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Por coleção de camisa, santista "apela" até para mendigo

1 mai 2009 - 12h20
(atualizado às 18h20)
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Se você tem uma camisa rara do Santos e for até a Vila Belmiro, provavelmente será abordado pelo colecionador Orlando Rollo ou um de seus "representantes". Dono de mais de 230 peças de jogo do clube, ele é dono da segunda maior coleção de uniformes de um só clube no País, perdendo apenas para um fanático atleticano. Até morador de rua já foi fonte de novos modelos para o acervo.

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Orlando Rollo, policial civil, 31 anos, tem um guarda-roupa com 2,40 m de largura e quase 3 m de altura. Nelas, armazena seu bem mais precioso: 237 camisas de jogo do Santos Futebol Clube. Há ainda outras peças, como de treino, de passeio, modelos retrôs e ainda de torcida.

O início de tudo

Tudo isso começou há cerca de cinco anos. Orlando, que é santista fanático, percebeu que já tinha guardadas, sem tantas pretensões, cerca de 100 camisas do Santos. Desde a primeira, um modelo mirim assinado por Pelé na década de 70, ele foi armazenando os mantos ao mesmo tempo em que se negava a desgastá-los utilizando no dia-a-dia. Resolveu, então, botar a mão na massa de vez.

Orlando passou a vasculhar fóruns de colecionadores pela internet, comprar tudo o possível e mobilizar os amigos e juntar mais peças para o acervo. "Quando tem alguém com uma camisa diferente na arquibancada, os torcedores que me conhecem já ligam avisando", explica ele, que então tenta iniciar uma negociação pela peça. Orlando chega a comprar exemplares repetidos que sejam valiosos e sirvam para moeda de troca com outros colecionadores.

Segundo Rollo, as ofertas aparecem quando menos se espera. "Outro dia, estava dormindo e avisaram que tinha um torcedor do interior querendo vender uma camisa de 1962. Fui correndo até a Vila Belmiro", conta. Entretanto, o preço ofertado pelo senhor não agradou Orlando: "ele queria R$ 20 mil".

O santista conta que já conseguiu camisas diferentes das formas mais curiosas. Entre elas, com um morador de rua. Rollo, que é policial civil, abordou um mendigo, dizendo ser colecionador e afirmando interesse em uma camisa de goleiro do Santos, roxa e brilhante, que o homem vestia.

"Ele queria me dar de graça e, como eu insisti, pediu R$ 5 em troca", conta Rollo, que foi generoso e deu módicos R$ 20 ao dono da peça preciosa. Como são modelos antigos, muitas vezes são descartados pelos proprietários que não têm noção do real valor. "Então acabam indo parar nas mãos desses moradores de rua".

Modelos para todos os gostos

Com essa dedicação, Orlando já conseguiu duplicar a coleção no período e delimitar objetivos maiores. "Hoje em dia já não consigo tantos modelos, porque deu uma saturada". Ainda assim, ele tem usado a criatividade e já conseguiu peças de xarás santistas, como de Angola, África do Sul e do México. Deste último, a camisa do Santos Laguna tem um detalhe especial. "A cor deles é o verde, mas fizeram uma preta e branca como homenagem".

Atualmente, seu desafio é ampliar esse rol de camisas buscando outros clubes que também levam o Santos no nome ao redor do mundo. Segundo ele, já foram mapeados mais de 90 xarás. Além disso, encontrar modelos mais antigos, já que o ponto de partida da coleção é 1978.

É deste ano, aliás, que vem o modelo mais precioso da coleção de Orlando Rollo. Ele não revela o valor, mas pagou uma boa quantia por uma camisa do título paulista conquistado pela geração que cunhou o rótulo Meninos da Vila, com Pita, Juary, Aílton Lira e João Paulo, entre outros. A que está no acervo de Orlando foi vestida por Gilberto Sorriso e tem autógrafos de todo o elenco campeão paulista naquela temporada.

Orlando, como todo colecionador, é detalhista por natureza. Guarda modelos de ocasião, como uma blusa com detalhes em dourado que só teve mil exemplares em homenagem a Pelé. Ou outras pretas e douradas, ou outra em homenagem a Elano pelo gol mil do Santos em Campeonatos Brasileiros. Tem de patrocínios de ocasião, como Peixe, Samsung e até antigas, com patrocinadores modestos como a extinta loja Afonso Veículos.

É possível pegar três camisas aparentemente iguais em sua coleção e, após uma observação mais atenta, identificar detalhes diferentes. A partir de 78, em 31 anos de uniformes, ele tem 237 exemplares, o que faz com que praticamente se esgote o período compreendido por seu acervo.

Como se vê, uma paixão que vai além dos limites normais, algo incrivelmente normal para um esporte como o futebol e um clube com as tradições do Santos.

Santista tem coleção com camisas desde o título de 1978
Santista tem coleção com camisas desde o título de 1978
Foto: Dassler Marques / Terra
Fonte: Terra
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