No interior paulista, Ronaldo é festejado até por rivais
Principal atração do Campeonato Paulista em seu retorno ao Brasil mais de 14 anos após trocar o Cruzeiro pelo holandês PSV, o atacante Ronaldo não é motivo de festa somente para a torcida do Corinthians, como também fará a alegria de espectadores do interior de São Paulo e até de seus rivais na disputa do Estadual de 2009.
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Em seus primeiros compromissos oficiais pela equipe do Parque São Jorge, o ex-atacante de Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan não estará em ação apenas nos principais estádios do País e será visto em centros mais acanhados e pouco conhecidos do grande público nacional.
Nos 19 jogos que fará somente na primeira fase do Paulista, Ronaldo pisará no gramado do Morumbi duas vezes (nos clássicos contra São Paulo e Palmeiras), jogará dez partidas com o Corinthians como mandante no Pacaembu, que certamente terão grande presença de público, e, por fim, viajará sete vezes para o interior do Estado, conhecendo as praças esportivas de Bragança Paulista, Jundiaí, Guaratinguetá, Marília, Santo André, Campinas e Mirassol.
Primeiro adversário que receberá Ronaldo em seus domínios, o Bragantino já comemora a ilustre visita do próximo dia 25 e adianta que pretende fazer uma grande festa para o atacante, pelos "serviços prestados ao País", caso o artilheiro esteja presente na cidade.
"Se ele for a Bragança, vamos inaugurar uma placa em homenagem a ele. Será uma placa de homenagem pela passagem do Ronaldo pela cidade, lembrando seus títulos mundiais e sua importância no futebol", disse o presidente Marco Chedid, em entrevista ao Terra, que confirma também que a lembrança ficará exposta no saguão do Estádio Marcelo Stéfani. "Vamos fazer uma festa bonita para o Ronaldo aqui", garantiu.
No dia em que a cidade de São Paulo comemora o seu 455º aniversário, o clube do interior já prepara uma grande festa e pretende anunciar as mudanças na estrutura, mesmo que a presença de Ronaldo ainda não esteja confirmada. Em fase de recuperação de uma lesão no joelho, o atacante segue sem data de estréia no Corinthians, mas já anima os adversários.
"Esperamos lotação máxima. Também vamos mudar o nome do estádio para Nabi Chedid (ex-presidente do clube e da Federação Paulista de Futebol) e mostraremos a reforma que tivemos. Melhoramos o estádio, que hoje conta com 22 cabines de rádio e televisão, 25 camarotes e um restaurante que vai funcionar 24 horas por dia, comportando até 200 pessoas. Também aumentamos a capacidade, que terá 22 mil lugares ao invés dos 15 mil e temos um novo gramado, que foi todo trocado", diz Chedid.
Outro palco que receberá o novo clube de Ronaldo no Estadual é o Dário Rodrigues Leite, localizado na região do Vale da Paraíba, em Guaratinguetá. Um ano depois de abrigar a estréia de Adriano no São Paulo, o estádio provavelmente contará com outro grande nome do futebol mundial no dia 21 de fevereiro, pela nona rodada, e ganhará destaque novamente na imprensa européia.
"No ano de 2008, nós já estreamos o Adriano. Como deve acontecer com o Ronaldo, tivemos a presença da imprensa do mundo todo, principalmente da Itália, e fomos manchete em vários países. Sem querer fazer comparações entre Adriano e Ronaldo, mas é tudo o que esperamos novamente", disse o presidente do clube, Carlos Arini, garantindo também que o estádio não terá mudanças para receber o novo camisa nove corintiano.
"Só o fato de o Ronaldo estar em Guaratinguetá já será motivo de orgulho e a sua volta ao futebol brasileiro será muito boa, vai ser fantástica. Vamos receber um dos melhores jogadores não só do Brasil, mas da história. Vai ser um espetáculo bom para a cidade e para o Vale do Paraíba em todos os sentidos, além de agradar outros públicos, já que estamos localizados próximos a São Paulo, Minas e Rio", completou.
Adversário da estréia do Corinthians no Paulista, o Barueri não mostra preocupação com a possibilidade, mesmo que remota, de enfrentar Ronaldo no primeiro jogo, no próximo dia 22, no Pacaembu. Para o diretor de futebol Pedro Alcazar Neto, a presença de Ronaldo será até vantajosa para a equipe que acaba de conquistar o acesso à elite do futebol nacional.
"Nós temos muito respeito pelo Ronaldo, mas não acredito que ele estréie contra a gente. Se ele entrar, não vai estar apto, vai estar fora de forma e será mais uma estratégia de marketing", disse.
"Sinceramente, se ele jogar, será melhor para a gente. Ele não vai estar em sua plena forma física e estaria tirando a condição de um atleta em melhor estado comprometer a nossa defesa", completou, citando a qualidade de atacantes como Dentinho e os recém-contratados Jorge Henrique e Souza.
Terceiro adversário do Corinthians em sua caminhada na luta do 26º título estadual, o Botafogo-SP lamenta a fórmula de turno único da competição, que faz com que o clube não receba Ronaldo e companhia em seu estádio, o Santa Cruz, e com isso encha os cofres com a grande presença do público que gostaria de ver o atacante da Seleção nas Copas de 1994, 1998, 2002 e 2006.
"Seria bom ter o Corinthians aqui em Ribeirão Preto, ainda mais com o Ronaldo. É uma situação ótima para qualquer clube trazer o Corinthians e seria uma coisa fantástica se viesse para cá, assim como é sensacional receber também o São Paulo, o Palmeiras e outros grandes clubes", disse o gerente de futebol José Galli Neto, que, como lateral-direito, passou pelo Parque São Jorge em 1974.
Com a experiência de viver a mesma situação em seus tempos de jogador, Galli disse que não se surpreenderá com o assédio de adversários a Ronaldo e não descartou conversar pessoalmente com o atacante, caso surja a oportunidade.
"Se tiver (assédio), não vejo nada de anormal, cada um tem o seu ídolo e não tem nada de extraordinário. É como também fazia quando enfrentava o Pelé no passado", disse.
Como prova de que a admiração não parte somente dos jogadores que estão do outro lado, o diretor de futebol do Barueri também se mostrou ansioso com a possibilidade de ver Ronaldo de perto e minimizou o encontro entre ídolos e fãs em equipes opostas.
"Acredito que isso não irá pesar. Todos estão querendo se destacar no cenário nacional e vão buscar dar o máximo em campo. Mas até o dirigente, se puder, se tiver oportunidade, vai dar um abraço e vai querer conhecer, ou mesmo falar alguma frase motivacional. Não vejo problemas, não. Eu e meu filho podemos ir lá e qualquer pessoa no meio do futebol teria essa vontade e não deve ter medo", afirmou.
Enquanto uns vêem com normalidade um pedido de autógrafo ou mesmo uma foto com o ídolo após o final dos 90 minutos, outros acreditam que o fato não deve ser presenciado no Paulista. Arini, do Guaratinguetá, mantém a confiança em seu elenco e descarta qualquer tipo de tietagem ao rival.
"Temos uma grande motivação de jogar contra o Corinthians e também temos o prazer de dividir o campo com o Ronaldo, mas não acredito em tietagem. A troca de camisas já é algo normal no futebol, mas eu não acredito em autógrafos e esse tipo de tietagem porque eu conheço bem o meu elenco, é muito maduro, inclusive alguns já estiveram até no exterior", finalizou.
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