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Saiba por que Corinthians x São Paulo virou o maior clássico paulista

27 mar 2011 - 09h49
(atualizado às 14h45)
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Allan Farina
Dassler Marques

Os duelos entre Corinthians e Palmeiras marcaram os anos 90, seja em decisões do Campeonato Paulista (93 e 99), Brasileiro (94) e principalmente Copa Libertadores (99 e 2000). O auge dessa rivalidade, porém, está no passado. Corintianos e são-paulinos, que se reencontram neste domingo, na Arena Barueri, se tornaram os principais inimigos do futebol paulista. Uma disputa que começa dentro de campo e encontra seu ponto alto nos bastidores.

No período em que encontrou o auge, o Majestoso, como é chamado o duelo entre os dois clubes, ficou marcado por constituir os dois maiores jejuns da história do confronto. Entre junho de 2003 e julho de 2007, o São Paulo ostentou uma sequência de 14 jogos invicto (nove vitórias e cinco empates). Até que, em outubro do mesmo 2007, Betão marcou e encerrou a sina de derrotas do Corinthians, abrindo caminho para uma nova fase. Atualmente, são os corintianos que não perdem dos são-paulinos há 12 partidas.

Andrés e Juvenal: sempre de lados opostos

Andrés Sanchez e Juvenal Juvêncio personificam a rivalidade que se encorpou fora de campo a partir de 2007, quando o corintiano chegou à presidência. De cara, Andrés afirmou que não jogaria mais no Morumbi, encerrando uma parceria de anos e anos entre os dois clubes.

"O Corinthians não joga mais no Morumbi. Não adianta a Federação, a Conmebol ou a Fifa mandarem", afirmou Andrés em 2009. Costumeiramente, o presidente corintiano era questionado a respeito do asssunto, que se tornou a principal polêmica em seus primeiros anos na presidência do Corinthians. Quase sempre, Juvenal Juvêncio rebatia adotando uma postura neutra, mas tentando incentivar o Corinthians a retornar. "Vão quebrar a cabeça por aí, mas depois voltam. Os jogadores querem jogar lá. Os vestiários e o gramado são melhores", declarou.

O Corinthians não voltou e ainda participou de uma longa novela que tiraria o Morumbi da Copa do Mundo de 2014. Inicialmente, apenas a CBF e a Fifa ficaram à frente de um processo de fritura ao estádio são-paulino. Juvenal, que fazia oposição a Ricardo Teixeira, levou o troco. Na eleição para o Clube dos 13, em 2010, o presidente são-paulino apoiou Fábio Koff, enquanto Teixeira e Andrés foram favoráveis a Kléber Leite, que acabaria derrotado.

A resposta de Teixeira foi quase imediata e, dias depois, foi confirmada a exclusão do Morumbi da Copa de 2014. E, após reuniões do mesmo Teixeira com o então governador paulista Alberto Goldman e o prefeito paulistano Gilberto Kassab, se definiu encampar a ideia de colocar o estádio do Corinthians, a ser construído em Itaquera, no Mundial. Isenções fiscais, apoio do BNDES e um comprometimento público em agilizar o processo burocrático foram feitos por todas as esferas governamentais. A proximidade entre Andrés e Teixeira também seria decisiva.

Recentemente, Corinthians e São Paulo reafirmaram a tendência de ficar em lados diferentes nas questões extracampo. Andrés liderou um motim contra o Clube dos 13, se desfiliou da entidade e encorajou outros clubes a adotar o mesmo caminho. Juvenal se mantém ao lado de Koff e diz que pretende honrar a licitação vencida pela RedeTV. Enquanto isso, os corintianos fecharam com a Rede Globo.

A rivalidade cresceu a ponto de o São Paulo, em seu novo site lançado no início do mês, provocar os corintianos em diversos trechos históricos. O Mundial de Clubes, conquistado pelos alvinegros em 2000, foi intitulado "torneio de verão". O clube do Morumbi ainda se referiu ao Corinthians como "pobre" e provocou sobre o jejum de títulos dos rivais na Copa Libertadores.

Vinte anos de duelos constantes

A rivalidade entre São Paulo e Corinthians deixou o campo de uma simples competição entre equipes da mesma cidade a partir dos anos 90. Em 1990, o time alvinegro venceu seu primeiro Campeonato Brasileiro em final com o rival. A resposta tricolor veio quatro anos depois, quando usou seu time B para eliminar o colega paulistano na semifinal da Copa Conmebol.

A disputa começou a ganhar tons mais sérios enquanto a década se encaminhava para o fim. Raí, de volta da França, veio para disputar a finalíssima do Campeonato Paulista de 1998, algo impossível pelos regulamentos atuais, e não fez feio. Com um gol de cabeça e uma assistência para França, foi decisivo na vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians.

No ano seguinte, porém, na semifinal do Brasileiro, quem brilharia seria Dida. O goleiro defendeu dois pênaltis de Raí no primeiro jogo da decisão e garantiu a vitória por 3 a 2, determinante para a classificação alvinegra à decisão. Era um momento em que o São Paulo buscava títulos de expressão, feito que o Corinthians conseguia, usando jogadores como Marcelinho Carioca, Ricardinho e Vampeta.

O volante foi determinante para que a rivalidade se intensificasse. O folclórico atleta não cunhou o termo "bambi", mas fez com que ele se popularizasse. As provocações de Vampeta ocorreram especialmente em 2002, quando o Corinthians eliminou o São Paulo no Torneio Rio-São Paulo e na Copa do Brasil em um período de 12 dias, ajudando a dar a pecha de "amarelão" aos tricolores.

A vingança são-paulina, porém, não demorou muito. O time do Morumbi construiu a partir de 2003 uma longa sequência invicta sobre o rival, que incluiu o histórico triunfo por 5 a 1 em pleno Pacaembu. Neste período, seis treinadores do Corinthians foram demitidos após derrota no clássico "majestoso".

Atualmente, o tabu está do outro lado. O time alvinegro ostenta longa invencibilidade, que busca ampliar neste domingo. Se o São Paulo conseguiu uma pesada goleada, o Corinthians obteve a eliminação no Paulista de 2009 para se vangloriar, resultado que ajudou a iniciar a fritura de Ricardo Gomes no Morumbi.

O triunfo neste clássico paulistano ajuda a aumentar a moral da equipe vencedora e a dar material para provocações entre torcedores. A derrota, porém, é muito mais séria, a se notar pelo que ocorreu nas duas últimas décadas. No São Paulo x Corinthians deste domingo, ambas as equipes chegam em bom momento, mas é provável que apenas uma siga neste rumo a partir de segunda-feira.

O são-paulino Juvenal e o corintiano Andrés, juntos em 2008: raro momento de dois inimigos de bastidores
O são-paulino Juvenal e o corintiano Andrés, juntos em 2008: raro momento de dois inimigos de bastidores
Foto: Gazeta Press
Fonte: Terra
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