Para Andrés Sanchez, Copa do Mundo não deixará legado ao Brasil
21 set2012 - 07h04
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Murilo Aquino
Direto de São Paulo
Um dos objetivos na realização de uma Copa do Mundo, além da disputa esportiva, é a herança que um evento de tamanho desse porte pode deixar ao país no qual o campeonato será realizado, depois de largas quantias serem investidas. No Brasil, a menos de dois anos para a abertura do Mundial 2014, ainda há muito que se fazer para aprimorar a infraestrutura das cidades-sede e existe grande probabilidade do legado para a população ficar muito aquém do esperado. Esta é a opinião de Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
"A grande vantagem de um evento como a Copa do Mundo é o legado que vai deixar para a população. Infelizmente, acho que na maioria das cidades esse legado não será deixado. O que era para ser feito em dez, 15 anos, vai ser feito em dois", comentou o dirigente, na noite de quinta-feira, em palestra na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
"A gente tem que aproveitar um evento como a Copa do Mundo para dar uma melhoria ao cidadão. Isso, sim, é muito mais importante que o futebol, que é apenas um jogo", acrescentou Sanchez.
De acordo com o ex-presidente do Corinthians, as reformas aeroportuárias, tão cobradas por CBF, Fifa e COL (Comitê Organizador Local), estão entre os principais problemas, mas ainda são menos graves que a falta de leitos para hospedar o volume de pessoas que visitará cada uma das 12 sedes do Mundial.
"Hoje precisamos de aeroportos, mas não temos hotéis nas cidades e isso é o mais grave. O aeroporto não é o pior, você espera duas ou três horas, mas entra. O lugar para dormir é essencial", afirmou. "Vão tentar achar alternativas, como navios em Santos, mas os hotéis ficam para as cidades, é algo que voltaria para a população."
Segundo Sanchez, a possibilidade dos novos estádios para a Copa serem esquecidos no futuro não deve acontecer. Para o dirigente, criar "elefantes brancos" pós-Mundial está fora de cogitação.
"Acredito que eles (organização) tenham feito os estudos necessários e criado arenas multiuso. Cidades como Manaus ou Cuiabá recebem muitos eventos, shows, que devem ser o principal uso. Não pode achar que vão fazer um campeonato forte com meia dúzia de clubes. Para virarem elefantes brancos, só se formos muito incompetentes", avaliou.
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Foto: Bruno Santos / Terra
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