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Campeonato Russo

Hulk estranha revolta com alto salário na Rússia: "me deixa triste"

15 out 2012 - 07h24
(atualizado às 08h39)
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Fábio de Mello Castanho
Direto do Wroclaw (Polônia)

O ano de 2012 está sendo agitado para Hulk. Ao mesmo tempo em que ganhou espaço na Seleção Brasileira e se firmou como opção de Mano Menezes para a Copa do Mundo de 2014, o atacante teve seu futebol contestado com veemência pelo ídolo Romário e concluiu uma transferência para o Zenit que provocou uma crise no clube. Mas, enquanto as notícias vindas da Rússia indicam uma situação tensa com as reclamações de seu companheiro em relação ao seu alto salário, Hulk conta em entrevista exclusiva ao Terra uma versão menos preocupante de seu início de vida no país.

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"Os jogadores, mesmo sem saber o mesmo idioma, chegavam e tentavam conversar comigo. Perguntavam se eu estava bem, se eu estava gostando. Só teve de estranho o comentário dos dois", contou Hulk, referindo-se a Denisov e Kerzhakov, jogadores que foram afastados do time depois de reclamarem publicamente sobre o salário do reforço contratado por 60 milhões de euros (cerca de R$ 158,8 milhões). "Isso me deixa triste porque é um grupo, e um grupo tem que estar fechado para poder ver resultado. Graças a Deus está melhorando", completou.

A imprensa russa ainda noticiou que haveria um boicote de outros jogadores a Hulk e que uma bomba falsa com o retrato do atacante tinha sido colocada no CT do Zenit. O brasileiro diz desconhecer as duas situações e tenta se afastar da polêmica que provocou até a declaração do presidente do país Vladimir Putin. "Jamais ia ficar no país se houvesse isso", conta.

Assim como quer o fim das polêmicas na Rússia, Hulk diz que a crise com Romário está superada. Em entrevista concedida em Wroclaw, onde se concentra com a Seleção para o amistoso contra o Japão, o atacante conta que não ficou magoado pelo ídolo ter contestado seu futebol e sua transferência para o Zenit e fala sobre a sua relação com o torcedor brasileiro. "Estou sendo mais reconhecido".

Confira a entrevista com Hulk na íntegra:

Terra - Por por ter construído a carreira longe do Brasil seu nome causava estranheza no torcedor nas primeiras convocações. Você acha que hoje os brasileiros já reconhecem seu futebol e querem você na Seleção?

Hulk - Eu acho que estou sendo mais reconhecido através dos jogos do Brasil. Ninguém perde um jogo aqui. Daí acabam conhecendo. Eu joguei por três anos no Japão e o pessoal não vê muito futebol japonês. Depois, joguei quatro anos no Porto, mas o pessoal vê mais a Liga dos Campeões. Daí tinha que me destacar nela para chamar a atenção de todos. Estou cavando meu espaço na Seleção, estou jogando bem. Então espero continuar assim para ficar na Seleção.

Terra - No começo, quando se apresentava à Seleção, você sentia que precisava mostrar mais que os outros jogadores?

Hulk - Lógico. Sem dúvida. Nem por conhecer ou não conhecer. São muitos jogadores de qualidade. Então tem que aproveitar para não sair. Têm muitos querendo entrar, então a gente sabe da concorrência e tem que fazer o máximo para ficar na Seleção.

Terra - Qual você acha que foi a importância daquele gol no Morumbi (o gol da vitória por 1 a 0 diante da África do Sul em 7 de setembro) para essa tentativa de conquistar o torcedor?

Hulk: Acredito que ajudou sim. Sempre quando está fazendo gol, está jogando, está aparecendo mais. O torcedor está vendo e começa a gostar mais. Isso ajuda bastante. Também lá em Recife (amistoso Brasil x China), eu que sou nordestino, fui muito bem recebido. Agradeço ao carinho de todos e graças a Deus correu tudo bem. A cada jogo que passo na Seleção me sinto mais confiante.

Terra - Você chegou a ser mais festejado do que o Neymar lá no Recife. Te surpreendeu?

Hulk - Surpreendeu, lógico. É claro que ia ser bem-recebido por ser nordestino, mas não esperava como foi. Agradeço ao carinho de todos. Sempre que puder carregar o nome do Nordeste, vou carregar da melhor forma possível.

Terra - A sua trajetória na Olimpíada teve uma convocação atribulada por conta da crítica do Romário, um começo como titular, um final na reserva e um mês depois uma transferência para a Rússia. Em algum momento você temeu perder espaço na Seleção ?

Hulk - Não, até porque as oportunidades estão sendo dadas. O Mano está observando, está dando oportunidade assim como aos outros, e eu procuro aproveitar e dar o máximo pela Seleção. Não acho que por ter ido ao Campeonato Russo eu vou sumir. Eu acho que a comissão técnica do Brasil me conhece muito bem e sabe como eu jogo. Tenho certeza que não é porque eu estou na Rússia ou outro país que seja que vão se fechar as portas na Seleção.

Terra - Como é jogar ao lado do Neymar? Realmente você enxerga ele como um jogador fora do comum e no mesmo nível dos grandes nomes do futebol de hoje?

