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Futebol Internacional

Atleta ex-Palmeiras e Corinthians ressurge no futebol da Chechênia

5 ago 2011 - 09h06
(atualizado às 10h12)
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Dispensado pelo Palmeiras no início de 2011, Ewerthon voltará a disputar, neste sábado, uma partida oficial após mais de oito meses parado. A última vez que o jogador revelado pelo Corinthians entrou em campo foi na eliminação do time alviverde na Copa Sul-Americana para o Goiás, no dia 24 de novembro do ano passado.

Fora dos planos de Felipão, o atacante de 30 anos esperou por propostas. Segundo ele, muitas surgiram, tanto da Europa quanto do Brasil, mas nenhuma agradou. Em meio à indefinição, chegou a treinar no Grêmio Osasco, a convite de Vampeta, para manter a forma física.

Perto do fechamento da janela de contratações europeias, Ewerthon acertou sua volta ao Velho Continente, onde foi bem-sucedido na Alemanha (no Borussia Dortmund) e na Espanha (no Zaragoza). A equipe que o resgatou foi o desconhecido Terek Grozny, da Chechênia.

O clube é um dos hobbies do milhonário megalomaníaco Ramzan Kadyrov e vem sendo usado por ele, que também é o governante da província, para camuflar a situação política da região, palco de duas guerras separatistas nas últimas décadas.

O presidente do clube, conhecido por possuir uma milícia para "calar" seus opositores, reformou o estádio da cidade, trouxe o técnico holandês Ruud Gullit e promoveu amistosos de pompa, trazendo ex-craques do quilate de Maradona, Lothar Matthaus, Figo, Romário e Raí, entre outros.

Ewerthon, alheio à vida política do chefe, está relacionado para estrear contra o Spartak Moscou neste sábado, em duelo válido pela 19ª rodada do Campeonato Russo. O time checheno ocupa atualmente a décima posição.Confira abaixo a entrevista com o jogador:

Ewerthon, qual é a primeira impressão do Terek Grozny? E quando você vai estrear?

Ewerthon - A impressão inicial é boa. Estou bem otimista. Não joguei ainda por conta do calendário, a janela de transferências se fechou na segunda passada. Estou com condições de jogo agora e na expectativa de estrear no sábado, contra o Spartak.

O Terek é um clube que vem investindo muito ultimamente. Contratou o holandês Ruud Gullit como técnico, por exemplo. (Após cinco meses de maus resultados, o ex-craque da Laranja Mecânica foi demitido. Falastrão, Kadyrov acusou Gullit de pensar mais em bares e discotecas do que no time).

Ewerthon - Sim. É um time muito bem estruturado e que acabou de reformar o estádio, que aumentou a capacidade para 30 mil pessoas. Junto do Anzhi, que contratou Roberto Carlos e outros brasileiros, é o maior potencial financeiro da Rússia atualmente.

Quais são as metas do time? E os seus objetivos particulares?

Ewerthon - A meta é classificar para as competições europeias, ou seja, ficar entre os cinco primeiros. Já a minha é voltar a jogar, poder me sentir feliz dentro de campo. É claro que para mim, que joguei muitos anos em centros maiores na Europa e no Brasil, é diferente jogar na Rússia. Mas estou focado e quero trabalhar forte como sempre fiz.

O time conta com mais três brasileiros e você formará dupla de ataque com Rodrigo Tiuí, não é? (O zagueiro Ferreira, sem passagens pelo Brasil, e o meia Maurício, ex-Fluminense, são os outros brasileiros da equipe).

Ewerthon - É verdade. O ambiente é bom, tem alguns brasileiros e isso ajuda bastante. O Rodrigo, além de um grande jogador, está virando um grande amigo. Espero que nosso entrosamento se transforme em gols dentro de campo.

A Chechênia é uma província islâmica e o presidente do seu clube, que também é o governante, é conhecido por tomar medidas autoritárias. Você já presenciou algo do tipo?

Ewerthon - A gente mora e treina em Kislovodsk (cerca de 300km distante de Grozny). Aqui é tudo tranquilo, liberado. Só os jogos que são em Grozny, na Chechênia. Lá tem a cultura muçulmana, é mais restrito e tal, mas nunca vi nada de diferente. Por enquanto.

E o presidente? Ele tem o nome envolvido em algumas polêmicas e é acusado de ser ditatorial. Como é a relação de vocês, jogadores, com ele? Não ficam com medo?

Ewerthon - Não, ele é uma pessoa muito bem humorada, muito simpática. Além disso, não posso confundir política com o cargo dele de presidente do meu clube. A relação, até o momento, com os jogadores foi muito boa. Na verdade, o importante é que ele gosta muito de futebol.

Durante todo este tempo parado, você disse que recebeu várias propostas, porém nenhuma te seduziu. O que faltou?

Ewerthon - Tive propostas da Europa, de permanecer no Brasil, do mundo árabe, mas nenhuma foi tentadora. Além disso, eu vinha de um longo tempo parado da cirurgia no joelho e não estava preparado para uma pré-temporada forte. Preferi, então, esperar um pouco e apareceu esta oportunidade na janela de verão.

O que passa na cabeça do jogador quando fica sem atuar tanto tempo assim?

Ewerthon - É difícil, a gente sente falta de tudo. Tive de ter muita paciência e, por tudo isso, quero voltar a jogar bem.

Teve alguma conversa, alguma proposta para você ficar no Grêmio Osasco?

Ewerthon - Claro que não. Isso foi uma notícia enganosa que veiculou no Brasil. Quero agradecer muito o Osasco, por meio do Vampeta, de ter aberto as portas para eu manter a forma lá, mas não teve nada disso.

Como você avalia sua passagem pelo Palmeiras?

Ewerthon - O Palmeiras foi um período complicado. O time estava há alguns anos sem ganhar títulos e vivendo um momento conturbado, com várias trocas de técnico. Eu cheguei em uma época em que o clube estava se reestruturando, com Diego Souza e Cleiton Xavier indo embora... Fica difícil de avaliar, mas foi uma experiência e já é passado.

Você, apesar dos problemas com contusão e pressão da torcida, se dizia feliz no Palmeiras. Sua ideia era continuar em 2011 ou você desconfiava que seria dispensado?

Ewerthon - Eu tinha contrato de mais um ano. Claro que, para ser sincero, eu não esperava a rescisão. Eu tinha acabado de me recuperar da cirurgia e eles ficavam cobrando: volta, volta, volta. Aí não me colocaram para jogar na reta final e me dispensaram no começo do ano. Foi uma parte que não gostei.

Ewerthon deixou o Palmeiras e ficou sem clube até se transferir para o futebol russo
Ewerthon deixou o Palmeiras e ficou sem clube até se transferir para o futebol russo
Foto: Adalberto Marques / Gazeta Press
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