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Eliminatórias 2014

Argentina x Brasil é marcado por pontapés e "catimba"

5 set 2009 - 09h40
(atualizado às 09h48)
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Vigor. Catimba. Adjetivos para cercar o clássico histórico entre Brasil e Argentina não faltam. São 95 anos de história, 92 jogos, 36 vitórias brasileiras, 33 argentinas, 23 empates e muitas emoções. Em Copas do Mundo foram quatro confrontos. Duas vitórias brasileiras (1974, 1982), uma argentina (1990) e um empate (1978). Esta última guerra ocorreu no Estádio Gigante de Arroyito, o mesmo da partida deste sábado à noite em Rosário.

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Na memória brasileira, um confronto frustrante em função de tudo que o envolveu.

Era a segunda fase da Copa de 1978, na Argentina. Oito seleções divididas em dois grupos de quatro jogavam entre si na briga por uma única vaga. Os dois melhores de cada grupo disputavam a final. Na chave brasileira, a dona da casa, Polônia e Peru lutavam pelo primeiro lugar. Incontestavelmente mais fortes, Brasil e Argentina realizaram a batalha de Rosário.

"Aquele jogo ocorreu em meio a um contexto muito específico. A Argentina passava por um momento delicado (ditadura do general Jorge Rafael Videla) e eles jogavam em casa uma Copa do Mundo. Ou seja, motivos a mais para esquentar o jogo. Em campo, o pessoal puxa teu cabelo, fala bobagem contigo, tudo aquilo que a gente conhece bem", disse o atacante da Seleção em 78 Roberto Dinamite.

A catimba argentina, como de costume, se fez presente. No jogo violento dos mandantes, o Brasil respondeu à altura.

"Queria muito entrar no jogo".

Acabei tendo a oportunidade com a saída do Rodrigues Neto. Distribuí logo umas duas ou três porradas para eles acalmarem um pouco.

"Estavam batendo demais. Acertei até o olho do Luque e ele ficou mal até o fim da copa. Mas fato é que eles começaram a jogar mais e bater menos depois. Naquele tempo não havia essa presença da TV como hoje. Então, já viu... O pessoal batia", disse Edinho, lateral da Seleção, que entrou na partida ainda no primeiro tempo.

O zagueiro Oscar lembra que a pressão ocorreu não só dentro de campo.

"São dois países que lutam pela hegemonia na América do Sul. Naquela ocasião houve muita pressão. Na noite anterior não conseguíamos dormir porque os torcedores jogavam foguetes. A polícia teve de ser acionada três vezes".

O jogador ainda contou detalhes sobre o ambiente dentro do campo.

"Na hora do jogo, sob ordem do Coutinho (o técnico Cláudio Coutinho), fomos aquecer no gramado antes da partida para sentir logo a pressão e o gramado. Aí já viu... Foi vaia e papel higiênico na cabeça até não parar mais. Eles fizeram a festa. Na hora do jogo, já não tinha nem mais graça. Nossa tática deu certo", afirmou, e completou: "a gente levou cotovelada, pontapé mas eu, Chicão e Batista respondemos".

No meio do campo, Batista era o xerife da Seleção. Para o ex-jogador, o Brasil foi melhor no jogo com três chances claras.

"Com o incentivo da torcida, eles correram o dobro, claro. Nesses casos cabe ao adversário não se intimidar. Nós respondemos ao vigor dos caras com a mesma vitalidade".

Em jogos como esse é preciso dar mais que o normal.

"Correspondemos: tivemos mais chances claras que eles", disse, antes de apontar o salvador da pátria argentino. "Era o dia do Fillol. Estava pegando tudo".

A partida sem gols deixou a classificação em aberto para a última rodada. O Brasil venceu a Polônia e liderava o grupo com três gols a mais de saldo que a Argentina. A rival precisava então de quatro gols contra o Peru. Conseguiu seis. As circunstâncias em que o placar foi alcançado foram polêmicas e deram margem a suspeitas de suborno por parte dos argentinos.

"Que foi estranho, foi. Mas não podemos afirmar nada. O cambalacho ocorreu mesmo na mudança do horário da partida deles. Adiantaram em duas horas para entrarem em campo sabendo quantos gols precisavam. No fim das contas, fizeram seis e fariam oito se precisassem", disse Oscar.

Neste sábado, em Rosário, palco de apenas dois clássicos na história (o de 1978 e outro na Copa América de 1975, vencido por 1 a 0 pelo Brasil), os contornos do duelo não são tão dramáticos, já que a partida é pelas Eliminatórias. Mas Roberto Dinamite avisa que, em se tratando de Brasil e Argentina, os nervos sempre ficam à flor da pele.

"Costumo dizer que se for organizada uma mera pelada de rua com brasileiros de um lado e argentinos do outro, o clima vai esquentar. Sempre sobra emoção", afirmou.

Dunga faz parte de alguns capítulos da história do clássico
Dunga faz parte de alguns capítulos da história do clássico
Foto: AFP
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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