PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Terra na Copa

Jornal espanhol diz que crise deveria custar emprego de Valcke

7 mar 2012 - 08h49
Compartilhar

A carta enviada ao ministro do Esporte do Brasil, Aldo Rebelo, nesta terça-feira pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, deve servir para as partes "fazerem as pazes" após a polêmica dos últimos dias. Segundo analisa o diário esportivo espanhol Marca, abafar o caso é o rumo natural das coisas quando se trata de "dirigentes esportivos embriagados de poder"; contudo, o veículo não se conforma e aponta que a crise "deveria custar o futuro" de Jérome Valcke na entidade máxima do futebol mundial.

» Veja fotos das obras e o que falta para os estádios da Copa de 2014

Nesta quarta, o blog assinado pelo jornalista Fernando Llamas no Marca faz um balanço do que ocorreu desde sexta-feira, quando Valcke teria dito durante o encontro da International Board, em Bagshot, na Inglaterra, que o Brasil precisava de "um pontapé na bunda" devido aos atrasos nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.

Por causa disso, Rebelo se irritou e pediu a substituição do francês como interlocutor da Fifa com o País. Na segunda-feira, o secretário-geral do órgão enviou uma carta ao ministro pedindo desculpas, porém culpou um erro de tradução e alegou que havia sido mal interpretado.

A explicação não convenceu o jornalista espanhol, que escreve: "o secretário se excedeu com uma linguagem ofensiva. Ninguém pode acreditar que sua frase literal em francês significava simplesmente que 'é preciso acelerar o ritmo' das obras. Não. Quis dizer o que disse, que ao Brasil teriam que dar um 'pontapé no traseiro' para que despertasse".

Citando a intervenção de Blatter, ocorrida nesta terça com um pedido de desculpas por "honra e orgulho feridos da presidente Dilma Rousseff e de todo o governo brasileiro", o blog do Marca aponta que Fifa e o governo do País devem "fazer as pazes", porém se irrita com essa situação.

"Esta crise deveria custar o futuro de Valcke, mas não vai ser assim", afirma o jornalista. "O culpável voltará ao Brasil (tem visita marcada para 12 de março) e dedicará elogios às autoridades por seu excelente desempenho na construção de estádios, estradas, aeroportos, hoteis... já disse isso quando visitou o país há apenas algumas semanas (em janeiro), pouco antes de sua 'brincadeira'. A cara, essa esses indivíduos dão pouco".

Por fim, o blog projeta que "o secretário-geral reconduzirá seu destino como sucessor de Blatter, haverá Mundial no Brasil e tudo isso não ficará mais do que como um outro exemplo dos excessos de alguns dirigentes esportivos que, embriagados de poder, creem-se com o 'direito da primeira noite' ('ou direito das primícias') em pleno século XXI". A referência final é à instituição (no original, em latim, direito "jus primae noctis") que teria vigorado na Idade Média, permitindo ao senhor feudal tirar a virgindade das noivas na sua noite de núpcias - sendo elas servas do feudo desse senhor e recém-casadas com outro servo.

Entenda a polêmica

Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".

As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.

Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.

No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.

Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".

No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.

Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".

Jornal espanhol analisa que crise será abafada e que Valcke (à esq.) continuará como "sucessor" de Blatter
Jornal espanhol analisa que crise será abafada e que Valcke (à esq.) continuará como "sucessor" de Blatter
Foto: EFE
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade