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Presidente de organizada do Palmeiras vira técnico na A3

7 mai 2015 - 19h33
(atualizado às 20h47)
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Se você é palmeirense, você sabe quem é Paulo Serdan. Presidente de honra da Mancha Verde, maior organizada do Palmeiras, e chefe da escola de samba da torcida, o polêmico personagem virou treinador. Exatamente: o ex-mandatário da Mancha entre 1992 e 2005, que também virou conselheiro do clube alviverde neste ano, ajudará como técnico o Atibaia, time que disputa o quadrangular final da Série A3 do Paulista, em três rodadas, além de uma que já foi disputada no último fim de semana.

Paulo Serdan é presidente de honra da organizada Mancha Verde, mas ajuda Atibaia na Série A3
Paulo Serdan é presidente de honra da organizada Mancha Verde, mas ajuda Atibaia na Série A3
Foto: Danilo Carvalho e Thais Aline / AgNews

É bem verdade, Paulo Serdan não assumirá a responsabilidade sozinho. O convite para ajudar no cargo veio através de Leonardo Silvério, vice-presidente de futebol e que também atuará como treinador interinamente. Ambos dividem o trabalho em treinos e à beira do gramado nos jogos após a saída do experiente Luiz Carlos Ferreira. 

“Ele (Paulo Serdan) vai ajudar a trabalhar, a treinar o time. Na verdade, ele sempre ajudou a gente no clube, na diretoria. Agora, como amigo meu, falei: ‘pô, me ajuda aí’ e ele está assumindo aqui o time comigo”, explicou ao Terra o também técnico Leonardo Silvério.

Paulo Serdan ajuda o Atibaia desde 2013. O torcedor-símbolo do Palmeiras é uma espécie de “faz tudo” na diretoria da equipe, mesmo sem ter cargo oficial. A atuação do ex-presidente da Mancha nos bastidores para auxiliar o presidente da equipe, conhecido como Neno, era sabida no interior paulista, mas de maneira extraoficial. A passagem para técnico, no entanto, foi uma grande novidade.

Paulo Serdan aparece com taça da quarta divisão de SP, ao lado de jogadores e dirigentes do Atibaia
Paulo Serdan aparece com taça da quarta divisão de SP, ao lado de jogadores e dirigentes do Atibaia
Foto: Facebook / Reprodução

No futebol paulista, Serdan sempre foi considerado uma figura controversa. Como presidente da Mancha e membro ativo da torcida, o palmeirense carrega na ficha acusações de participações em brigas e episódios de violência envolvendo torcidas rivais. Em 95, no início de seu mandato na Mancha, correu risco de ser expulso da organizada. Em maio de 2014, foi condenado a três anos de reclusão sem poder frequentar estádios. O motivo? Por ter agredido gravemente um técnico do time Sub-14 do Palmeiras em 2007. Agora, ele diz que pode ver o outro lado.  

“(Ser técnico) É uma situação que eu não tinha jamais nem pensado, você sempre do outro lado, cobrando. A vantagem é que a gente pode conversar com os jogadores com a linguagem que a gente sempre cobrou, com a visão de torcedor. Passar o que o torcedor pensa, de que forma a gente gostaria que eles jogassem. essa visão é muito legal porque nem sempre o treinador tem. Está sendo uma experiência gostosa”, afirmou Serdan ao Terra, por telefone.

 A introdução de Serdan no Atibaia veio por causa das categorias de base. Sempre ligado às divisões inferiores – a agressão ao técnico em 2007 foi pelo treinador ter substituído seu filho - e com influência nos bastidores do Palmeiras, o agora dirigente e treinador soube do clube quando a equipe disputou a primeira Copa São Paulo, com jogadores emprestados pelo Palmeiras – alguns deles, inclusive, haviam sido indicados pelo próprio Serdan para o time da capital, segundo o ex-presidente da Mancha. O pai de Victor Luís, atualmente no elenco profissional palmeirense, é próximo de Serdan e foi um dos responsáveis pelo encontro entre o Atibaia e o torcedor.

Atibaia luta pelo acesso na Série A3 do Campeonato Paulista
Atibaia luta pelo acesso na Série A3 do Campeonato Paulista
Foto: Fábio Gianelli/Soccer Digital / Divulgação

Desde então, Serdan, que chegou a chefiar um time de divisões inferiores de São Paulo chamado Atlético de Madrid, criou amizade e passou a “correr junto” com os dirigentes do Atibaia, como ele mesmo diz. A relação ficou ainda maior quando o filho de Serdan passou a jogar no time. Até virar técnico, o trabalho do ex-presidente da Mancha era apenas “político”.

“Como eles são de Bragança (Paulista, cidade distante 25 km de Atibaia) e não tinham tantos contatos políticos, acabei ajudando nisso. Hoje estamos abrindo portas politicamente que não tinham antes. É uma ajuda nos bastidores”, afirmou.

A equipe estava na quarta divisão do paulista em 2013, quando Serdan passou a ajudar o time. Em 2014, o time conseguiu o acesso para a terceira e atualmente o clube briga para subir. O primeiro jogo de Serdan como técnico ao lado de Leonardo Silvério, inclusive, contou com um bom empate por 2 a 2 fora de casa com o Taubaté, no último domingo. A equipe é a terceira colocada do Grupo 2, com dois pontos, dois atrás do segundo colocado. Os dois primeiros sobem para a Série A2. Serdan alega que não ganha dinheiro, trabalha por paixão e consegue dividir o tempo com os assuntos em São Paulo, como o próprio Palmeiras.

Serdan dividirá trabalho de treinador com vice-presidente Leonardo Silveira (foto)
Serdan dividirá trabalho de treinador com vice-presidente Leonardo Silveira (foto)
Foto: Fabio Gianelli/Soccer Digital / Divulgação

“A gente acabou criando uma relação de amizade bem forte. O pessoal é muito humilde e muito gente boa, é gostoso de participar. A gente tem aqui o futebol na essência dele ainda. Eu comecei a desanimar com o futebol com a podridão que você enxerga, aqui a coisa é muito na vontade mesmo. Hoje (quinta) eu tive treino, saí do meu escritório, à noite tenho reunião na Mancha. Vamos nos virando”, explicou.

Apesar de gostar do trabalho como treinador (“a gente fez um jogo contra o Grêmio Osasco em que o time andou em campo. Ainda era outro treinador, mas nós descemos no vestiário pra xingar e já falei a minha visão de torcedor para os caras”), Serdan não prefere continuar na função. Com o acesso para a Série A2 ou não, o ex-presidente da Mancha voltará a cobrar, talvez com atitudes controversas como as que já ficou marcado, do lado de fora do alambrado. E em um hipotético Palmeiras x Atibaia, ele diz que torcerá para o time alviverde, mas ficará feliz com um 0 a 0. 

Fonte: Terra
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