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No fundo do poço, Brasil-RS não consegue se livrar de trauma

19 fev 2009 - 16h54
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"Cada trepidada que o ônibus dá é um desespero. Nem eles nem a gente, ninguém consegue dormir ao longo das viagens. E são oito jogos em 16 dias". O depoimento é de Cláudio Duarte, que se despede do comando técnico do Brasil de Pelotas, nesta quinta-feira, quando o clube recebe a Ulbra às 20h30 (horário de Brasília).

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Após o acidente que vitimou Cláudio Millar, Régis e o preparador de goleiros Giovani Guimarães, além de ter lesionado vários outros jogadores, o Brasil ainda não venceu e é lanterna em seu grupo no Campeonato Gaúcho. O experimentado treinador Cláudio Duarte, com seis passagens pelo Internacional e outras três pelo Grêmio, que se ofereceu para dirigir a equipe depois da tragédia, preferiu entregar o cargo após o sétimo jogo sem vitória.

"Foi uma decisão conjunta com a direção. Vem pela necessidade de alterar o discurso de vestiário, para tentar uma motivação extra. O grupo está cansado e destruído", afirmou Cláudio Duarte, em entrevista exclusiva ao Terra , detectando em seu trabalho, também, uma margem de progressão já limitada pelas enormes dificuldades.

O cansaço que Cláudio aponta, de fato, tem procedência. Por só estrear na quinta rodada, o Brasil teve que recuperar outros quatro jogos atrasados, o que indicou a necessidade de realizar oito jogos em 16 dias. Desde o dia 3 de fevereiro, data da estréia, o clube viajou para Caxias, Ijuí, São Leopoldo e Porto Alegre, intercalando ainda as voltas para Pelotas.

A somatória da distância percorrida ao longo das viagens de ônibus é impressionante, sobretudo para 16 dias: 1.898 km. De Pelotas até Caxias, 368 km. De Caxias até Ijuí, mais 343 km. De lá até São Leopoldo, outros 375 km e, em seguida, mais 288 km para retornar à Pelotas. De volta à estrada, o Brasil-RS percorreu 262 km para enfrentar o Grêmio em Porto Alegre, repetindo o trajeto de volta para casa.

"Passa por tudo esse momento ruim. Somos o único time que teve o grupo formado aos poucos, sem tempo para treinar. O time tem boa qualidade, a evolução técnica existe, mas pelo número de jogos, temos uma grande perda de condição física. Os jogadores chegam e já vão jogar, não há nenhuma adaptação", resume Cláudio Duarte.

Da equipe considerada base para o início do Campeonato Gaúcho, além do treinador original, Armando Desessards, outros três jogadores estão em recuperação do acidente: os volantes Odair e Edu, além do lateral Alemão. Somados a Cláudio Millar e Régis, que morreram na tragédia, é meio time, além de reservas como Xuxa, Wendell e Rafael Gaúcho.

Na opinião da psicóloga Kátia Rubio, presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, é importante ouvir os jogadores e detectar o que a tragédia representou para eles. "Precisam manifestar a emoção que viveram, pois normalmente o que se faz é não tocar no assunto. Isso é nocivo, pois a pessoa contém a emoção e isso devora por dentro", explica.

A partir desse trabalho inicial, Kátia aponta para a importância de se tirar a sensibilidade do acidente. "Como as viagens são inevitáveis, é preciso lidar com elas. Saber como processar essa situação e aí pensar em criar algo no sentido de recriar uma imagem onde eles se vejam superando a tragédia".

Superar a tragédia é tudo o que mais deseja o Brasil de Pelotas, que corre sério risco de rebaixamento no Campeonato Gaúcho e por enquanto segura a lanterna. Uma vitória contra a Ulbra faria o clube deixar Inter de Santa Maria e Sapucaiense para trás. "Continuar na primeira divisão será a maior conquista da história desse clube", atesta Cláudio Duarte.

Fonte: Especial para Terra
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