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Futebol Internacional

Corrupção deixa futebol indonésio à beira da exclusão internacional

25 fev 2013 - 10h10
(atualizado às 10h41)
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O futebol da Indonésia tem menos de um mês para regular a má gestão, a corrupção, as dívidas, as ligas paralelas e a precária situação de alguns jogadores se quiser continuar participando das competições internacionais da Fifa. 

Em 20 de março, quando a seleção da Indonésia deve iniciar na fase de classificação para a Copa da Ásia, expira o prazo dado pela Fifa para solucionar esses problemas. 

As duas ligas nacionais paralelas da mesma categoria, a PSSI, auspiciada pela Federação de Futebol da Indonésia, e a KPSI, que agrupa os grandes clubes históricos, acordaram negociar em 17 de março. 

Apesar da reunião representar a maior aproximação entre ambas as divisões até o momento, só terão três dias para tomar uma decisão, considerado pelos analistas o nó górdio dos problemas do futebol indonésio.

"A boa notícia é que o esporte permanece, mas a má é que a guerra também. Todos os jogadores indonésios estão tristes. As duas partes precisam negociar e encontrar uma solução", diz Bambang Pamugkas, atacante internacional indonésio e um dos jogadores mais populares do país.

A rivalidade entre ambos os órgãos chega ao extremo do paradoxo, como o caso de Persija Jakarta, o maior time do país, que atua nas duas ligas com o mesmo nome e as mesmas cores, embora ambas as equipes sejam "de fato" diferentes entidades, com direções e conjuntos independentes.

Os atritos e a instabilidade geradas por ambas as competições, junto com as suspeitas de manipulação de partidas e corrupção, espantaram os patrocinadores, o que por sua vez repercutiu nos orçamentos dos clubes do país, limitando a renda e os pagamentos.

A consequência mais triste desta situação foi a trágica morte do jogador paraguaio Diego Mendieta, de 32 anos, que morreu em dezembro por conta de um citomegalovírus, um vírus comum que não é mortal se houver os cuidados médicos adequados.

Mendieta morreu após passar por vários hospitais da cidade de Surakarta, na ilha de Java, enquanto sua equipe, o Persis Solo, que devia quatro meses de salário, ignorava o fato, segundo denunciaram os familiares do jogador.

O jogador espanhol Xavi Pérez, que também jogou no Persis Solo durante uma temporada, explicou à Agência Efe que na Indonésia é "comum" que as equipes atrasem o pagamento dos atletas durante quatro ou cinco meses, e insistiu que há "muitos jogadores que estão nessa situação". 

"A corrupção está presente na vida diária do país, não somente no futebol, e isso faz com que haja uma insegurança constante para cobrar o salário, já que rescidem o contrato a qualquer momento ou prometem algo que depois não costumam cumprir", disse o jogador espanhol, que disputou duas temporadas em equipes indonésias e que hoje atua em um clube canadense.

Por conta do caso do atacante francês Moukwelle Ebanga Sylvain, que contraiu febre tifóide durante sua estadia na Indonésia e seu clube devia nove meses de salário, o sindicado mundial dos jogadores, FIFPro, cobrou soluções da Indonésia. 

"É incrível que poucas semanas depois do falecimento de Diego Mendieta, seja relatado outro caso de um jogador na Indonésia que sofre com uma doença séria e espera em vão por seu salário", disse o delegado da FIFPro para a Ásia e Oceania, Brendan Schwab.

A Indonésia, que só participou de uma Copa do Mundo - em 1936, quando o país era colônia holandesa - está atualmente no posto 156 da classificação da Fifa. 

No entanto, os grandes clubes internacionais observam com interesse a paixão pelo futebol entre os mais de 240 milhões de indonésios, especialmente entre os jovens, e o potencial de sua economia emergente.

A Inter de Milão e o Valencia disputaram partidas amistosas no ano passado na Indonésia, e Arsenal e Liverpool confirmaram excursões em 2013 com a intenção de abrir um novo e promissor mercado fascinado pelas estrelas estrangeiras. 

EFE   
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