Com shopping e shows, Manaus tenta evitar estádio "elefante branco"
- Rafael Campos
Para receber os jogos da primeira fase da Copa do Mundo de 2014, Manaus está construindo um moderno estádio com capacidade para 44 mil torcedores. O investimento na Arena Amazônia é de cerca de R$ 550 milhões. No entanto, a preocupação é que aconteça com ela o que foi visto em muitos palcos da Copa da África do Sul 2010. Muitos estádios são pouco utilizados atualmente, já que a nação africana não tem muita tradição no futebol.
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O Amazonas também não possui um futebol local forte e, por isso, fica sem um calendário que prevê jogos o ano inteiro. O Campeonato Estadual dura apenas o primeiro semestre. No resto do ano, os times tem a Série D do Brasileiro, porém, o desempenho das equipes locais tem sido um fiasco, com campanhas que não passam da primeira fase - com exceção do América-AM, que em 2009 foi vice-campeão, mas acabou punido com a desclassificação por escalar um jogador irregular. Assim, um estádio de R$ 550 milhões seria usado apenas durante uma metade de cada ano.
Mesmo com todos os fatores que pesam contra, as autoridades amazonenses responsáveis pela organização da Copa garantem medidas para evitar que a Arena da Amazônia se torne um "elefante branco". O coordenador da Unidade Gestora do Projeto Copa no Amazonas (UGP Copa), Miguel Capobiango, afirma que a utilização da Arena da Amazônia não se restringe apenas ao futebol.
"Nós estamos construindo um centro de convenções ao lado da Arena da Amazônia, justamente para que, a medida que eventos sejam realizados lá, a Arena possa ser utilizada nesses eventos também", afirmou com exclusividade ao Terra o coordenador, antes de confirmar que um dos setores do estádio vai funcionar como um shopping.
"Uma parte do estádio, assim como aconteceu na África do Sul, vai ser destinada ao uso comercial. Com isso nós esperamos que ele possa funcionar o ano todo, mesmo sem competições de futebol", acrescentou.
Além dessa medida, o coordenador diz que há possibilidade da administração da Arena da Amazônia fechar contratos com empresas que promovam grandes shows no estádio.
"Vamos fazer uma licitação. Nada impede que grandes shows sejam realizados na Arena da Amazônia. O importante é que esse estádio e a Copa são muito importantes para o povo de Manaus, que tem uma carência muito grande no futebol. Além disso, o estádio foi projetado para parecer uma bacia de farinha (recipiente regional para armazenar farinha de mandioca), algo bem regional mesmo, que pode atrair turistas do mundo todo, tornando-se um ponto turístico da cidade", emendou o coordenador da UGP Copa no Amazonas.
Quando a construção da Arena da Amazônia foi anunciada, em 2010, o Governo do Estado do Amazonas afirmou que nada impedia que um time local alcançasse a Série A do Brasileiro até 2014. No mês passado, o Penarol, único representante da região na Série D, foi eliminado ainda na primeira fase, ocupando a última colocação do grupo.
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