Boa fase de rivais compõe "calvário" do Santa Cruz
O início da série de rebaixamentos que levou o Santa Cruz da Série A para a Série D se deu em 2006. No mesmo ano, para abrir ainda mais a ferida dos torcedores do clube tricolor, Sport e Náutico, respectivamente após cinco e 12 anos, vinham da segunda divisão novamente para a elite. Desde então, os dois rivais se fortaleceram, ampliando ainda mais a dor que paira sobre o Estádio Arruda.
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"A gente sabe que o Sport e o Náutico já estão bem à frente. Não só em infra-estrutura, mas em todos os aspectos. O Santa Cruz tem uma tradição muito grande, mas ainda está engatinhando, se reformulando. Reformou o estádio e quer construir um centro de treinamento para trabalhar também a garotada. É o início de um trabalho", aponta Márcio Bittencourt, treinador do clube tricolor.
Em 2008, o Sport voltou a conquistar um título nacional e elevou o orgulho dos rubro-negros de Pernambuco. Para levantar o troféu da Copa do Brasil, bateu grandes como Palmeiras, Internacional, Vasco e Corinthians, o que deu ainda mais brilho para sua conquista. Já para 2009, a possibilidade de disputar a Copa Libertadores fez com que os dirigentes do clube aumentassem o teto salarial, ampliando a disparidade que já existe, neste momento, com o Santa Cruz.
O presidente do clube tricolor, Fernando Bezerra Coelho, reforça a distância que há entre os dois clubes apontando exatamente esses fatores econômicos. "Hoje, nossa folha salarial é de no máximo R$ 500 mil. A do Náutico é o dobro e, a do Sport, provavelmente o triplo. O Santa Cruz está começando do zero", explica.
O Náutico também vive um momento especial de sua história. Apesar de não conquistar títulos desde 2004, o clube alvirrubro ¿ assim como o rival Sport -, completará em 2009 o terceiro ano consecutivo na Série A. Para essa temporada, também, recebe uma verba maior do Clube dos 13, o que lhe tem permitido atrair bons reforços como Carlinhos Bala, ídolo na Ilha do Retiro e no Arruda, e Somália.
Pelos nomes que buscou para 2009, e em razão do momento delicado do Santa Cruz e do envolvimento do Sport com a Copa Libertadores, o Náutico é apontado pela imprensa local como o principal favorito ao título estadual de 2009. "Esse bom momento dos rivais aumenta muito a pressão sobre o nosso trabalho", admite Fernando Bezerra Coelho.
Embora o projeto do Santa Cruz para a temporada, reconhecidamente, seja o de voltar para a Série C e se reestruturar fora de campo, ninguém afasta a possibilidade de títulos. E a Copa do Brasil, em que o clube estréia no dia 18 de fevereiro contra o Americano-RJ, é um objetivo levado em conta no Estádio Arruda. "É um projeto e a gente vai encarar a Copa do Brasil como um torneio rápido. Você precisa ganhar fora e fazer o dever em casa. É difícil de ganhar, mas vamos tentar", avalia Márcio Bittencourt.
Em uma temporada de difícil extração de recursos, a direção do Santa Cruz admite uma boa campanha na Copa do Brasil, inclusive, como necessidade. "A Série D não é rentável, então temos que ir o mais longe possível na Copa do Brasil para retomar esse processo de crescimento, que demanda tempo e investimentos", explica o presidente Fernando, também citando o Campeonato Pernambucano como um objetivo real.
Nas últimas 15 edições do estadual, o Santa Cruz só venceu dois, em 1995 e 2005. No mesmo período, a dinastia do Sport se solidificou com nada menos que 10 conquistas, ampliando a distância no geral para 37 contra 24 títulos. O Estádio Arruda, mais do que nunca, clama por taças.
