Jogo às 11h leva clima familiar, mas "bagunça" Palmeiras
A vitória do Palmeiras sobre o XV de Piracicaba por 1 a 0 no último domingo teve um clima diferente no Allianz Parque. Em um horário normalmente reservado para partidas das divisões inferiores do Campeonato Paulista - 11h da manhã -, o jogo atraiu também outro tipo de torcida para o estádio na zona oeste de São Paulo: era nítida a presença maciça de famílias e crianças, que compareceram em ótimo número e fizeram o quarto maior público alviverde no ano.
Foram 26.199 pagantes, perdendo apenas para o clássico com o Corinthians (28.869 pagantes) e as vitórias recentes sobre Capivariano (32.134) e Bragantino (29.452). Para um domingo de manhã, o número foi excelente. "É bom para quem tem namorada", brincou o palmeirense Raphael, 26 anos, que é sócio-torcedor do clube e foi ao estádio com o pai e o tio. A não ser, claro, que a namorada também goste de futebol e vá ao jogo.
Apesar da mudança no perfil geral do público, a maioria dos costumes de uma partida de futebol se manteve ao redor do Allianz Parque. Mesmo no horário normalmente reservado ao café da manhã, vários torcedores consumiram cerveja nos bares das redondezas, e o tradicional lanche de pernil também não ficou de fora. Depois da partida, a maioria dos torcedores foi imediatamente embora, enquanto um público formado predominantemente por uniformizados permaneceu festejando com cerveja e samba do lado de fora do estádio.
Se a torcida compareceu em grande número e aprovou em boa parte o horário inusitado do jogo, o técnico Oswaldo de Oliveira reclamou. A mudança das 16h para as 11h, em virtude dos protestos contra o governo marcados para o período da tarde, foi avisada com pouca antecedência à comissão técnica: apenas dois dias. Isso gerou mudanças drásticas no planejamento e reclamações do treinador alviverde.
"Tivemos que fazer várias adaptações, e se tivéssemos sido avisados com um pouco mais de tempo, faríamos diferente. Podíamos ter jogado um jogo-treino nessa hora, para que eles (jogadores) reagissem melhor a essas mudanças de alimentação, de sono. Mas acho que o grupo reagiu bem a tudo isso", disse Oswaldo, atribuindo a atuação sonolenta de grande parte do time também à mudança de horário.
"A gente viu que alguns jogadores não conseguiram realizar aquilo que normalmente realizam. Isso fica visível, depende do biorritmo dos caras. Como se habituam a jogar à tarde ou à noite, demoram para se adaptar. Mas é muito individual, não ousaria dizer aqui que fulano jogou mal", afirmou.
Apesar das críticas à mudança repentina, Oswaldo afirmou que compreendeu os motivos do pedido da Polícia Militar e considerou "louvável" a iniciativa de protestar contra o governo no último domingo. Protesto que começou no próprio Allianz Parque: assim que o jogo acabou com vitória palmeirense, a imensa maioria dos torcedores no estádio - mesmo com muitas crianças presentes - entoou um coro de "Ei, Dilma, vai tomar no c...".
