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Futebol americano: uma temporada 'já deixa anomalias no cérebro'

1 dez 2014 - 18h11
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A participação em apenas uma temporada de futebol americano já foi suficiente para fazer com que fossem detectadas anomalias no cérebro de adolescentes nos Estados Unidos, segundo um novo estudo apresentado à Sociedade Radiológica da América do Norte.

Apesar do jogadores não terem sofrido concussões neste período, os cientistas encontraram anomalias semelhantes aos efeitos encontrados em quem sofreu pequenos traumas no cérebro.

A pesquisa teve a participação de 24 jogadores com idades entre 16 e 18 anos.

Aparelhos colocados em seus capacetes mediram os impactos sofridos na cabeça. Os cientistas também escanearam os cérebros dos voluntários antes e depois da temporada, e puderam, assim, identificar pequenas mudanças na massa branca do cérebro.

Esta massa contém milhões de fibras nervosas que funcionam como "cabos" que conectam as diferentes regiões do cérebro.

Os jogadores que sofreram os impactos mais fortes ou passaram por isso mais vezes tinham uma maior probabilidade de apresentar mudanças cerebrais depois da temporada acabar.

Danos reversíveis?

Alex Powers, coautor do estudo e neurocirurgião pediátrico no Wake Forest Baptist Medical Centre, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, disse que as alterações foram um resultado direto dos impactos sofridos pelos jogadores.

"Futebol americano é um esporte de alto contato. O objetivo é derrubar as pessoas", afirmou Powers. "Quando os jogadores são atingidos, seu cérebro se move violentamente dentro do crânio. Quanto mais forte o impacto, mais o cérebro se mexe."

Ele explicou que as alterações encontradas não podem ser chamadas de "danos cerebrais", porque ainda não se sabe se elas são reversíveis ou não.

A próxima meta do estudo é descobrir em que estágio de seu desenvolvimento o cérebro está mais vulnerável para, assim, tornar esportes de alto contato mais seguros.

Antonio Belli, professor de neurocirurgia da Universidade de Birmingham, disse ser grande o interesse em torno destes danos ao cérebro, mas adverte que mais pesquisas precisam ser feitas para entender suas consequências.

"O júri ainda não se decidiu: há certas mudanças que são detectáveis, mas ainda não sabemos o que elas significam", disse Belli.

"Podem ser inofensivas para a maioria das pessoas, mas podem ser importantes em pessoas que tenham sofrido lesões na cabeça anteriormente."

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