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Liga dos Campeões

Saiba como Barcelona e Manchester caçam talentos no Brasil

28 mai 2011 - 07h14
(atualizado às 07h37)
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Dassler Marques

Andrigo, a maior joia das categorias de base do Internacional, tem só 16 anos recém-completados. Saiu poucas vezes do País e disputou apenas uma competição com a Seleção Brasileira, mas pode dizer que tem algo em comum com Barcelona e Manchester United, as equipes que decidem a Liga dos Campeões neste sábado em Wembley.

Dois dos clubes europeus que mais caçam talentos no Brasil e em toda a América do Sul, Barcelona e Manchester United têm elementos avançados para monitorar tudo o que ocorre por aqui. Foi assim que souberam do talento de Andrigo, provavelmente antes de vários outros grandes times brasileiros.

Foi em meados de 2010, durante a disputa da Copa Nike em Manchester, que o Barcelona avançou para tentar tirá-lo do Internacional. Com 15 anos, Andrigo era jogador sem contrato profissional, mas preferiu assinar com o clube de seu coração. No torneio inglês, mas de relevância mundial, chamou a atenção do olheiro catalão Guillermo Amor, volante da seleção espanhola na década de 90. Bem antes disso, entretanto, o Manchester já havia realizado investidas sobre Andrigo.

Considerado por especialistas como o melhor jogador brasileiro nascido em 1995, Andrigo é só um exemplo de como os dois finalistas europeus trabalham na prospecção de talentos. Não à toa, os irmãos Fábio e Rafael foram contratados pelo Manchester United com 16 anos. Exemplo parecido com o de Rodrigo Possebon, hoje no Santos, mas cria da base do Internacional.

Manchester United: monitoramento dedicado

"Os gêmeos eram acompanhados há muito tempo. O Fluminense os vendeu cedo por uma baita grana, pois o Arsenal pretendia levá-los sem pagar", contou em condição de anonimato um funcionário do Manchester United ao Terra. "São muitos jogadores monitorados desde cedo e em todo o mundo. Isso inclui Europa, Brasil, México e até Coreia do Sul", explica.

Considerado a contratação mais valiosa dos clubes ingleses na temporada por conta da relação custo-benefício, o mexicano Javier Hernández é um exemplo prático do trabalho de monitoramento realizado pelo Manchester. "Ele foi produto de um dos melhores sistemas de scouts (observação de jogadores) do mundo. Ele foi monitorado, sofreu contusões e por isso não jogou o Mundial Sub-20 (em 2009). Quando virou profissional, arrebentou (no Chivas Guadalajara) e então o Manchester comprou", acrescenta a fonte.

Esse processo de monitoramento, por vezes, também é utilizado como subsídio para uma contratação futura, exatamente como ocorreu com Hernández, o popular "Chicharito". Caso semelhante é o do brasileiro Anderson, que passou pelo Porto até chegar a Old Trafford. Ligado ao Manchester United desde que era um adolescente, Douglas Costa deve ser o próximo caso desse tipo. Destaque do Shakhtar Donetsk nessa temporada, é especulado novamente pelos ingleses por ter se afirmado como profissional.

Se já não bastasse o trabalho de observação em toda a América - recentemente, foi comprado o chileno Angelo Henriquez, de 16 anos -, o Manchester United também tem parceria com a Traffic e seu clube, o Desportivo Brasil. Diversos jogadores do Desportivo têm feito intercâmbio na Inglaterra. O meia Rafael Leão atua na equipe júnior do Manchester, por exemplo.

Barcelona: atenção com o Brasil e o Internacional

É mais tímida a atenção dedicada pelo Barcelona a outros mercados como o futebol brasileiro, mas o clube catalão também segue atento ao que se passa longe de La Masía, a sede de seus categorias de base. Basta ver o grande assédio para que Andrigo deixasse o Beira-Rio no último ano e se juntasse a Messi e companhia.

Treinador do próprio Andrigo no Internacional, Deive Bandeira foi convidado recentemente para uma semana de intercâmbios no Barcelona. Profissionais do clube catalão o questionaram a respeito de uma série de jogadores da base colorada, conhecimento específico que impressionou ao treinador.

Segundo o Terra apurou, o clube catalão guarda segredo, mas possui um observador técnico atento ao futebol de base no Brasil. "O Barcelona tem muito interesse em contratar brasileiros a preço baixo", afirma Martí Perarnau, colunista do jornal catalão Sport e especializado na cobertura das categorias de base barcelonistas.

Talvez pelo fenômeno Lionel Messi, a atenção dedicada pelo Barcelona é maior na Argentina. Em funcionamento desde 2007 na capital Buenos Aires, o FC Barcelona Juniors Luján é uma escola do clube catalão. O modelo de jogo e a filosofia é a mesma que se aplica em La Masía, a sede das categorias de base barcelonistas. A equipe, inclusive, disputa competições sul-americanas.

"Hoje em dia, o Barcelona não está pensando como antes, quando investia em jogadores maiores de 20 anos. É muito mais vantajoso ter garotos de 16", resume Martí. Filhos do tetracampeão mundial Mazinho, Thiago Alcântara (profissional) e Rafael Alcântara (juniores) já militam no clube catalão. Apesar disso, foram observados quando já moravam na Espanha com o pai e só então se juntaram aos azuis-grenás.

Rafael e Fábio pelo Manchester United em 2008: acompanhados havia anos pelos ingleses
Rafael e Fábio pelo Manchester United em 2008: acompanhados havia anos pelos ingleses
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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