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Futebol Internacional

Zé Roberto admite frustrações com Seleção e carinho pelo Santos

5 jun 2009 - 17h45
(atualizado às 17h48)
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O torcedor brasileiro esperava muito de Ronaldinho, Ronaldo, Adriano e companhia na Copa do Mundo de 2006, mas o melhor jogador da Seleção Brasileira no Mundial não foi nenhum deles, mas sim Zé Roberto. Àquele momento, em que foi eleito pela Fifa um dos melhores da competição, José Roberto da Silva Júnior acrescentava mais uma passagem vencedora em sua carreira.

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Quatro vezes campeão na Copa da Alemanha, quatro vezes no Campeonato Alemão, campeão na Espanha, na Copa América, no Paulista, Zé Roberto também jogou duas Copas do Mundo, 98 e 2006. Em 2002, vivia o melhor momento de sua carreira, sendo vice-campeão europeu com o médio Bayer Leverkusen. Luiz Felipe Scolari, porém, optou por Ricardinho e Kaká, então um garoto.

Aos 34 anos, Zé Roberto deixou recentemente o Bayern de Munique e, apesar de interesses oficiais de Santos e Corinthians, pretende ficar na Europa, onde certamente ainda tem espaço. Manchester City, por exemplo, quer contar com ele, que diz não ter dado prioridade a nenhum clube brasileiro. "Mas ficou um carinho pelos santistas", admite, citando ainda a Portuguesa, de onde surgiu para o futebol.

Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Zé Roberto também admite frustrações com a Seleção. Pela eliminação precoce na Copa de 2006 e pela ausência em 2002.

Confira a primeira parte da entrevista de Zé Roberto:

Terra - O que não deu certo com o Klinsmann no Bayern?

Zé Roberto - Clube é diferente de seleção, porque tem o convívio diário que o Klinsmann jamais tinha vivido até então. E pegou logo o Bayern, que investe querendo resultado. A cada temporada, são pelos menos três jogadores de ponta e querem o resultado imediato.

Fazia anos que o Bayern não tomava goleadas como tomou, como contra Wolfsburg, Werder Bremen e Barcelona. Isso acabou provocando a demissão dele. A gente sempre assumiu a ponta durante os outros campeonatos, mas nunca ficou em primeiro lugar dessa vez. Tudo isso pressionou muito e, no convívio, conhecendo mais dele, faltou um pouco de maturidade. Isso ocasionou a demissão precoce.

Terra - Você trabalhou com o Felix Magath no Bayern. Como avaliou o trabalho dele no Wolfsburg? Ele é um treinador realmente diferente, duro com os jogadores?

Zé Roberto - Os métodos dele sacrificam muito. Na pré-temporada, a maior parte dos treinamentos são em três períodos e ele exige muito do jogador. Com ele, não tem recuperação após os jogos: já dá logo um treino em seguida e cobra muito.

No primeiro ano, ele já ganhou a Copa e o Campeonato Alemão e no segundo também. No terceiro, foi quando o time caiu. Não acompanhei muito essa temporada porque já estava aqui no Brasil.

Quando retornei, o pessoal falou que ele exigia muito e o resultado dos anos anteriores não se repetiram. Ficar em quarto lugar é inadmissível, porque não jogar a Copa dos Campeões estraga o orçamento de um clube como o Bayern. O Magath me lembra muito o Luxemburgo pelo jeito de trabalhar.

Terra - Você chegou a conversar com o Louis Van Gaal, próximo treinador do Bayern? Ele queria contar contigo?

Zé Roberto - Não tive contato, mas acredito que ele queria, porque a renovação de um ano partiu do clube. Então teve o aval dele.

Terra - Por que não te deram os dois anos de contrato?

Zé Roberto - Não posso dizer o porquê, mas acredito que foi por já terem fechado com o Van Bommel, que era o capitão, por esses mesmos dois anos. É uma política do clube e eles são rígidos com isso.

Terra - Você enfrentou o Barcelona e o Bayern foi massacrado, especialmente na Espanha. O que pode dizer dessa equipe para nós?

Zé Roberto - Não tenho muitas palavras pra descrever (risos). É só ver jogando. E eu que presenciei, digo que é uma equipe que joga hoje em outro nível. Dificilmente perde a bola, então cansa o adversário, é um time estrategista, que segura a bola e espera a falha do adversário.

Terra - Se diz por aqui que você tem um acordo com o Marcelo Teixeira, de priorizar o Santos quando fosse retornar ao Brasil. Por outro lado, também se falou que o Corinthians tinha prioridade com você. Qual é a verdade nisso?

