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Em cenário melancólico, Goiânia fica perto da 3ª divisão

2 set 2014 - 15h21
(atualizado às 16h09)
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Goiânia não segurou e sofreu a virada do Santa Helena
Goiânia não segurou e sofreu a virada do Santa Helena
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

Um dos clubes mais tradicionais e vitoriosos do futebol goiano, o Goiânia Esporte Clube, 14 vezes campeão estadual, escreve uma página triste de sua história. A equipe alvinegra, que carrega o nome da capital, fracassou mais uma vez na tentativa de retornar à elite do Campeonato Goiano e agora luta para evitar a queda para a terceira divisão.

Na manhã do último domingo, o Goiânia recebeu o Santa Helena no Estádio Plínio José de Souza, em Senador Canedo, cidade situada na região metropolitana de Goiânia e foi derrotado por 2 a 1, de virada. O time alvinegro não tem estádio para mandar seus jogos e perambulou nos últimos anos pela Serrinha (estádio do Goiás), Onésio Brasileiro Alvarenga (do Vila Nova), e em cidades próximas como Aparecida de Goiânia e Inhumas.

O estádio Plínio José de Souza tem um campo muito pequeno e com o estado de gramado ruim, as condições para o trabalho dos jogadores, da imprensa são as mínimas. Mesma situação para o conforto dos torcedores. Outro problema é que a linha da lateral fica a aproximadamente 1,20 m do alambrado que separa o campo das arquibancadas. O perigo de acidente é grande.

Casal de torcedores do Goiânia tenta se proteger do sol escaldante
Casal de torcedores do Goiânia tenta se proteger do sol escaldante
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

Com a partida sendo realizada às 10h (de Brasília), o calor superior a 30 graus castigou os 93 torcedores pagantes (renda de R$ 885) que disputavam um lugar à sombra, principalmente atrás dos postes que davam sustentação aos refletores do estádio. A outra alternativa era o guarda-chuva.

A exposição ao sol forte foi ampliada por dez minutos, já que o início do jogo sofreu um atraso por falta de ambulância no estádio. Outra situação inusitada fez com que o segundo tempo se arrastasse até os 52 minutos. Na metade da etapa complementar, a bola esvaziou e não existia outra para reposição imediata. Durante o jogo, os jogadores chutavam bolas diversas vezes para fora do estádio que caíam nos lotes vizinhos.

Sombra do poste era o "camarote" no Plínio José de Souza
Sombra do poste era o "camarote" no Plínio José de Souza
Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

O cenário é melancólico, não menos que a situação do Goiânia que já jogou o Campeonato Brasileiro da primeira divisão quatro vezes na década de 1970. O alvinegro, apelidado de Galo Carijó, vive jejum de 40 anos sem ganhar um Campeonato Goiano, o último foi em 1974. O clube nunca mais ganhou o estadual depois que o estádio Serra Dourada foi inaugurado.

A tradicional equipe entrou em campo no último ainda alimentando o sonho de classificação, mas com a derrota ficou com três pontos no Grupo A e perdeu as chances. Agora, o time mais poderoso do início do futebol goiano tenta não ser rebaixado para a terceira divisão local. Tem mais dois jogos para tentar evitar o pior.

Pressão adversária

Apesar de jogar fora de casa, o Santa Helena teve maioria da torcida nas arquibancadas. Um grupo de aproximadamente 50 torcedores viajou 240 km para apoiar seu clube, o Fantasma do Sudoeste. Denominada “Fúria Tricolor”, a torcida helenista roubou a cena no estádio e fez com que a partida ganhasse um tom menos dramático.

Agoniado, torcedor do Goiânia acompanha partida com rádio de pilha
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Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

Colada no alambrado atrás de um dos gols, fez do experiente Paulo Musse “o melhor goleiro do Brasil” e ainda viu de perto a virada do Santa Helena no segundo tempo. Na comemoração dos gols de Danilo e Cazão, os jogadores do SHEC foram vibrar com os torcedores no alambrado.

Além de infernizar a vida do goleiro Fernando Gabas durante todo o segundo tempo, os visitantes deixaram o estádio zombando do Goiânia aos gritos de “Terceira divisão, terceira divisão!”.

Categorias de base é a solução

Figura emblemática, Vicente Arican, presidente do Goiânia, falou grosso após a derrota para o Santa Helena. Dirigente histórico da equipe alvinegra, Arican tem mandato até maio de 2016 e disse que vai ficar até o fim, independentemente se o Goiânia cair ou não para a terceira divisão.

Nada de gourmet! Seu Geraldo levou uma sacola de tangerinas para o estádio
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Foto: João Paulo Di Medeiros / MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra

O dirigente aposta nas categorias de base do clube para salvar o Goiânia de um provável fim. O presidente citou como exemplo a campanha do alvinegro na Taça São Paulo desta temporada, quando o Goiânia desbancou Red Bull Brasil, Mogi Mirim e Avaí na primeira fase, sendo eliminado para o América-MG na fase seguinte.

“A campanha que o nosso time sub-20 tem feito é minha resposta para o torcedor. Eles sabem que eu assumi o Goiânia só para não deixar sumir até o escudo, porque diretores anteriores fizeram coisas muito erradas”, frisou.

“Se o pessoal estiver esperando que eu vá largar o Goiânia, eles estão enganados. O meu mandato vai até o mês de maio de 2016, enquanto eu não corrigir essa lambança que é o Goiânia eu não vou largar”, ressaltou.

Fonte: MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra MEI João Paulo Bezerra Di Medeiros - Especial para o Terra
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