Rebaixado, Afonso aposta na volta dos gols para atrair Dunga
Há treinadores da Seleção Brasileira que ficam marcados por uma convocação. Emerson Leão, por exemplo, é sempre lembrado por ter chamado Leomar, volante do Sport. Afonso Alves certamente é o nome mais criticado entre todos os 74 já listados por Dunga em seus quase três anos no cargo. E teve, em sua primeira temporada completa no Middlesbrough, um desempenho bastante abaixo das expectativas
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Além de ver sua equipe ser rebaixada à segunda divisão do Campeonato Inglês, o que não acontecia há 11 anos, Afonso só marcou quatro gols na competição em 31 jogos disputados. De acordo com lista do jornal Daily Mirror, foi uma das 10 piores contratações da história da janela de transferências de verão na Inglaterra.
Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Afonso explica os fatores pelos quais sua aventura no futebol inglês não foi bem sucedida. Com contrato em vigência, diz que recebeu sondagens do Benfica e de outros europeus, mas prefere aguardar. Além disso, segundo ele, se os gols voltarem a acontecer, Dunga não hesitará em reconduzí-lo de volta para a Seleção.
Confira a entrevista na íntegra:
Terra - Gostaria que você tentasse separar as duas coisas: como analisou seu desempenho e o desempenho do Middlesbrough?
Afonso Alves - Ainda não encontrei meu melhor futebol na Inglaterra. Há um certo revezamento nas escalações e isso atrapalha um pouco a seqüência de jogos. Sou um atleta acostumado a disputar todas as partidas e no Brasil, desde cedo, aprendemos a gostar de participar de todos os jogos.
Sobre o clube, infelizmente, a campanha foi ruim e o rebaixamento se tornou inevitável. Quebrei um dedo do pé e não pude ajudar o time nas últimas rodadas. Sofri aqui no Brasil com o descenso do clube.
Terra - O que acha que deu certo e o que não deu certo com relação a você?
Afonso - Não consegui ter uma boa seqüência de jogos e isso atrapalhou meu desempenho. De qualquer forma, é muito bom para qualquer profissional disputar a principal liga do mundo na atualidade.
Terra - E agora, qual projeção você faz? Permanece para a segunda divisão ou pretende trabalhar em outro clube?
Afonso - Vamos aguardar um pouco para definir essa questão. Já houve sondagens do Benfica e de outros clubes europeus. Meu empresário está na Europa e poderemos ter novidades em breve.
Terra - O que você encontrou de diferente entre o futebol jogado na Holanda e na Inglaterra?
Afonso - Na Inglaterra há mais marcação do que na Holanda, onde se joga praticamente no 4-3-3, com dois pontas abertos. Estou procurando me adaptar a essa nova realidade tática para encontrar meu melhor futebol.
Terra - Qual a expectativa que o Middlesbrough tinha de você?
Afonso - Creio que esperavam que eu mantivesse o desempenho mostrado na Suécia e na Holanda. Porém, o futebol é um jogo coletivo e quando o time vai mal, todos os atletas acabam tendo seu rendimento comprometido.
Terra - Falta um ano para a Copa. Você acha que ainda dá tempo de reconquistar um espaço na Seleção?
Afonso - O Dunga é um técnico muito estudioso e justo. Quando marquei 34 gols em 31 jogos na Holanda, ele me convocou. Na temporada seguinte, tive alguns atritos com a direção do Heerenveen antes da transferência para o Middlesbrough e isso afetou meu desempenho.
Joguei metade de uma temporada na Holanda e outra na Inglaterra. Não fiz pré-temporada. Tudo isso não permitiu que eu repetisse a mesma performance da temporada 2006/2007. A concorrência é muito grande no Brasil, onde há pelo menos 10 jogadores de nível para cada posição na Seleção. Se eu voltar a repetir o sucesso que tive na Suécia e na Holanda, tenho certeza de que o Dunga me chamará de volta.
Terra - Sua convocação ficou marcada por aqui. Acha que foi prejudicado por isso?
Afonso - Sempre reajo com naturalidade às críticas da imprensa. Os jornalistas estão mais focados no que acontece na Inglaterra, na Itália, na Espanha e em Portugal. Fora desse quarteto, a maioria nem sabe o nome dos jogadores que atuam em outras ligas.
Por isso, grande parte da imprensa criticou o Dunga por convocar um jogador que, na época, estava defendendo o Heerenveen, que nem é um time de ponta na Holanda. Essa postura acaba por criar um clima negativo para o jogador.
Apesar de toda a enxurrada de críticas, mostrei meu valor, fui campeão da Copa América e depois fui negociado por uma soma expressiva para o futebol inglês.
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