Falências, calendário e namoradas: a gestão Del Nero na FPF
Exatamente um ano após ser eleito como candidato único à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero assume efetivamente, nesta quinta-feira, o cargo mais alto do futebol nacional. O advogado paulistano de 74 anos, que presidia a Federação Paulista de Futebol (FPF) desde 2003, enfim chegou ao ponto mais sonhado de sua carreira. Mas qual o legado do dirigente após 12 anos no comando do esporte no estado de São Paulo? Segue um resumo do que foi a gestão do cartola que hoje é o mais poderoso do Brasil, mais de uma década após ascender à presidência da FPF por ser o vice mais velho na época da renúncia de Eduardo José Farah.
Falência de clubes tradicionais
Desde 2003, mais de 50 clubes fecharam as portas ou se licenciaram no interior paulista - dentre eles, alguns bastante tradicionais, como mostram os recentes exemplos de União São João e XV de Jaú. Eram seis divisões estaduais, hoje são quatro. A verba repassada pela FPF a esses times costuma ser insuficiente para cobrir os gastos das disputas das divisões inferiores do Campeonato Paulista, no primeiro semestre, e da nada atraente Copa Paulista, no segundo. A exigência de 2015 de que times da quarta divisão estadual tenham um estádio liberado em suas próprias cidades também fez com que alguns clubes desistissem de jogar - só 30 equipes disputaram o campeonato neste ano, número inferior a todas as temporadas anteriores.
Sucesso dos grandes no Brasil e no mundo
Se os pequenos não se deram nada bem ao longo da gestão de Del Nero, os grandes, por outro lado, obtiveram várias glória e sucessos nos últimos 12 anos. O São Paulo ganhou três Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial; o Corinthians venceu só um Brasileiro a menos; o Santos triunfou no Brasileiro 2004 e na Libertadores 2011. O Palmeiras, time de coração do presidente da FPF, foi justamente o menos bem-sucedido - o título de maior expressão foi a Copa do Brasil de 2012.
Calendário medíocre e fórmulas pitorescas
Um dos grandes responsáveis pela manutenção dos Campeonatos Estaduais como torneios longos para abrir a temporada, Del Nero mudou a fórmula do Paulista várias vezes para tentar manter o interesse do público e ao mesmo tempo não deixar patrocinadores escaparem. Já houve diversas formas de mata-mata e pontos corridos, com 21 e 20 times, até chegar ao formato atual - dividido em quatro grupos e que permite que clubes com menos pontos avancem às quartas de final em detrimento de equipe com mais pontos.
Não importa a fórmula, porém, uma coisa não mudou: os clubes pequenos que estão fora das Séries A, B, C e D do Brasileiro só têm calendário durante o primeiro semestre. Depois, resta jogar a deficitária Copa Paulista (normalmente só com as categorias de base) ou fechar as portas até o ano seguinte.
Mais dinheiro para as federações
Os clubes do interior podem receber pouca ajuda da rica FPF, mas isso não significa que Del Nero não tenha aberto os cofres. Só que foram os da CBF, quando ele já era o vice de seu apadrinhado político José Maria Marin na entidade nacional. A confederação dobrou os repasses mensais às federações estaduais e também levou o patrocínio que havia fechado com a Chevrolet a outros estados. Isso aumentou o lucro das federações estaduais. Isso aumentou o lucro das federações, "cativando" eleitores para que Del Nero pudesse chegar tranquilamente à presidencia da CBF - têm poder de voto os 27 presidentes das entidades estaduais e os 20 dos clubes da Série A.
Envolvimento em polêmicas
Tido como um homem de negócios frio e metódico, Del Nero não deixou de se envolver em algumas polêmicas ao longo de sua gestão na FPF. A principal delas talvez tenha sido o "caso Madonna" - na rodada final do Brasileiro de 2008, o dirigente denunciou um suposto "agrado" ao árbitro Wagner Tardelli para que ele apitasse em favor do São Paulo, que precisava de um empate contra o Goiás para ser campeão: um envelope com ingressos para o show da cantora Madonna, no Morumbi. O caso resultou na troca do juiz, mas a acusação não foi provada, e Del Nero teve que encarar um processo por danos morais de Tardelli.
Em 2013, outra polêmica, desta vez com Del Nero do outro lado - ele foi chamado de ladrão pelo então deputado federal Romário, que disse que o dirigente deveria pegar "100 anos de cadeia" por supostas fraudes na Conmebol, onde ele é membro do comitê executivo . O cartola processou o ex-jogador e ganhou.
Lindas e jovens mulheres
Por fim, Del Nero também se notabilizou nos últimos anos por relacionamentos com belas mulheres, bem mais jovens que ele. As jornalistas e modelos Carol Galan e Katherine Fontenele foram contratadas como apresentadoras da TV FPF e engataram romances com o presidente da entidade. Outros namoros incluíram as modelos Carol Muniz, ex-musa do Bahia, e Kelly Moniz, que foi musa do São Paulo. Algumas chegaram até a acompanhar Del Nero em viagens da Seleção Brasileira, mas todos os casos acabaram sendo passageiros. Agora como presidente da CBF, será que ele já tem uma nova beldade na mira?