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De origem humilde, garoto Vitinho vira espelho no Complexo do Alemão

13 mar 2013 - 07h34
(atualizado às 09h16)
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Ao ver Vitinho em campo com a obrigação de superar as defesas de Flamengo e Vasco, o torcedor do Botafogo poderia imaginar que essas foram as maiores barreiras do jovem de 19 anos até agora na vida. Mas isso ele tirou de letra. Para chegar à conquista da Taça Guanabara, Vitinho precisou dar dribles ainda mais ousados. Neste duelo, teve como adversários as imensas dificuldades de nascer e ser criado no Complexo do Alemão, uma região do Rio de Janeiro que durante muito tempo foi esquecido pelo Governo do Estado.  

Para se tornar jogador profissional, Vitinho precisou contar com a força da família e a sorte para poder chegar em casa com segurança após o período de treinos nas categorias de base do Audax, antes de se transferir para o Botafogo.   

"Treinava em São João de Meriti, muito longe de lá, e ficava com medo de voltar para casa muito tarde. Naquela época, não tinha como falar com ninguém em casa para saber como estava a situação do local, se estava tendo alguma operação, algum confronto... Venho de família humilde e não tínhamos como comprar um celular para nos comunicarmos. Graças a Deus nunca aconteceu nada", disse Vitinho.

A chegada aos profissionais e as consequentes boas atuações no Campeonato Carioca fizeram com que Vitinho passasse a ser admirado pela comunidade. Motivo de emoção para o camisa 31 alvinegro:

"Quando vou lá o pessoal fica muito feliz. Falam que sou o orgulho deles. Lá tinha o Adriano (da Vila Cruzeiro). Como pode num lugar daquele tamanho só ter o Adriano como jogador de futebol? Agora tem o Vitinho também (risos). Espero que as crianças possam se espelhar em mim e ver que é possível ser um jogador, seguir um caminho correto."

Ao chegar no Botafogo, imediatamente o meia Seedorf "adotou" os garotos do elenco como pupilos dele. E Vitinho está entre eles. Uma das demonstrações disso foi na final da Taça Guanabara, quando o holandês abraçou o garoto durante o segundo tempo e deu força para ele.

"Não só o Seedorf, mas todo mundo mesmo me ajuda. Sou muito grato a todos pela ajuda. Todos do elenco têm sido muito importantes para mim no Botafogo", agradeceu Vitinho.

Durante a festa do título do primeiro turno, ainda no gramado, Seedorf comentou sobre a relação com o garoto e disse que havia feito a parte dele para não deixá-lo se abater contra o Vasco. Para o holandês, Vitinho tem ainda muito para evoluir e será um grande jogador.

"Devo essa evolução ao meu pai e à minha família. Parecia que eu estava deixando meu talento escapar. Se não fosse eles, não teria aberto os olhos. Encontrei meu rumo e agora sei quais são os meus objetivos", disse, lembrando o apoio da família.

Além de Vitinho, o camisa 10 do Glorioso também tem uma relação estreita com o zagueiro Dória e o volante Gabriel. Este último, inclusive, é o companheiro de quarto do holandês na concentração. Levando em conta a evolução do trio, não há como negar a importância do meia.

Após mudança, Vitinho deu volta por cima no Bota

Apesar do excelente momento que vive hoje no Botafogo, Vitinho também já passou por dificuldades no clube. Quando subiu aos profissionais, no ano passado, o meia-atacante não convenceu e teve de ser rebaixado aos juniores novamente.

Da experiência, tirou forças e mudou de comportamento. Para ele, o retrocesso na carreira foi de grande importância:

"Estava vivendo um momento difícil na minha vida e não estava rendendo no profissional. Aí voltei para os juniores, fui convocado para a Seleção sub-20 e vi que as coisas estavam melhorando."

Vitinho também fez questão de agradecer a bronca do técnico Oswaldo de Oliveira. O camisa 31 revelou uma conversa dura entre os dois no ano passado:

"O Oswaldo uma vez me parou e disse: 'moleque, vai se cuidar, melhora essa cabeça que eu vou precisar de você. Conto com o seu futebol'".

Local ainda enfrenta problemas

O fato de ainda morar na comunidade – Vitinho está se mudando para um apartamento mais próximo ao Engenhão – fez o meia-atacante ver de perto o processo de reestruturação do local, que deu uma guinada definitiva com a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Mas, de acordo com o jogador, os problemas no Alemão ainda são frequentes.

"Hoje está muito melhor, mas ainda acontecem coisas que me deixam muito chateado. Às vezes, alguns policiais tratam mal moradores que são trabalhadores, achando que todos que moram em comunidade têm ligação com o tráfico. Apesar disso, está melhor. As crianças podem jogar bola na rua e andar sem ter tanta preocupação", explicou.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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