Ronaldo, Santos e rixa com Morumbi tornam Pacaembu viável
Um patrimônio de valor inestimável, mas altamente deficitário e que não consegue se auto-sustentar. Assim é tradicionalmente o Pacaembu, que gera rendas insuficientes para arcar com suas despesas, mas vem observando uma melhora acontecer graças a Santos, Ronaldo e Morumbi. Uma expectativa que se amplia para a finalíssima do Campeonato Paulista no domingo. » Quiz: você sabe tudo sobre Corinthians x Santos?
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Quando a bola rolar para Corinthians e Santos, estará sendo disputada a 17º partida no estádio em 2009. Um número alto, sobretudo pelas elevadas rendas geradas pelos jogos da dupla. De acordo com dados da Secretária de Esportes de São Paulo, o déficit de R$ 200 mil no primeiro trimestre do ano representa um avanço, já que os prejuízos costumam ser maiores: em todo o ano de 2008, este número se aproximou a R$ 1,2 milhão.
"As despesas são mais ou menos fixas e têm sido até maiores desde a última reforma. Nós dependemos dos times terem interesse, é um problema de mercado e não incompetência administrativa", explica o secretário de esportes Walter Feldman, em contato com o Terra.
A mudança do quadro
No último ano, os gastos foram de R$ 2,5 milhões, especialmente com a manutenção de gramado e o pagamento de cerca de 40 funcionários. As receitas ficaram quase na metade: R$ 1,3 milhão. Se a média deficitária se mantiver ao longo do ano, o fim do ano mostraria um prejuízo menor para a Prefeitura, em cerca de R$ 800 mil. Contudo, as perspectivas são de aumento.
Isso porque a partir da estréia de Ronaldo no Pacaembu, contra o São Caetano, os jogos do Corinthians no estádio foram altamente rentáveis. Contra o clube do ABC Paulista, a renda foi de R$ 981 mil, enquanto contra Santos e São Paulo, os números ficaram, respectivamente, em R$ 1,047 milhão e R$ 1.109 milhão. Ponte Preta, R$ 506 mil, e Ituano, R$ 461 mil, também apresentaram médias interessantes. Sem sua maior estrela em campo, o único jogo com boa média foi a abertura da temporada, contra o Barueri: R$ 587 mil.
Com a expectativa de ter Ronaldo em campo no Campeonato Brasileiro, em que a média de público tradicionalmente aumenta, as perspectivas da Prefeitura também aumentam. Pelo aluguel do Pacaembu, a Secretaria abocanha 12% do dinheiro de bilheteria, o que torna os jogos com casa cheia um grande negócio. O valor mínimo é de R$ 20 mil para jogos durante o dia e R$ 22 mil para jogos noturnos, mas vem sendo superado com freqüência.
Santos dentro; Palmeiras possível
O que também acrescenta novas receitas para o Pacaembu é o fato de o Santos, após muitas ameaças, ter mandado alguns jogos no estádio. Foram três em 2009: Portuguesa Santista (amistoso), Mogi Mirim, Botafogo, além de outro que teve mando de campo do Oeste. Com bons públicos nas partidas realizadas na capital, a direção santista já garante mais partidas longe da Vila Belmiro para o Campeonato Brasileiro.
"A expectativa dos jogos em São Paulo são sempre muito grande e o público comparece até em número maior que nas partidas do Corinthians. É uma ação interessante do ponto de vista financeiro e também de atendermos os torcedores da capital, que são mais até que em Santos", explica Adílson Durante, diretor de futebol santista.
Além de ver com bons olhos o fato de o Corinthians abrir mão de mandar jogos no Morumbi, a Prefeitura ainda vive a expectativa de sediar partidas do Palmeiras em breve. Com a interdição programada do Palestra Itália, que vai dar lugar a um novo estádio, Pacaembu e Arena Barueri dividem o favoritismo para receber os palmeirenses.
"Queremos que mandem os jogos no Pacaembu, junto ao Santos. Tudo o que tiver de jogos, que não estrague o gramado, é uma ação de mercado", diz Feldman, que vê com dificuldades um estádio superavitário. "Seria um sonho", imagina.