizado às 08h47)
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O Brasil "baixou a bola da Fifa" e fez o secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, inclinar a cabeça. A avaliação é do diário esportivo espanhol Marca, que aborda nesta terça-feira o pedido de desculpas do dirigente ao governo do país-sede da Copa do Mundo de 2014. A volta atrás do francês repercutiu em jornais do mundo todo.

Nesta segunda, Valcke enviou uma carta às autoridades brasileiras contendo um pedido de desculpas pela declaração da última sexta-feira, quando havia dito que os organizadores do próximo Mundial precisavam de um "pontapé na bunda". O secretário justificou o incidente citando o erro de tradução da expressão francesa que havia usado ("se donner un coup de pied aux fesses"), que, segundo ele, significa apenas "acelerar o ritmo".

A atitude, na visão do Marca, indica que o dirigente "inclinou a cabeça, longe da atitude de dias anteriores". O jornal lembra que no último sábado, mesmo após as críticas do ministro de Esportes brasileiro, Aldo Rebelo, com relação à polêmica frase de Valcke, este "se manteve firme", afirmando que a reação do governo era "infantil".

"Porém, nesta segunda, a posição de Valcke começou a ficar sob risco", aponta o jornal, que ainda completa contando que a Fifa tentava "culpar o conflito a uma má tradução, mas finalmente, ante o agravamento da crise, Valcke decidiu dar um passo atrás e se desculpar oficialmente".

Pedido de desculpas repercute nos jornais internacionais

Não é apenas o Marca que dá espaço à polêmica em sua edição virtual nesta terça. Vários jornais também tratam do tema, embora não façam uma análise do conflito como o veículo espanhol.

Na Itália, os jornais esportivos La Gazzetta dello Sport, de Milão, Corriere dello Sport, de Roma, e Tuttosport, de Turim, citam as "desculpas de Valcke ao Brasil". O generalista Corriere della Sera também toca no assunto - curiosamente, todos publicam a mesma nota, de apenas um parágrafo, proveniente da agência Ansa.

O diário L'Équipe, o principal esportivo da França, informa que "Valcke pediu desculpas ao Brasil por suas ásperas críticas sobre o atraso nos preparativos para o Mundial de 2014". Os generalista sLe Monde e Le Figaro também fala do assunto, porém sem divulgar uma opinião - o primeiro citou as "relações agitadas" entre a Fifa e o País.

Na Inglaterra, o diário generalista The Guardian destaca que Valcke "lamentou profundamente pela interpretação incorreta" de suas palavras. Já o Daily Mail ressalta que o francês, apesar da retratação, voltou a admitir preocupação com o andamento das obras da Copa do Mundo. O título da reportagem do veículo é: "estou arrependido... mas resolvam isso!".

Entenda a polêmica

Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".

As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.

Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.

No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.

Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".

No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.

Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".

Pedido de desculpas de secretário-geral da Fifa ao Brasil repercute nos jornais internacionais
Pedido de desculpas de secretário-geral da Fifa ao Brasil repercute nos jornais internacionais
Foto: AP
Fonte: Terra
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