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Itália

Com fuga de craques, Campeonato Italiano assume queda livre

21 ago 2009 - 17h24
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Dassler Marques

Era o primeiro dia de trabalho para Leonardo no Milan. Mesmo assim, o clima não foi de festa e os protestos de torcedores relegaram a chegada do novo treinador a um segundo plano. Insatisfeitos pela venda de Kaká ao Real Madrid, protestaram contra Silvio Berlusconi, dono do clube e primeiro ministro italiano. De fato, eles tinham razão.

Com o início previsto para este sábado, o Campeonato Italiano assistiu à saída de suas duas principais estrelas para outra liga: Kaká chegou ao Real Madrid e, poucas semanas depois, a resposta do Barcelona foi tirar Zlatan Ibrahimovic, maior nome da tetracampeão Inter de Milão. Os dois, além de David Beckham, que retornou para os Estados Unidos após um empréstimo, eram os únicos jogadores em ação na Itália entre os 10 mais bem pagos do planeta.

As respostas de ambos não foram à altura: o Milan, que ainda teve Maldini pendurando as chuteiras, apostará as fichas em Ronaldinho e gastou menos de 20 milhões de euros em contratações. A mais famosa foi a de Klaas Jan Huntelaar, holandês encostado no Real Madrid. A Inter terá Samuel Eto'o, de muito sucesso no Barcelona, mas apenas um contrapeso na negociação com Ibrahimovic.

Pouco apelo

Apesar de ser fanático por futebol, o povo italiano perdeu o hábito de frequentar os estádios, em uma queda de audiência que possivelmente se ampliará com as saídas dos jogadores mais badalados para a Espanha. Não à toa, o Milan registrou uma queda na venda de carnês para a temporada que se inicia, em comparação com o mesmo período em 2008.

Atualmente, o Campeonato Italiano é o quarto em média de público na Europa. Enquanto há em média 42 mil alemães em um jogo da primeira divisão, na Itália o número é bem menor: 24 mil torcedores por partida. O Milan é o único clube do país entre os 10 com melhor índice na Europa.

Outra característica do declínio italiano são os estádios obsoletos: enquanto a Juventus não termina a construção de sua casa, só há duas arenas com o tradicional índice cinco estrelas classificado pela Uefa: San Siro, em Milão, e o Olímpico, em Roma.

Ambos, no entanto, são estatais, o que diminui a margem de lucro e o potencial dos clubes em encontrar outras fontes de renda. A presença modesta de torcedores nos estádios também é explicada pela violência entre os fãs de futebol local, algo ainda não controlado pelas autoridades.

Cientes da perda de espaço, os clubes italianos se reorganizaram para uma divisão mais vantajosa dos direitos televisivos, maior fonte de receita na Europa. A ideia passa por tornar a primeira divisão uma liga independente, que não dependa de dividir os lucros com clubes da Série B.

Apesar de tudo, o futebol na Itália encontra esperança na força institucional dos seus grandes clubes, uma marca inabalável e capaz de realizar uma reconstrução em médio prazo. "Será eternamente valorizado pela grandeza que tem. O Espanhol se tornou mais atrativo no momento, mas isso não tira a importância do Italiano", pondera Juan, zagueiro da Roma e da Seleção Brasileira.

Diego é a grande aposta de clubes italianos para encontrar uma nova estrela
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Foto: Getty Images
Fonte: Redação Terra
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