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Público e reformulação: veja segredos do regular Botafogo-SP

26 mar 2014 - 08h02
(atualizado às 08h39)
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<p>Campanha regular do Botafogo-SP teve vitória até sobre Palmeiras</p>
Campanha regular do Botafogo-SP teve vitória até sobre Palmeiras
Foto: Celio Messias / Gazeta Press

Tradicional clube do interior de São Paulo, o Botafogo-SP voltou a se destacar pelo segundo ano seguido no Paulista: assim como em 2013, faz boa campanha e está classificado para as quartas de final do Estadual. A equipe, que chegou a ser vice-campeã da Série B em 1998, vice Paulista em 2001, mas sofreu momentos turbulentos e disputou a terceira divisão do Estado, conta com alguns pontos-chave para manter a guinada rumo a voos maiores.

Em 2014, o clube de Ribeirão Preto foi premiado pela regularidade no Paulista. Com uma chave complicada em que nenhum dos clubes foi rebaixado graças ao estranho regulamento da Federação Paulista de Futebol (FPF), somou 28 pontos, com 9 vitórias, 1 empate e 5 derrotas para um ótimo aproveitamento de 62%. Líder do Grupo B, no qual o poderoso Corinthians foi eliminado, terminou a primeira fase na terceira classificação geral.

Veja principais pontos para o sucesso do Botafogo-SP:

- Reformulação completa na diretoria:

Na temporada passada, a equipe avançou na primeira fase do Paulista em sétimo lugar, com 31 pontos. Foram nove vitórias, quatro empates e seis derrotas (aproveitamento de 54%), mas a grande decepção viria na fase seguinte: fora de casa, sofreu uma humilhante goleada por 6 a 0 para o Mogi Mirim nas quartas e acabou eliminado – ficou fora até mesmo da final do Torneio do Interior.

O melancólico fim após a boa campanha causou rebuliço pelos lados do Santa Cruz, que fez uma reformulação completa na diretoria após a também fraca campanha na Série D. ”Nós trouxemos uma diretoria honorária, de abnegados do clube que conheciam bem o futebol, liderada pelo Raphael Telles. Ele dirige uma diretoria de futebol ágil, muito dinâmica, que trabalha muito”, disse ao Terra o presidente da equipe do interior, Gustavo Assed.

- Troca de técnico que não afetou preparação

O Botafogo-SP ainda contou com a sorte durante a preparação para o Paulista. Fechado com o técnico Pintado desde outubro, viu o treinador sair três dias após chegar à equipe em dezembro, devido a uma proposta irrecusável do futebol mexicano. A diretoria já havia alinhado o planejamento com o novo comandante e contratado jogadores indicados por ele, mas teve que mudar o projeto e correr rapidamente em busca de um substituto.

“Quando a gente não seguiu o trabalho com o Pintado, trouxemos um técnico com perfil do clube, que trouxesse experiência e estivesse buscando um lugar ao sol, que tivesse muita vontade de ganhar e que fosse bem profissional. Que trabalhasse com estatística, que fosse moderno”, contou Assed. O nome escolhido foi de Wagner Lopes, que tinha passagens por equipe do interior, como Ferroviária.

Veja os gols de Botafogo 0 x 2 São Paulo pelo Paulistão:

A preparação botafoguense foi até tardia para os padrões de clubes do interior. A parte principal dos treinamento, com todos os titulares e comissão técnica, começou apenas no início de janeiro, assim como a dos clubes grandes. De acordo com o diretor de futebol Raphael Telles, o planejamento foi feito todo em comum acordo com Wagner Lopes, mesmo com a chegada apenas no fim de dezembro.

“Ele não trouxe jogadores dele, tem algumas indicações, alguns por parte da diretoria. Apresentamos nomes que a gente conhecia para ele, mas isso a gente fez em comum acordo. Não teve jogador que a gente empurrou e nem ele”, comentou ao Terra Telles.

- Regularidade no Paulista

Classificado com boa antecedência, o Botafogo-SP viveu uma campanha bastante regular na edição de 2014 do Campeonato Paulista. O clube de Ribeirão Preto assumiu a liderança do Grupo B do torneio na terceira rodada, quando deixou para trás o Corinthians, e não mais saiu. Para não repetir a tragédia de 2013, o presidente aposta no elenco mais disciplinado.

“Acho que o que pesou naquela derrota ano passado foi a indisciplina dos jogadores, tivemos dois jogadores expulsos. Este ano temos um elenco que tem se mostrado melhor neste quesito, a esperança é maior para avançar”, falou Assed.