Zé Roberto - Não tenho nenhum acerto, não dei palavra nenhuma de prioridade. Cada um tem que ter sua liberdade, não posso me comprometer com alguma coisa assim. Ficou uma coisa muito positiva com o Santos, mas não tenho motivos para dar a minha palavra a algum clube.

Terra - Vamos falar sobre algumas equipes marcantes em sua carreira. Começando, a Portuguesa de 1995.

Zé Roberto - Nosso time estava mesclado com alguns jovens e outros veteranos. Tínhamos o Zé Maria, o Leandro Amaral que vinha subindo, o Tico e o Roque. Entre os experientes, jogadores como Capitão, Caio, Gallo e o Paulo César, goleiro. Nossa equipe foi formada pelo Candinho e entrou para a história. O que me chama a atenção é conseguir mesclar experientes e novos.

Terra - E sobre aquele encantador Bayer Leverkusen de 2002? Vocês foram vice da Copa dos Campeões, do Campeonato Alemão e da Copa da Alemanha. Marcou muito para você?

Zé Roberto - Era um futebol muito atraente, muito solto. Era um jogo dinâmico, atacando e jogando pelas laterais. Tinha eu jogando pela ponta, o Ballack e o Bastürk, o Lúcio muito bem atrás. Era um time bem montado. Eu destacaria que nos faltou elenco e o cansaço ao fim da temporada pesa demais.

Terra - Em 2007, o Santos, que não foi para as finais da Libertadores por causa do gol sofrido dentro de casa.

Zé Roberto - Nosso time foi formado por um grande treinador. Foi um ano em que o Vanderlei conseguiu montar um forte time e nos encaixamos de uma forma muito rápida. Além de mim, tinha o Reinaldo que havia chegado, Pedrinho veio depois, Marcos Aurélio e Cléber Santana.

O Luxemburgo mudou meu posicionamento, o que me surpreendeu bastante, e fui eleito um dos melhores do Brasileiro em 2007. Também fui convocado para a Seleção e fui artilheiro na Libertadores.

Terra - Sobre a Copa de 2006. Você foi o único brasileiro escolhido entre os melhores e realmente jogou muito bem, fazendo parte de uma equipe criticada. Como se sentiu?

Zé Roberto - Ficou uma frustração. Pelo time que tínhamos e pela expectativa de poder ser campeão do mundo. Ao mesmo tempo, saí feliz, com o meu dever cumprido. Saí sabendo que fiz meu melhor e a recompensa veio, pois fui eleito entre os 23 melhores da Copa. Então foi gratificante, embora tenha ficado o desejo de ter ido mais longe.

Terra - Aliás, em 2002 você estava voando. Não fazer parte daquela Copa também foi uma decepção?

Zé Roberto - Foi o melhor momento da minha carreira, junto com o que vivi no Santos. Eu fiquei fora porque só fui observado em um jogo, junto com o Juan e o Serginho. Só fui avaliado contra a Bolívia, fora de casa, em uma partida em que todos jogaram muito mal. Deveria ter sido mais visto.

Terra - Qual o companheiro que você teve e mais te impressionou positivamente?

Zé Roberto, em ação na Copa do Mundo: grande participação na Alemanha
Zé Roberto, em ação na Copa do Mundo: grande participação na Alemanha
Foto: Getty Images
Zé Roberto -

Tirando os de Seleção, com certeza o Ribéry.

Terra - Até mais que o Ballack?

Zé Roberto -Mais que o Ballack, sim.

Terra - E o marcador mais duro que você já enfrentou?

Zé Roberto - Foi o Jens Jeremies, que parou de jogar há uns dois anos e era do Bayern e eu cheguei a enfrentar quando estava no Leverkusen.

Terra - O melhor treinador que você já teve, quem foi?

Zé Roberto - Tive alguns, mas entre eles, os melhores que eu poderia dizer seriam o Ottmar Hitzfeld (do Bayern) e o Vanderlei Luxemburgo.

Terra - Agora, qual o gol mais bonito e qual o mais importante em sua carreira?

Zé Roberto - O mais bonito foi na época da Portuguesa. Saí arrancando a partir do meio-campo, driblei alguns adversários e chutei no ângulo, de uns 30 metros de distância. Foi no Parque Antártica, contra o Vasco. O mais importante foi o gol final da Copa América de 97, contra a Bolívia.

Fonte: Redação Terra
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