Hulk - É um grande jogador. Tem uma qualidade muito boa e com certeza vai crescer muito e vai ser um grande nome do futebol mundial. Eu acho que já é, mas quando digo que vai ser é em relação ao que o (Cristiano) Ronaldo e o Messi são hoje.

Terra - Agora com Kaká de volta, o ataque da Seleção estreou uma nova formação ofensiva contra o Iraque. Qual é o futuro que você enxerga neste quarteto?

Hulk - Lógico que procuro dar um passo atrás do outro. Não dá para querer dar 10 de uma vez. Tem que ter pés no chão. Correu tudo bem, são jogadores todos de grande qualidade. O Kaká todo mundo já sabe como é. O Neymar é um grande jogador, todos conhecem. O Oscar tem uma qualidade impressionante também. Isso facilita muito. Não dá para dizer que esse vai ser o quarteto da Copa porque tem muito jogador de qualidade que pode entrar no grupo. Faltam dois anos ainda, então tem que pensar jogo após jogo.

Terra - Eu sei que você já falou disso algumas vezes, mas agora que já passou um bom tempo vale perguntar de novo. Ficou alguma mágoa pelas críticas do Romário? O quanto elas mexeram com você?

Hulk - Em nenhum momento me deixou triste. Até porque tem uma frase que todo mundo conhece e eu levo por esse lado: 'críticas não me abalam, elogios não me iludem'. Podem me criticar à vontade até porque as contas de casa quem paga sou eu. Então pode criticar. O Romário todo mundo sabe é um grande jogador, um dos meus ídolos como o Ronaldo Fenômeno. Eu respeito por tudo que ele foi e pelo que ele representou para o País.

Terra - Mas pelas críticas terem partido do Romário, uma personalidade que todo mundo conhece, você se sentiu pressionado para mostrar trabalho ou nem passou pela sua cabeça isso?

Hulk - Na minha cabeça não passou. Lógico que é o Romário e, pelo nome que tem mundialmente, um comentário dele todo mundo vai querer ler, vai querer ver. Mas eu acho que acaba por não influenciar torcedores brasileiros. Como eu disse, em nenhum momento eu fiquei triste porque eu tenho que estar bem para poder fazer meu trabalho. De nenhuma forma depois disso ele vai deixar de ser meu ídolo. Foi meu ídolo e vai continuar sendo meu ídolo.

Terra - Para a gente que está no Brasil, as notícias que chegam da Rússia são um pouco assustadoras sobre a reação à sua contratação no Zenit. Realmente está complicada a sua adaptação fora de campo, mas difícil que esperava?

Hulk - Não tá complicado. Tá difícil porque nos primeiros jogos não conseguimos ganhar. Depois vieram as derrotas e tudo. Mas não houve quase nada do que falaram. Esse negócio de bomba nunca existiu. Se existisse não estaria mais lá. Com certeza teria ido embora. Fui muito bem recebido. O que me deixou triste foi os jogadores terem sido afastados por ir a público falar uma coisa e nem eu sei o que falaram direito. Fiquei sabendo pela imprensa brasileira quando comecei a ler. Isso me deixa triste porque é um grupo, e um grupo tem que estar fechado para poder ver resultado. Graças a Deus está melhorando. Tenho certeza que eles logo vão voltar a jogar e nos ajudar.

Terra - Algum jogador do elenco já conversou pessoalmente com você dando apoio ou explicando o motivo da reação?

Hulk - Não chegou ninguém para falar mal nem para falar bem. Eu achei estranho também que quando cheguei fui bem recebido. Os jogadores vinham, mesmo sem saber o mesmo idioma, chegavam e tentavam conversar comigo. Perguntavam se eu estava bem, se eu estava gostando. Só teve de estranho o comentário dos dois. O Denisov e o Kerzhakov. Kerzhakov ele já voltou, está conosco e nos ajudou, espero que o Denisov volte também para acabar essas notícias e começar a vir os resultados positivos para o Zenit.

Terra - Então a história da bomba falsa com a sua foto não existiu?
Hulk - Não, não existiu. Se existisse teria pegado a minha família e ido embora da Rússia. Isso nunca existiu. Se existisse uma coisa desta, seria assustador. Jamais ia ficar no País se houvesse isso. Fui bem recebido pela diretoria, pela comissão técnica e pelos jogadores. Acho que não teve nada disso.

A sua família que ficou no Brasil (pai e mãe. Sua mulher e filho já estão na Rússia) ligaram assustadas?

Hulk - Não. Eu nem sabia de nada disso, cheguei na concentração e o Bruno Alves (companheiro de Zenit) abriu o site e me mostrou. Eu disse não estou sabendo disso não. Daí chamamos o tradutor e ele falou a mesma coisa. Comunicamos a diretoria e nos disseram que nunca existiu isso, que iam entrar com processo com quem escreveu aquilo. Então não sei o que aconteceu. Até porque ninguém comentou nada comigo, está todo mundo bem e tal. Então acho que até que eu saiba não houve nada disso.

Terra - Especificamente sobre a questão do salário, o clube chegou a falar com você e dar apoio?

Hulk - O diretor chegou a falar comigo. Para eu ficar tranquilo, mas nada de negócio de salário não. Falaram só negocio de resultado. Ele viu que eu estava querendo o máximo, fazendo gol e tudo, mas as vitórias não estavam vindo.

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Foto: Reuters
Fonte: Terra
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