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Ex-presidente da CBF Marin e membros da Fifa são presos na Suíça em investigação de corrupção

27 mai 2015 - 15h32
(atualizado às 15h44)
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Sete dos dirigentes mais poderosos do mundo do futebol, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, podem ser extraditados para os Estados Unidos para enfrentarem acusações de corrupção após serem presos nesta quarta-feira na Suíça, onde as autoridades anunciaram ainda uma investigação criminal sobre a escolha das sedes das duas próximas Copas do Mundo.

Foto de arquivo do ex-presidente da CBF José Maria Marin. 02/12/2014
Foto de arquivo do ex-presidente da CBF José Maria Marin. 02/12/2014
Foto: Jorge Adorno / Reuters

O esporte mais popular do planeta mergulhou no caos depois que autoridades norte-americanas e suíças divulgaram inquéritos separados sobre as supostas irregularidades na Fifa.

Autoridades dos EUA declararam que sete dirigentes do futebol e cinco executivos dos ramos de mídia e marketing esportivo enfrentam acusações de corrupção envolvendo mais de 150 milhões de dólares em suborno.

Marin, que presidiu a CBF de 2012 a abril deste ano e foi o presidente do comitê organizador local da Copa do Mundo de 2014, está entre sete dirigentes da federação internacional presos em Zurique. Atualmente, ele ocupa um cargo no comitê organizador dos torneios olímpicos de futebol da Fifa e uma das vice-presidências da CBF.

Em nota, a CBF disse que os acontecimento na Suíça são "graves", mas vai esperar a conclusão da investigação sem fazer qualquer julgamento. [nL1N0YI16C]

O suíço Joseph Blatter, presidente da Fifa, não está entre os indiciados, mas a lista inclui vários subordinados diretos dele na hierarquia da entidade.

Quatro pessoas já se declararam culpadas de várias acusações, entre elas o empresário brasileiro José Hawilla, dono e fundador do grupo de marketing esportivo Traffic, segundo o Departamento de Justiça. Em acordo fechado em dezembro do ano passado com a Justiça dos EUA, Hawilla aceitou devolver 151 milhões de dólares, sendo 25 milhões de dólares pagos no momento de sua confissão, segundo nota do departamento.

"CULTURA DE CORRUPÇÃO"

A sede da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) em Miami, na Flórida, foi revistada nesta quarta-feira, segundo o Departamento de Justiça.

“Como dito no indiciamento, os réus fomentaram uma cultura de corrupção e ganância que criou um campo de atuação desigual para o maior esporte do mundo”, disse James Comey, diretor do FBI. “Pagamentos secretos e ilegais, propinas e subornos se tornaram uma maneira de fazer negócios na Fifa”.

Os dirigentes da Fifa parecem ter caído em uma cilada armada pelas autoridades norte-americanas e suíças. As prisões foram feitas de madrugada em um hotel de luxo de Zurique, o Baur au Lac, onde os dirigentes da federação estão se hospedando para a eleição presidencial desta semana.

A Fifa classificou as prisões como “um momento difícil”, mas afirmou que Blatter irá manter sua candidatura a um quinto mandato e as próximas Copas do Mundo ocorrerão segundo a programação em Rússia e Catar.

O Departamento de Justiça dos EUA nomeou os presos como: Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, o vice-presidente da Fifa, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel, além de Marin.

O ex-jogador da seleção brasileira e atual senador Romário (PSB-RJ) elogiou autoridades dos EUA e da Suíça pela operação.

"Muitos dos corruptos, ladrões que fazem mal ao futebol foram presos, inclusive um dos maiores do país no que se refere ao esporte, que se chama José Maria Marin. Infelizmente não foi a nossa polícia que prendeu, mas alguém tinha que prender um dia, ladrão tem que ir para a cadeia", disse Romário em audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. [nL1N0YI10T]

Perguntada sobre a investigação em entrevista coletiva durante visita à Cidade do México, a presidente Dilma Rousseff disse que será benéfica para o futebol brasileiro e que ajudarão a profissionalizar o futebol.

No caso do Brasil, as investigações incluem, por exemplo, contrato de patrocínio da seleção brasileira com uma empresa norte-americana e a negociação dos direitos comerciais da competição de clubes Copa do Brasil, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA.

PROPINAS DE US$150 MILHÕES

De acordo com o departamento, entre os acusados do grande esquema de corrupção estão executivos de marketing esportivo norte e sul-americanos que supostamente pagaram e concordaram em pagar “bem mais de 150 milhões de dólares em subornos e propinas para obterem direitos lucrativos de mídia e marketing para torneios  internacionais de futebol”.

“O indiciamento alega corrupção desenfreada, sistêmica e enraizada tanto no exterior quanto aqui nos EUA”, disse a procuradora-geral Loretta Lynch em um comunicado. “Isso se estende pelo menos por duas gerações de dirigentes de futebol que, como alegado, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propinas”.

A Fifa tem uma renda de bilhões de dólares, a maior parte vinda de patrocínios e direitos de transmissão televisiva para Copas do Mundo.

Há tempos a entidade vem sendo assolada por relatos de corrupção, que afirma investigar internamente, mas até agora escapou de grandes acusações criminais em todos os países. Foi especialmente criticada por autoridades ocidentais a decisão de conceder uma Copa do Mundo ao Catar, pequeno país desértico sem tradição no futebol.

À parte da investigação norte-americana, promotores suíços disseram ter iniciado seu próprio inquérito criminal contra pessoas não identificadas suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro relacionadas à concessão dos direitos de sediar os Mundiais de 2018 e 2022.

A maioria dos dirigentes presos está na Suíça para o Congresso da Fifa, no qual Blatter está sendo desafiado pelo príncipe jordaniano Ali bin Al Hussein na eleição presidencial de sexta-feira.

(Reportagem adicional de Katharina Bart, em Zurique; Curtis Skinner, em São Francisco; Karen Freifeld, em Nova York; Mark Hosenball, em Washington; Ian Ransom, em Melbourne; e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

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