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Federação dos Atletas vai à justiça contra a Fifa por horário de jogos no calor

16 mai 2014 - 14h50
(atualizado às 17h54)
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A 27 dias da Copa do Mundo, a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol veio a público para anunciar que irá entrar com uma ação judicial contra a Fifa na segunda-feira, 19, pedindo a alteração do horário de jogos da Copa do Mundo que estão marcados para as 13h e as 15h na cidades-sede das regiões norte, nordeste e centro-oeste.

A decisão da entidade que representa os jogadores de futebol é fruto de um estudo realizado pela Fenapaf, que mediu a temperatura interna de jogadores em quatro partidas disputadas nas mesmas condições que ocorrerão nas cidades de Manaus, Fortaleza, Brasília e São Paulo. O resultado dos estudos é preocupante e apresenta riscos de vida para os atletas, diz o médico Turíbio Leite. A Fenapaf alega que o estudo é inédito no mundo do futebol. A Fifa foi procurada pelo LanceNet! para informar sobre a realização desse tipo de testes e não respondeu a tempo da publicação desta matéria. Porém, em fevereiro de 2006 o British Journal of Sports Medicine já publicou um estudo similar.

- É a primeira vez que se mede a temperatura interna dos jogadores durante uma partida. E os resultados são preocupantes. Cada jogador responde de maneira particular à exposição ao calor, e isso independe de sua condição física. E observamos que, nas condições simuladas, muitos jogadores tiveram sua temperatura interna acima dos 40 graus. Isso pode causar lesões neurológicas que podem levar ao coma ou até ao óbito - explicou o médico responsável pelo estudo, doutor Turíbio Leite.

Segundo Leite, as medidas anunciadas pela Fifa para a segurança dos jogadores é insuficiente. A entidade que organiza a Copa do Mundo decidiu que um termômetro - avaliado em R$ 1,6 milhão - vai emitir uma sinal para o árbtiro da partida a partir de certa temperatura, e então o juiz pode decidir por uma parada técnica, quando os jogadores poderiam se hidratar e diminuir a temperatura do corpo.

- A hidratação atenua o problema da temperatura, mas não é suficiente. Mesmo coma hidratação e parada técnica, tivemos casos de jogadores que continuaram acima dos 40 graus e alegaram mal estar. E devemos cosiderar que são jogadores locais, acostumado ao clima, não europeus - disse Turíbio.

Ainda segundo o médico da Fenapaf, a decisão pela parada técnica não deveria ser delegada ao juiz da partida, e que os jogadores tendem a subestimar os sintomas, o que colocaria em xeque a efetividade do modelo proposto pela Fifa. Outro fator que reforçaria o estudo são as reclmações referentes ao mal-estar pelo calor reportadas de jogadores europeus durante a Copa das Confederações, em 2013.

FIFA NOS TRIBUNAIS BRASILEIROS

O presidente da Fenapaf e membro da FIFPro (entidade mundial dos atletas de futebol), Rinaldo Martorelli explicou que a entidade apresentou os resultados do estudo para a Fifa há mais de uma ano, e que a entidade resolveu ignorar as informações. Além disso, o presidente foi intimado pelo Ministério Público do Distrito Federal, em março deste ano, à tomar alguma atitude.

- Entreguei o estudo nas mãos do Joseph Blatter (presidente da Fifa) e nada de resposta. E isso é uma questão que eu, como representante dos atletas no Brasil e no mundo, não posso deixar passar. Ainda mais por que se um jogador morrer em campo, quem paga a indenização é o estado brasileiro, e não a Fifa. Essa questão transcende o desporto. - disse o presidente.

Após as negativas da Fifa, o presidente Rinaldo Martorelli decidiu que a única saída seriam os tribunais. O advogado responsável pela ação, Eduardo Novaes diz que a Justiça brasileira tem plena condição de obrigar a Fifa a mudar o horário desses jogos.

- Colocar jogadores em risco é um desrespeito à constituição, e o judiciário brasileiro tem plena capacidade de multar a entidade e obrigá-la a mudar os horários dos jogos. Por que essa questão não é só da Copa, é uma problema trabalhista e em última instância um problema de Estado. Segunda-feira vamos protocolar essa ação, e a partir daí está nas mãos da Justiça brasileira. - explicou o advogado.

Fonte: Lancepress! Lancepress!
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