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Opositor diz que manterá parceria e projeto da Arena

26 jan 2009 - 12h28
(atualizado às 12h33)
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Poucos clubes brasileiros têm a política tão agitada quanto o Palmeiras. E após diversos nomes terem sido cogitados para a sucessão de Affonso Della Monica, Roberto Frizzo é quem assumiu o papel de oposição à atual chapa, que tem o economista Luiz Gonzaga Belluzzo como o seu representante para a eleição da noite desta segunda-feira.

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Roberto Frizzo, 63 anos, é empresário paulistano. Está envolvido com a vida política do Palmeiras desde o fim dos anos 70 e tentará, nesta segunda-feira, se eleger presidente. Candidato também em 2007, acabou batido por Della Monica na ocasião.

Em entrevista exclusiva ao Terra, Roberto Frizzo diz não se preocupar com a constante associação que se faz de seu nome ao de Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005. Segundo Frizzo, todos fazem parte de um grupo político e talvez nem ele fosse a indicação pessoal de Mustafá para o cargo.

Além disso, o candidato ressalta que deve dar seguimento ao trabalho de Vanderlei Luxemburgo, à construção da Arena Palestra e também da parceria com a Traffic.

Terra - O senhor é a favor ou contra parceria com a Traffic? Ela segue com o Palmeiras?

Roberto Frizzo - Já tenho dito em minhas manifestações que hoje os grandes clubes precisam de grandes parceiros. A Traffic tem um acordo com o Palmeiras, não é com nenhuma pessoa. A parceria tem sido interessante para o clube, é uma empresa de sucesso e o dono é palmeirense. Ela também tem aportado atletas importantes no clube e acho que isso deve continuar e é necessário. Mas que não nos esqueçamos de trabalhar com eficiência nossa equipe de base para ter uma mescla entre os nossos jogadores e os do parceiro.

Terra - Com relação ao (Vanderlei) Luxemburgo, o que acontecerá caso o senhor vença a eleição?

Roberto Frizzo - O Vandelei é um treinador de primeira grandeza, um astro na constelação de treinadores do Brasil. O Palmeiras deve ter, por sua grandeza, os mais competentes profissionais em todas as áreas. Ele vem desenvolvendo um projeto, então vamos conhecê-lo melhor, conversar, colocar o que nós entendemos a respeito disso tudo e convergir a um ponto comum e seguir esse trabalho. É uma decisão sempre bilateral: depende de ele querer continuar o trabalho e não só da nossa vontade. Mas por ele ser um profissional consciente e por termos um contrato até o fim de 2009, não vejo risco na continuidade.

Terra - O projeto da Arena Palestra segue normalmente?

Roberto Frizzo - Temos um contrato com a WTorre, também assumido pelo clube, e será respeitado. É um anseio de nossa comunidade ter uma arena de primeiro mundo e de primeira qualidade. Se em algum momento alguém de nosso grupo apareceu contra a Arena, foi por acharmos que aquilo devia ser mais transparente aos conselheiros e devia ser debatido com um pouco mais de tempo. Não era sangria desatada.

Tanto que já chegamos em janeiro e as obras não começaram por dificuldades técnicas. Então, vamos sentar e conversar com o parceiro para ver as dificuldades, ver no que podemos ajudar o parceiro, no que eles podem nos ajudar, e vamos em frente.

Terra - O Palmeiras vai contratar outros reforços?

Roberto Frizzo - Pelo que aparenta, parece um elenco interessante e que pode honrar a tradição palmeirense. Mas um clube como o Palmeiras precisa sempre de mais e o próprio grupo de jogadores certamente gostará de receber mais algum apoio para construir um time forte.

Terra - Quais as principais diferenças do seu projeto para o da outra candidatura?

Roberto Frizzo - Isso é um objeto de uma conversa muito longa. Mas prefiro dizer que eles representam uma continuidade do trabalho da situação e nós temos uma proposta nova, com uma coisa diferente do que todos têm visto nos últimos quatro anos. É mais uma mudança de linha de conduta do que diferenças grandes. São linhas parecidas, mas diferentes. E temos muita preocupação no aspecto financeiro.

Terra - O apoio do Mustafá ajuda ou atrapalha?

Roberto Frizzo - Não é problema de ajudar ou atrapalhar. O Mustafá esteve no clube por 12 anos e nunca fui diretor de uma gestão dele por um só minuto. Quando partimos para disputar a eleição anterior, fui envolvido pelo Marco Polo Del Nero, pelo doutor Carlos Facchina e o Mustafá entendeu que era uma proposta interessante e veio nos dar apoio. O grupo da outra eleição continua junto, tivemos ações pontuais e partimos agora para essa empreitada. Acho até que eu não seria o candidato dele, se ele fosse escolher. Mas fizemos esse grupo e ele está conosco.

O nosso regime é extremamente presidencialista e uma vez eleito o presidente, na alegria e na doença, será Roberto Frizzo. Uma responsabilidade da qual não vou me furtar. E tenho, com o Mustafá e o Facchina, anos e anos de experiência e eles vão me aconselhar.

Terra - Mas publicamente se associa muito sua imagem com a dele. Isso é bom ou ruim?

Os nossos conselheiros sabem, conhecem a história de vida de cada um. Convivemos há muitos anos, todos sabem as ligações que existem ou não. Isso não altera em nada.

Terra - Como foi o rompimento com o Della Monica?

Roberto Frizzo - Eu era diretor administrativo dele e no momento em que entendi que minha candidatura se justificava, pedi para me desligar. Tive convite dele para ser vice-presidente, mas agradeci e saí candidato. Há um extremo respeito e nos conhecemos há 40 anos. Vimos nossos casamentos, nossos filhos nascerem e crescerem. Se há divergência política, há uma amizade e é isso o que mais importa.

Terra - Se eleito, o senhor vai voltar a pressionar a Fifa para reconhecer o título de 1951 como Mundial?

Roberto Frizzo - Não digo pressionar, mas vamos retomar aquele trabalho e fazer com que o comitê executivo analise novamente. É mais uma questão técnica do que de política ou de pressão. Pelas características da Copa de 51 - e tive oportunidade de me encontrar com essa realidade -, dá para dizer que pode ser considerado um Mundial. Agora, é uma questão simplesmente de análise para que isso possa ser considerado, pois quem está na Fifa hoje não estava há 50 anos atrás. Então precisamos encontrar um nicho para encaixar o torneio e que ele se misture com os campeonatos de hoje.

Terra - O senhor acha que o processo político das últimas semanas atrasou a montagem do elenco para 2009?

Roberto Frizzo - O departamento de futebol é competente e a comissão também. Não acho que a política interfira nisso.

Terra - Como o senhor vê a aliança política costurada pelo Gilberto Cipullo?

Roberto Frizzo - Água e óleo não se misturam. Em alguns momentos, se ligaram por conveniência eleitoral, mas nós não queremos isso. Vieram conosco os que acreditaram e preferimos ficar com um grupo de pessoas que veja dessa mesma maneira. Não fizemos aliança só por conveniência.

Terra - Qual sua posição sobre dirigentes que emprestam dinheiro para os clubes que dirigem?

Roberto Frizzo - Não acho saudável e por várias razões não é interessante. Em um momento excepcional, que apareça a chance de trazer um atleta expressivo e que não estava nos planos, podemos convocar os companheiros no caso de ter a previsão de receber isso mais na frente. Mas é saudável que o clube honre com os seus compromissos.

Fonte: Especial para Terra
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