PUBLICIDADE
Logo do Paraná

Paraná

Favoritar Time

Clubes do PR começam a repensar planos de sócios

Com direito a acesso ao estádio, times de Curitiba mostram ter modelo "ultrapassado"

30 jan 2015 - 21h36
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Torcida do Coritiba levou bom público, de 25.550 torcedores, somente na despedida do meio-campista Alex, na última rodada da Série de 2014</p>
Torcida do Coritiba levou bom público, de 25.550 torcedores, somente na despedida do meio-campista Alex, na última rodada da Série de 2014
Foto: Coritiba / Divulgação

Com a política de pagar mensalidade e dar acesso ao estádio, o trio da capital segue em uma linha diferente dos demais clubes do Brasil. O conceito segue firme e forte no Atlético-PR, Coritiba e Paraná, que não pretendem realizar mudanças nesse aspecto.

O clube rubro-negro foi pioneiro no Estado na questão. Há 11 anos, a diretoria atleticana lançou o “Sócio-Furacão” para conquistar um bom número de associados, aumentando o preço do ingresso avulso. O Coritiba também foi no embalo e, em 2008, o Paraná também aderiu ao modelo que pretendia diminuir a disparidade de valores das cotas de TV e patrocínios sobre o eixo Rio-SP-RS-MG.

Timidamente, entretanto, as mudanças começam a surgir. Promessa de campanha nas eleições alviverdes, o presidente Rogério Bacellar pretende instaurar o “Programa Milhas Verdes” – sistema de pontos parecido com o de milhagens oferecido pelas companhias aéreas. Além disso, quer dar direito de voto às torcedoras, que não podem decidir o futuro do clube – apenas homens votam. Apesar de ter um plano de R$ 9,00 a maioria é adepta de valores entre R$ 70,00 e R$ 85,00. O curioso é que, mesmo tendo mais de 20 mil sócios, a maioria sequer comparece ao Estádio Couto Pereira.

Já no time paranista, o marketing aceitou os inúmeros pedidos da torcida e unificou o plano de sócios. O clube, que antes era dividido entre associados do futebol e social, agora é um só e com direito a voto: o valor é de R$ 90,00 de forma individual e R$ 150,00 familiar. A sede da Kennedy, no embalo do forte calor de Curitiba, está lotada nos finais de semana. O aumento de sócios, por outro lado, ainda não foi computado – é preciso fechar o mês, de acordo com o clube. O maior número aconteceu em 2013, quando lutava pelo acesso, e o quadro de sócios era de nove mil.

O clube rubro-negro tem o plano mais barato de R$ 150,00 e, nesta temporada, está iniciando uma série de promoções em forma de sorteio, com a possibilidade de assistir o jogo ao lado do presidente Mario Celso Petraglia, levar acompanhante no camarote, ver a entrada dos jogadores pelo corredor de acesso ao campo e ganhar brindes. O sonho do Atlético-PR, por exemplo, é de chegar a 40 mil sócios para poder competir e investir no futebol. No momento é de quase 24 mil. O mandatário atleticano, aliás, cobra isso da torcida – principalmente após a reforma da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

O interior do Paraná, com certo atraso, adota com mais força o modelo dos times da capital somente agora. O segredo, então, pode ser aumentar as vantagens aos sócios de cada clube e não depender do desempenho dentro de campo. “Os clubes do eixo tem uma grande exposição, e no Paraná é diferente. É preciso repensar. Ou seja, mesmo com o time mal e não indo ao estádio, ele continua sócio por ter uma série de benefícios em outras frentes”, analisa Erich Beting, editor do site Máquina do Esporte, especializado em marketing esportivo.

Uma alternativa encontrada neste ano é a união comercial entre Atlético-PR e Coritiba, que iniciou no patrocínio da Tim de R$ 1 milhão por ano com ambos – o Paraná mantém boa relação com a diretoria alviverde, mas o fato dos rivais estarem na Série A dificulta a parceria. O projeto é lançar um desafio para os torcedores, ganhando quem aderir mais ao plano de sócios. A ideia é para o início do Campeonato Brasileiro. Possuir mais vantagens para os associados também é um objetivo, com as diretorias buscando parcerias conjuntas.