- Torcida presente no Santa Cruz

<p>Torcida botafoguense tem se destacado com boa presença no estádio</p>
Torcida botafoguense tem se destacado com boa presença no estádio
Foto: Célio Messias / Gazeta Press

A boa campanha do Botafogo-SP cativou os torcedores a comparecerem ao Estádio Santa Cruz. Não à toa, a equipe tricolor tem a quinta melhor média de público do Campeonato Paulista de 2014. Mesmo sem um programa de sócios, tem levado em média de mais de 7 mil pagantes por jogo e contará com o apoio dos torcedores nas quartas de final, já que terminou a primeira fase na liderança do seu grupo.

Em casa, a campanha é excelente: são oito jogos e sete vitórias, incluindo uma sobre o Palmeiras e outra no clássico da cidade contra o Comercial – a única derrota foi para o São Paulo na última rodada, já classificado e com ambas as equipes reservas. “A torcida é grande. Essa torcida quando o Botafogo se monta bem, ela vem. Acho que é isso que está acontecendo agora”, comentou o presidente Gustavo Assed.

- “Fico” histórico em 2012

Se o Botafogo-SP está atualmente nas quartas de final do Campeonato Paulista, tudo se deve à histórica permanência alcançada em 2012. A equipe de Ribeirão Preto precisava de uma vitória na última rodada sobre o Guarani, que se tornaria finalista posteriormente, e não decepcionou: em um Santa Cruz lotado, conseguiu vitória dramática para fugir da degola. O aprendizado ficou para os anos seguintes.

- Saúde financeira

Por trás de toda equipe, passa uma saúde financeira que possa manter o sucesso dentro de campo. E o Botafogo-SP diz que, ao longo do Campeonato Paulista, consegue ser rentável – apesar de a Série D ter dado prejuízo de cerca de R$ 1 milhão ao time de Ribeirão Preto. Para a Série A1, a equipe conta com seis patrocinadores – Claro, Adidas, São Francisco Saúde, HF Equipamentos e Poty. A mais incomum – e comemorada pelos dirigentes – é a Sicoob Credicoonai, única de Ribeirão Preto entre os apoiadores.

“Agora a gente conseguiu finalmente um apoio de um banco local, de crédito. Foi o primeiro grupo local a investir forte no Botafogo em muito tempo e a gente só agradece por isso. Estamos muito satisfeitos, é um voto de confiança muito grande”, comemorou Assed.

- Investimentos na categoria de base

Um dos clubes com certificado de “formador de atletas” pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Botafogo-SP investe na categoria de base para que possa obter retorno com a venda de atletas futuramente e, assim, ter mais uma fonte de receitas. Os frutos já vieram com bons desempenhos em torneios de categorias menores nos dois últimos anos.

<p>Única derrota do Botafogo-SP em casa foi para o São Paulo na última rodada, com ambas as equipes recheadas de reservas</p>
Única derrota do Botafogo-SP em casa foi para o São Paulo na última rodada, com ambas as equipes recheadas de reservas
Foto: Alfredo Risk / Futura Press

“Nós somos vice-campeões do Sub-20 e fomos longe no Sub- 17. Ela (base) vem cada vez mais forte. Temos investido muito e trabalhado forte nessa área e o resultado tem aparecido dentro de campo”, comentou Assed.

- Opção por jogadores com retorno em campo e não midiático

É comum, entre as equipes do interior, as contratações dos reforços chamados “medalhões” – aqueles jogadores que já foram de grandes equipes e que deixaram de render. O Botafogo-SP admite que tinha essa postura, mas que recentemente mudou o perfil: contrata apenas pela necessidade – o Atlético Sorocaba, por exemplo, tinha no início da competição nomes como Coelho, Boquita e Lenny, mas terminou rebaixado.

“A gente aprendeu a contratar exatamente o que precisa, independente do nome do jogador. Pensamos qual a posição, esquema tático, como vai atuar. Acho que se contrata muito no Brasil de maneira aleatória, ‘traz mais esse, esse vai ajudar’, e não funciona assim. A gente tem que fazer um elenco dentro daquilo que precisa. A gente também procura ter o maior número de jogadores da casa porque podem dar retorno depois”, afirmou.

Uma parceria com a Elenko Sports, empresa que tem jovens jogadores que não deram certo em equipes grandes, ainda ajudou a equipe neste sentido. Nomes como Wellington Bruno chegaram através da empresa, junto com outros “quatro ou cinco jogadores” segundo o presidente da equipe. 

Fonte: Terra
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