Hoje em alta, Ituano tinha 3 jogadores quando Juninho chegou
Gestor do Ituano, Juninho Paulista arrumou a casa e evitou quatro rebaixamentos até colocar time entre os oito melhores de São Paulo
Três jogadores, nenhuma bola e nenhum crédito na praça. Sem divisões de base, sem fornecedora de material esportivo, sem ônibus para viajar e sem acordo com o principal grupo empresarial da cidade, a Schincariol. Assim foi que Juninho Paulista, em meados de 2009, encontrou o Ituano, hoje uma das sensações do interior no Campeonato Paulista e rival do Botafogo-SP, nesta quarta-feira, por um lugar na semifinal.
Com R$ 400 mil de folha salarial, menos do que recebe o atacante corintiano Emerson Sheik, o Ituano desbancou Corinthians, Audax Osasco e enfim voltou à fase final do Paulista. A campanha foi consistente, desde o início entre os primeiros colocados, e coroou a lenta, mas sustentável ascensão da equipe desde a chegada de Juninho para gerir todo o clube.
"Credito isso a um trabalho por estrutura e consistência para o clube. Os resultados em campo são importantes, mas se não tiver estrutura você não vai chegar sempre", conta Juninho Paulista em entrevista ao Terra. "Agora a tendência é cada vez mais brigar sempre por classificação e não por permanência", explica. De fato, entre 2010 e 2013, o Ituano apenas jogou para não cair no Paulista (ver box).
Temporada | Posição | Distância do rebaixamento |
2010 | 13º | 3 pontos |
2011 | 16º | 0 ponto |
2012 | 14º | 2 pontos |
2013 | 14º | 2 pontos |
2014 | 4º | 16 pontos |
A reforma do Estádio Noveli Júnior, com recursos dos governos municipal e federal, é sintoma de que a casa está em ordem e um exemplo do que defende Juninho. "O clube hoje é bastante sadio. Tem estrutura para os atletas, para a comissão, tem um grupo de trabalho. Profissionalizamos todos os setores com gente competente. É difícil coordenar tudo em curto prazo, mas o clube foi se fortalecendo", justifica Juninho.
A temporada 2010 foi a mais dramática entre os quatro anos consecutivos de luta contra o rebaixamento. Em companhia do amigo Roque Júnior, Juninho Paulista cuidou do Ituano fora e dentro de campo. Sua despedida como jogador ocorreu no Canindé pela última rodada do Paulista. A equipe perdia por 2 a 0 e partia para a Série A-2, mas se salvou com uma virada dramática no segundo tempo.
Um aliado importante para o renascimento do Ituano também tem sido Doriva, treinador efetivo desde o fim do último ano. Amigo pessoal de Juninho e com a Copa de 1998 no currículo, ele montou a melhor defesa do Paulista, com destaque para os zagueiros Alemão e Anderson Salles, este um dos mais técnicos e o artilheiro e líder em finalizações da equipe na competição.
"O Doriva adquiriu experiência pelo Sub-15, Sub-17 e Sub-20. É um treinador que controla bem o grupo de jogadores. Tem um perfil calmo, agregador, diferencia bem o trabalho da parte da amizade, da disciplina, e sabe a importância de todos. Os jogadores sentem isso, é totalmente transparente e honesto. O melhor jogador sabe que vai atuar mais que outros", endossa Juninho.
Para crescer de maneira sustentável nos próximos anos, o Ituano conta com dois contratos importantes renovados recentemente: da Brasil Kirin (que adquiriu há dois anos o Grupo Schincariol), que financia uma parte razoável das despesas com seu patrocínio, e de Juninho, o homem por trás da guinada em 2014.