“Atlético-PR e Coritiba sozinhos são médios, não podemos esconder isso. Mas juntos, para a busca de ações comerciais e de marketing, são muito fortes. Como existe boa relação (entre os dirigentes), nós vamos fazer uma série de projetos que logo vamos começar a divulgar para que fortaleçam os dois clubes”, explicou Mauro Holzmann, diretor executivo de marketing do Atlético-PR.

A dupla Atletiba ainda vai tentar a renovação com a Caixa Econômica Federal, que sinalizou a possibilidade de diminuir os gastos de publicidade com o futebol. Sabendo do panorama, os times da elite do futebol paranaense finalmente perceberam que é mais fácil andar lado a lado. Pelo menos fora das quatro linhas.

Paraná aposta na unificação dos sócios: o torcedor pode frequentar o estádio e a sede social, como utilizar a piscina
Paraná aposta na unificação dos sócios: o torcedor pode frequentar o estádio e a sede social, como utilizar a piscina
Foto: Facebook / Reprodução

Eixo utiliza outro método de plano

O modelo utilizado pelo trio de ferro parece estar saturado. Em 2013, o Coritiba chegou a figurar no Top 5, arrecadando R$ 26 milhões com os associados – perdendo para  Inter (39), Flamengo (34), Corinthians (27) e São Paulo (26), de acordo com estudo da Pluri Consultoria.

Agora, a tendência está mudando. O Palmeiras, por exemplo, usa método de fidelidade e milhagem com sua torcida – o que o Coritiba até pretende fazer, mas de forma diferente. Nos dois jogos inaugurais do Allianz Parque, por exemplo, os ingressos estavam acima de R$ 120,00 e aconteceram reclamações por torcedores normais. Sócios-torcedores com mais de 80% de presença nas partidas do Palmeiras em 2014, por outro lado, não pagaram nada pela entrada. O Corinthians também usa esse sistema de dar desconto no ingresso, com vantagens e prioridades a quem sempre frequenta o estádio, não dando acesso direto ao jogo, como os times paranaenses.

O sucesso é tanto que a equipe do Palestra Itália deu um salto impressionante no número de associados, com o modelo “Avanti”. Atualmente, ocupa a 2ª colocação – atrás apenas do Internacional – no ranking de clubes, com 85.636 sócios. Algo que permitiu fazer investimentos, como trazer 17 reforços para 2015 e ser a grande sensação no mercado da bola neste início de ano.

Outro caso exemplar é do Cruzeiro, que tinha apenas sete mil fieis pagantes mensais há dois anos. Obviamente, o bicampeonato na Série A influenciou no boom de associação, aliado ao retorno dos jogos do Mineirão, que foi reformado para a Copa do Mundo. Hoje em dia, o clube mineiro tem 67 mil sócios, ocupando a 5ª colocação na lista de times com mais associados do país.

Curiosamente, essas equipes participam do Movimento Por Um Futebol Melhor, iniciado em janeiro de 2013, que já contempla 820 mil sócios-torcedores em 57 clubes espalhados pelo Brasil. Além dos times encherem os cofres, o torcedor recebe descontos nos produtos e serviços das empresas. Esses descontos chegam a superar o valor das mensalidades pagas aos clubes e a média de desconto é de R$ 30 por mês.

Atlético-PR, Coritiba e Paraná se interessam pelo projeto, mas contam com um empecilho de seguir a tendência de outros times. O que impede até agora é o fato de os três clubes terem um contrato com a Coca-Cola, que impõe alguma restrição ou exclusividade e assim impede a participação da Ambev através da Brahma, que é a idealizadora e a gestora do Movimento. Porém, há vários clubes como Grêmio, Internacional, Palmeiras, entre outros, que têm contrato com a cervejaria e também com a marca de refrigerante. Normalmente, o contrato com a Coca-Cola é para a venda e publicidade de refrigerante e não-alcoólicos, e a Brahma fica com a venda e publicidade de cerveja.

Desta forma, cabe principalmente aos clubes paranaenses encontrarem a solução para esse impasse. “Para o Movimento, seria muito importante contar com a participação de Atlético, Coritiba e Paraná. E Curitiba é uma das grandes capitais do país que ainda não tem clube no programa”, comenta Fernando Santos, assessor do projeto.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade