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Copa das Confederações

Único titular branco, zagueirão sul-africano é ídolo da torcida

13 jun 2009 - 23h24
(atualizado em 14/6/2009 às 07h27)
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Allen Chahad

Direto de Johannesburgo

Quando a seleção sul-africana entra em campo e se alinha para a execução do hino nacional, uma imagem destoa. Lá estão dez jogadores negros e apenas um branco. Aliás, um gigante branco. Abraça os companheiros e canta a canção da pátria com ar de orgulho.

Matthew Booth, 32 anos, é do tipo beque de fazenda. "Bola para o mato, que o jogo é de campeonato". Não brinca em serviço. Sabe qual é a sua função e faz com determinação: destruir as jogadas adversárias.

E é de dar medo. É "apenas" o jogador mais alto da Copa das Confederações, com 1,98m. Neste domingo, às 11h (de Brasília), vai ter um curioso encontro com o Iraque, seleção do atleta mais baixo da competição - Basem Abbas, de 1,65m.

Além de Booth, apenas mais um jogador branco no elenco sul-africano - o goleiro reserva Rowen Fernández. Por quê? No país sede da Copa do Mundo de 2010, futebol é esporte dos negros. Os brancos jogam rúgbi ou críquete.

Na África do Sul não se pode misturar as bolas. O apartheid - nome dado ao regime de segregação racial finalizado apenas em 1994 - deixou marcas ainda muito frescas no cotidiano do país.

E, como Booth é uma exceção, pode parecer vítima de discriminação racial para os desavisados. Toda vez que vai tocar na bola durante o jogo, os torcedores fazem um barulho parecido com uma vaia.

"Eles estão protestando contra o número 14?", perguntam. "Não, ele é ídolo aqui. Estão gritando o nome dele". Explicação necessária. A pronúncia do nome de Booth em inglês fica algo parecido com "Buuuuu!". Agora imaginem um estádio inteiro gritando...

E é ídolo mesmo. Existem outdoors de patrocinadores com foto dele fazendo um belo voleio. Quando o lance em campo é mais marcante, como por exemplo um chutão na bola para a arquibancada, o "Buuuuu!" é seguido por aplausos.

Ainda amador, por ser o único branco do time que jogava, Booth ganhou o apelido de "Filho de Fiela" - referência a um romance tradicional na África do Sul de uma família negra que adota uma criança branca abandonada.

O defensor disputou a Olimpíada de Sydney-2000 com os Bafana-Bafana. Já jogou no futebol russo, mas atualmente defende o Mamelodi Sundowns no seu próprio país. Fora de campo, chama atenção por ser casado com Sonia Bonneventia, ex-miss, com quem tem dois filhos.

Matthew Booth é ídolo na África do Sul
Matthew Booth é ídolo na África do Sul
Foto: AP
Fonte: Terra
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