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Corintianos transformam avião em "busão"

3 jul 2009 - 19h10
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Sabe aqueles ônibus de aeroporto, que percorrem a pista levando os passageiros, devidamente acomodados e comportados, da sala de embarque até a porta do avião? Pois é, na tarde da última quarta-feira alguns desses pareciam um Jd. Colombo, lotado de torcedores, descendo a Rebouças em direção ao Morumbi. » Para Conca, Corinthians não assusta

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O som do aeroporto, marcado pela turbina dos aviões, se confundiu nesta tarde com os gritos, cantos e batuques da Fiel que, por volta das 17h30, embarcava com destino a Porto Alegre para o confronto final com o Inter.

Dentro do avião a farra só aumentou. Sambas enredo da Gaviões foram lembrados, as principais músicas e gritos dos estádios eram cantados. Naquele voo da TAM, completamente lotado, tudo era motivo para festa. Um simples serviço de bordo foi mote para um "El, el, el, sanduba pra Fiel". Um dos comissários de bordo, que trazia no rosto alguma semelhança com o goleiro Fábio Costa bastou para o grito de "É, Fábio Costa!".

Isso tudo entoado em uníssono e em tal volume que abafava até o estrondoso ruído das turbinas. Bem, se um dos comissários já tinha nome e sobrenome, Fábio Costa, o outro, mais moreninho, não demorou dois minutos para receber o seu: Elias, em homenagem ao volante do Corinthians. Era um tal de "Elias, cadê a cerveja?", "Aê Fábio, libera o rango!". Mas era mesmo um avião? Era.

Com a aeronave ainda no solo, Fábio Costa foi passar as instruções aos passageiros. A situação lembrou aqueles minutos de silêncio dos estádios, em que tudo acontece, menos o silêncio. Ao final, o goleiro, digo, o comissário não resistiu e disse: "Essas são as recomendações e... bom... não tem nem o que falar, vocês já tão cientes, então, vai, Corinthians!". Pronto. Ao ver que o comissário era mais um no bando de loucos, a torcida explodiu em gritos de guerra, berros, frases soltas, nem o piloto escapou. "Aê, motorista, vai ligeiro, hein!" Tudo o que a torcida queria era ser campeão.

E foi nesse clima de dia de jogo, onde comissário ganhou nome de jogador, onde o bagageiro virou surdo e onde o comandante virou "motorista" que o avião decolou rumo a Porto Alegre.

Possivelmente nunca antes um Airbus tenha feito tanto jus ao nome. A sensação de quem estava ali era realmente a de estar dentro de um ônibus a caminho do Morumbi ou do Pacaembu. E, como acontece nos ônibus, de tanto batuque, de tanto balanço, uma hora quebra. Quebrou. A queda das máscaras de oxigênio pendurada sob a cabeça de alguns torcedores foi, claro, motivo de festa para o resto do avião.

Contudo, os comissários ficaram preocupados. Primeiro o Elias, depois o Fábio Costa tentaram inutilmente arrumar e devolver as máscaras ao seu compartimento, avariado por conta das batucadas. Preocupado, Fábio Costa foi ao microfone e chamou a atenção da torcida.

"Só vou pedir pra vocês não ficarem batendo nos compartimentos das máscaras e no bagageiro porque, se cair, e se houver uma despressurização, quem estiver sem as máscaras vai morrer". Um, dois segundos de silêncio, até que o avião começar em couro: "Uh, vai morre-ê! Uh, vai morre-ê!", não tinha jeito, até o comissário riu, era tudo mesmo uma grande festa.

De contradições como o grito "É festa, é festa na favela!" - dentro de um voo que não foi tão barato assim -, até exageros como a depredação da aeronave e a realização de uma "ola" que, acreditem, fez o avião balançar no ar, o que aos poucos foi ficando claro é que aquilo era muito menos um voo e muito mais uma ida ao estádio. Era isso, uma simples ida ao estádio, que ganhou contornos hilários e dramáticos apenas por estar a 35 mil pés de altitude. No fundo, aqueles passageiros não buscavam nada de extraordinário, a não ser aquilo que todo passageiro sempre quer: uma viagem com um final feliz.

Fonte: Especial para Terra
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