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Em boa fase, Flamengo Sucre sonha com acesso inédito à elite boliviana

24 fev 2013 - 11h16
(atualizado às 11h22)
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Em maio de 1966, um grupo de bolivianos teve a ideia de fundar um clube para homenagear o futebol brasileiro. Pelas cores do uniforme, o Flamengo foi a fonte de inspiração. Com sede em Sucre, a agremiação foi batizada com o mesmo nome do Rubro-Negro carioca. Após 46 anos de vida institucional, o Flamengo Sucre representa um pequeno pedaço da “Nação” nos altiplanos da Bolívia e sonha com um feito inédito: o acesso à elite do futebol nacional. Está próximo, com boas chances de se classificar. Neste domingo, o “Mengón” enfrenta o Guabirá, pela primeira rodada do hexagonal final da Nacional B (Segunda Divisão).

– O Guabirá caiu para a Segunda Divisão na última temporada e, agora, obviamente, quer retornar. É uma equipe que tem muito dinheiro. Mas em campo são 11 contra 11. Temos muita fé que podemos ter um bom desempenho nesta partida do fim de semana e arrancar alguns pontos deles – disse Juan Ortega Matienzo, presidente do Flamengo Sucre.

Segundo colocado do Grupo C, com 13 pontos (três vitórias, quatro empates e uma derrota), o Flamengo Sucre garantiu sua vaga na fase final da competição e agora terá pela frente mais cinco desafios em busca da ascensão à Primeira Divisão. Os próximos adversários do Rubro-Negro boliviano na “Copa Símon Bolívar – Nacional B” são Guabirá, Sport Boys, Real Santa Cruz, Oruro Royal e Ciclón. No sistema de disputa do hexagonal, todos jogam entre si. O campeão sobe direto. O vice disputa uma repescagem contra o penúltimo colocado da Série A.

– Um resultado positivo contra o Guabirá motivará ainda mais o Fla e dará mais confiança aos nossos torcedores para que nos assistam no Estádio Patria, onde mandamos nossos jogos. Estas são algumas de nossas apostas para gerar receitas e pagar as dívidas que temos. No entanto, sabemos que a partida deste domingo será muito difícil. Jogaremos fora, na cidade de Montero.

Juan Ortega, presidente do Flamengo Sucre, comemora título nas divisões amadoras

Localizada na parte sul-central da Bolívia, Sucre é a capital constitucional do país. Na cidade, que atrai milhares de turistas todos os anos graças ao seu centro histórico bem conservado, também funciona a embaixada oficial do Flamengo na Bolívia (a Fla-Sucre, criada em 2009), formada por um dos grupos de torcedores rubro-negros mais ativos do exterior e que serviu de porto seguro para a matriz brasileira no ano passado realizar parte de sua pré-temporada.

– Desde 2007, quando o Márcio Braga era presidente do Flamengo, construímos uma boa relação com eles. Sempre tivemos em mente a criação de uma aliança que beneficie os dois lados.

Na acanhada sede (a casa do Flamengo Sucre), uma verdadeira viagem no tempo: histórias e lembranças foram eternizadas em pequenos quadros e pôsteres distribuídos por todo o ambiente para narrar a discreta trajetória do “Mengón” no futebol local. A sala de troféus se resume a uma mesinha aonde ficam expostas as principais conquistas da equipe.

A poucos metros do Estádio Olímpico Patria, numa rua estreita, o tímido estabelecimento é o retrato do esforço contínuo que Juan Ortega, ex-empregado de uma empresa de telecomunicações, e sua família fazem para manter em atividade o que se tornou um verdadeiro ponto de encontro de apaixonados torcedores rubro-negros oriundos de todas as partes do mundo. No local, latões transformados em cofrinhos para arrecadar fundos evidenciam a difícil realidade econômica encarada pelo clube boliviano.

– Hoje, o meu Flamengo é o segundo clube mais importante de Sucre e a cada dia possui mais torcedores. Atualmente, somos vários espalhados por toda a Bolívia. No entanto, temos muitas dificuldades financeiras. O Flamengo Sucre não tem apoio. Na verdade, a única ajuda que recebemos é de uma indústria de cimento que dá um suporte para todas as instituições desportivas daqui. As dívidas estão nos levando a vender parte das ações do clube – explicou Juan.

Próximo ao Estádio Patria, a sede do Flamengo Sucre virou ponto de encontro de rubro-negros

Com uma folha de gastos em torno de US$ 18 mil (R$ 35 mil) por mês, o Flamengo Sucre sempre conviveu com os problemas financeiros. Em 1988, por falta de recursos, o Rubro-Negro fechou suas portas para o futebol profissional. Porém, a paixão aflorou novamente em 2007, quando o Flamengo do Rio Janeiro desembarcou na Bolívia para enfrentar o Real Potosí. Neste mesmo ano, o clube de Sucre foi refundado.

Atualmente, seus dirigentes pagam alguns dólares do próprio bolso para cobrir um buraco contraído (o valor não foi revelado) com a falta de apoio para manter o time de futebol na Nacional B.

– Por causa de nossa primeira participação na Nacional B(em 2011), por exemplo, assumimos algumas dívidas. O meu irmão, inclusive, tem uma com um banco local. Neste momento, a falta de dinheiro é a nossa maior dificuldade. O Flamengo mudou minha vida completamente. Até perdi meu emprego. Tenho muitos problemas familiares por causa disso, mas continuo sonhando. Sou Flamengo e não desisto.

Apesar das dificuldades financeiras, o time boliviano passou a acumular resultados positivos e fez boas campanhas nos últimos anos. Foi campeão das divisões amadoras de acesso em 2007, 2008 e 2009. Desde 2011, o esquadrão comandado pelo técnico Guido Campos Iglesias disputa a Segundona e tenta figurar entre os principais times do futebol boliviano, sonho de Juan Ortega.

– O segredo do êxito creio que é a paixão, o amor, a humildade e o compromisso. Os sonhos servem para construir o futuro. Com este pensamento, estamos moldando o Flamengo Sucre. O meu maior sonho é ver meu Flamengo sendo campeão boliviano, mas é muito complicado dar continuidade a nossa caminhada se não houver ajuda. Eu faço até um apelo aos flamenguistas que queiram nos ajudar. Entrem em contato, por favor.

Flamengo Sucre, um reduto de rubro-negros na Bolívia

Mesmo com todos os problemas, Juan Ortega se motiva com o exemplo passado pela nova diretoria do Rubro-Negro carioca para equilibrar as finanças. Acreditando na boa fase do time brasileiro no início deste ano, o presidente da filial de Sucre vai um pouco além e diz que tem o desejo de, quem sabe um dia, enfrentar o xará famoso na Libertadores.

– Todos os dias recebo notícias do Flamengo. Tenho muita fé na nova diretoria do clube. Principalmente, no que diz respeito aos que comandam o setor financeiro da entidade. Espero que neste momento este ato sirva de motivação e acredito, como um bom flamenguista, que buscaremos o título do Brasileirão. Gostaria de ver um dia o “Mais querido” e o meu Fla se enfrentando na Libertadores. Una Vez Flamengo, Siempre Flamengo...... Hasta morir Flamengoooooo – concluiu Juan Ortega, em bom espanhol.

Até o dia 27 de abril serão conhecidas as duas equipes promovidas à elite do futebol boliviano.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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