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Dominado por empresários, Paulista tem rodízio de técnicos

15 mar 2009 - 10h27
(atualizado às 15h12)
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Que a profissão de treinador de futebol é uma das mais instáveis que existe, todo mundo sabe. Mas o Campeonato Paulista de 2009 tem passado do ponto e deflagrado uma situação incrível: em 13 rodadas, nada mais nada menos que 15 clubes já trocaram de técnico - o que representa 75% dos times da primeira divisão do Paulista. Quatro das equipes, inclusive, tiveram três profissionais nesse período que, sequer, chega a dois meses de bola rolando.

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Entre os quatro virtuais classificados até o início da rodada, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santo André são, ao lado do Bragantino, os únicos clubes que sustentam seus comandantes desde o início da temporada. Respectivamente, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Muricy Ramalho, Sérgio Guedes e Marcelo Veiga.

Uma das explicações para esse fenômeno é o fato de muitos dos clubes da primeira divisão paulista, especialmente os do interior, serem administrados por grupos de empresários e/ou investidores. Sob esse cenário, em que o mais importante é realizar uma campanha que projete jogadores para negociações, a necessidade do resultado é ainda mais decisiva.

"Eles contratam o treinador e querem escolher quem ele vai escalar. Não dão condições de o profissional fazer o que acredita e isso atrapalha muito. Como são donos dos jogadores, querem que o lucro venha rapidamente", explica Marcelo Veiga, do Bragantino.

O fenômeno de demissões em clubes liderados por empresários não é uma exclusividade do interior paulista. Tradicionalmente marcado pela rígida estabilidade de seus treinadores, o futebol inglês tem assistido a um fenômeno parecido desde que passou a receber investidores de dimensão global em suas equipes. Na atual temporada, seis dos 20 clubes trocaram de comandantes. No cenário inglês, historicamente estável para treinadores (Alex Ferguson está no Manchester United há 22 anos), esse é um número tão absurdo quanto o do Campeonato Paulista.

Estevam Soares e Marcelo Veiga: lados opostos

Em sua terceira equipe no ano de 2009, Estevam Soares vê a frenética circulação de profissionais como falta de uma avaliação mais profunda por parte dos clubes. "Os dirigentes deveriam escolher melhor para poder ter mais paciência e tranqüilidade. De repente, um treinador faz uma campanha em um lugar e é escolhido por ela. Mas o diretor não sabe o porquê de isso ter acontecido, não tem um perfil mais amplo", avalia.

Sobre o fato inédito de dirigir três clubes em um período tão curto, Estevam prefere reforçar a boa proposta do Barueri, time em que pretende fazer uma temporada regular. Demitido após a primeira rodada do Paulista, quando estava na Portuguesa, o treinador assinou com o Guaratinguetá, mas trocou de equipe novamente quando recebeu a oportunidade de trabalhar na primeira divisão nacional.

"Na Portuguesa, tive um problema diferente e acabei saindo. Mas depois foi opção minha, uma proposta com condições de trabalho importantes. No Guaratinguetá, só tinha mais um mês de contrato e no Barueri são mais 10 meses e na Série A. Não foi só pela questão financeira", explica Estevam Soares.

A possibilidade de participar da construção de toda uma temporada também é a principal razão para a manutenção de Marcelo Veiga à frente do Bragantino. Embora tenha uma história no clube - foi semifinalista do Paulista e subiu para a Série B em 2007 -, Marcelo possivelmente não resistiria em outro clube com sua atual 16ª posição na tabela do Campeonato Paulista.

"Aqui no Bragantino temos um projeto, que é montar um time para a Série B do Brasileiro e brigar pelo acesso. E hoje os adversários já nos conhecem, sabem como jogamos. Nossa força é o conjunto, não temos um timaço, e todos se prepararam para jogar contra nós", explica. O técnico da equipe, aliás, diz não se sentir ameaçado no cargo.

"Estou muito tranqüilo. É claro que há hoje um risco de rebaixamento, mas podemos sair com muita tranqüilidade. Hoje trabalhamos com um campeonato até o fim do ano e não ter essa possibilidade nos outros clubes é o que gera demissões. Já recusei propostas por não ver um planejamento", avalia Veiga.

Veja os clubes que trocaram de treinador:

Barueri: Toninho Moura; Estevam Soares

Botafogo-SP: Arthur Netto; Roberto Fonseca Guarani: Luciano Dias; Guilherme Macuglia

Guaratinguetá: Argel; Estevam Soares; Márcio Araújo

Ituano: Vinícius Eutrópio; Zetti

Marília: João Martins; José Carlos Serrão; Leandro Campos

Mirassol: Roberval Davino; Pìntado

Mogi Mirim: Gelson Silva; Paulo Campos

Noroeste: Ruy Scarpino, Fahel Júnior

Oeste: Roberto Fonseca; Marco Antônio; Luciano Dias

Paulista: Luís Carlos Ferreira; Giba

Ponte Preta: Sérgio Soares, Marco Aurélio

Portuguesa: Estevam Soares; Mário Sérgio; Bonamigo

Santos: Márcio Fernandes; Vágner Mancini

São Caetano: Osvaldo Alvarez; Sérgio Soares

Clubes que não trocaram de treinador:

Bragantino: Marcelo Veiga

Corinthians: Mano Menezes

Palmeiras: Vanderlei Luxemburgo

Santo André: Sérgio Guedes

São Paulo: Muricy Ramalho

Fonte: Especial para Terra
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