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Deputados pressionam FPF a rever regulamento do Paulista

16 nov 2011 - 20h49
(atualizado às 21h37)
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Penapolense, Santacruzense, Velo Clube e São Carlos, os quatro clubes que ascenderam à Série A-2 do Campeonato Paulista de 2012, ainda não sabem se terão condições legais de disputar o torneio. A participação depende do sucesso da pressão exercida por deputados estaduais para que a Federação Paulista de Futebol (FPF) revise o artigo 33 do Regulamento Geral das Competições.

De acordo com a legislação, todos os clubes das Séries A-1 e A-2, para terem garantido o direito de acesso, "deverão possuir no município de sua sede estádio próprio, alugado ou por qualquer outra forma cedido" com capacidade mínima de 15 mil lugares. Ou seja, sem atender ao requisito, Penapolense, Santacruzense, Velo Clube e São Carlos cederiam as vagas para Juventus, Taubaté, XV de Jaú e Inter de Limeira. A exigência da FPF cai para 10 mil assentos na Série A-2 e 5 mil na segunda divisão.

Nesta quarta, em reunião conjunta da Frente Parlamentar em Defesa da Revisão do Número Mínimo de Lugares nos Estádios de Futebol, o deputado Vitor Sapienza (PPS) se exaltou com o regulamento que definiu como "estranho".

"Qual é o critério da Federação Paulista de Futebol? Será que ela conhece o interior do Estado? Parece que não. Será que existe interesse para favorecer times como Nacional, Juventus e outros da região para que subam sem ter que disputar um certame duro? Exijo que o Ministério Público acompanhe o que existe por trás disso", declarou o parlamentar, que tem número expressivo de eleitores em Santa Cruz do Rio Pardo, cidade da Santacruzense.

Éder do Lago Mendes Ferreira, representante do Ministério Público (MP), foi ao debate e ressalvou que o problema foge da alçada, pois a FPF e os clubes de futebol são entidades privadas.

"Mas sei que a média de público da Série A-1 do Campeonato Paulista não é superior a 6 mil pagantes. À exceção de Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e São Bernardo, todos os demais tiveram médias de público inferiores a 10 mil pessoas no último ano. Isso faz com que eu me posicione de forma favorável à redução do número mínimo de lugares nos estádios", explicou.

Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Revisão do Número Mínimo de Lugares dos Estádios de Futebol, Aldo Demarchi (DEM) acrescentou que a FPF criou um problema para os governos municipais. O deputado estadual já foi vereador, vice-prefeito e prefeito de Rio Claro, onde está sediado o Velo Clube, e ganhou respaldo de Marcos Monti, presidente da Associação Paulista de Municípios (APM), em sua tese.

"Para corresponder aos desejos da população, que quer ver o time jogando, os municípios gastarão um dinheiro que não têm para fornecer arquibancadas, que não serão ocupadas. Na A-2, a média de público é de mil espectadores! Esses recursos poderiam ser destinados a merendas, saneamento básico ou até em sanitários e seguranças nos estádios. Vamos acabar com o futebol do interior se não mudarmos o regulamento", advertiu Demarchi, embora o procurador Éder do Lago tenha ponderado que o investimento nas arenas é uma "decisão política" de cada prefeito.

A FPF foi representada na reunião pelo coronel Isidro Suita Martinez, vice-presidente do departamento de competições, que divergiu inteiramente de Aldo Demarchi. Para ele, o regulamento existe justamente para garantir a sobrevivência do futebol estadual.

"Todos já sabem que a regra foi estabelecida há aproximadamente 40 anos, em votação unânime. Já temos mais de 100 clubes cadastrados na Federação Paulista de Futebol. Se reduzirmos as nossas exigências para os estádios, não teremos vagas para tanta gente e levaremos o futebol paulista à falência", afirmou. Segundo ele, 44 arenas já estão adequadas para receber jogos das Séries A-1 e A-2.

Vitor Sapienza enervou-se um pouco mais após a manifestação de Martinez. "Um regulamento não pode deixar de sofrer revisões em 40 anos. A sociedade muda. Hoje, temos televisão, internet! E, há 40 anos, quem presidia a Federação Paulista de Futebol era o Nabi Abi Chedid, político e dirigente do Bragantino que pintou e bordou, e todo mundo sabe disso. Ele pressionava os clubes do interior a fazerem campanha para ele. Bastou o Nabi falecer para o Bragantino falecer junto", atacou.

"Nem conheci o Nabi Abi Chedid. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É como se eu me candidatasse a deputado e o senhor dissesse que a FPF me elegeu", rebateu Martinez.

"Mas posso garantir que não existe mais jeitinho na Federação Paulista de Futebol. Temos a primeira federação da América Latina com certificado ISO. A nossa lei está estabelecida e não pode mudar assim. É algo que deve ser discutido e votado, em consenso com todos os clubes", complementou o vice-presidente do departamento de competições da FPF.

Martinez ainda reforçou que os clubes do interior precisam de estádios com maior capacidade de público para enfrentar Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras, times de grandes torcidas. Demarchi, então, contra-argumentou ao lembrar que clássicos recentes entre corintianos e palmeirenses foram disputados em Presidente Prudente, a 560 km da capital paulista.

"Podemos recorrer a estádios de cidades próximas, vizinhas, para esses jogos. É muito mais perto, por exemplo, do que o caminho de um torcedor que deixa a Zona Leste para ir ao Pacaembu".

Apesar das diversas divergências, o coronel Isidro Martinez garantiu que a FPF está "sensibilizada" com a causa dos clubes do interior e prometeu levar o caso a Marco Polo Del Nero, presidente da entidade. Vitor Sapienza demonstrou confiança na resolução.

"Saio da reunião bastante otimista. Não falei em manobra em nenhum momento, mas queriam fazer isso. Estamos evitando. A gente se rebelou contra a Fifa por causa de meias-entradas e venda de bebidas alcoolicas, mas a FPF está fazendo pior", comparou o deputado estadual.

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Foto: Getty Images
Fonte: Gazeta Esportiva
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